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Confessionais

Como educar com sabedoria entre rotinas e propósito, à luz da fé cristã

Publicado em 04 de agosto de 2025

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Chronos e Kairós o equilibrio da educação cristã.

No Poliedro, acreditamos que a educação cristã floresce quando se equilibram conhecimento, valores e sensibilidade ao tempo em que vivemos. Educar é também discernir o que realmente importa — e, nesse caminho, saber reconhecer os momentos oportunos para ensinar, acolher e despertar propósito.

Dando continuidade à nossa série de conteúdos voltados às escolas cristãs, temos a alegria de compartilhar mais uma reflexão da prof.ª Edile Fracaro Rodrigues — doutora em Teologia, mestre em Educação pela PUCPR e com mais de 40 anos de experiência em contextos formais e não formais de ensino.

Leia também os demais conteúdos da série:

Neste conteúdo, a autora aprofunda a discussão sobre como lidamos com o tempo no processo educativo, à luz de dois conceitos centrais: Chronos, o tempo das rotinas, e Kairós, o tempo do propósito — uma inspiração para educadores e famílias que desejam priorizar o que realmente transforma.

Esperamos que este conteúdo fortaleça ainda mais o compromisso com uma educação que une fé, sabedoria e presença. Boa leitura!

Chronos Kairós: os dois sopros do tempo

Prof.ª Edile Fracaro Rodrigues

Olá, Comunidade Poliedro! Espero que as reflexões que venho fazendo com vocês tenham sido proveitosas.

Certamente, você ouviu de seus avós que no tempo deles “não era assim”. Ou então: “No meu tempo eu respeitava meus professores”. Essas frases nos fazem refletir: Era mais fácil ser pai, mãe ou professor nos tempos de nossos bisavós e avós? Seria isso saudosismo? Ou realmente as mudanças tecnológicas e a rapidez das informações tornaram as relações familiares e escolares mais complexas?

“Cada geração tem seus dilemas e estratégias para resolvê-los. E o desafio do nosso tempo é equilibrar prioridades e tempo.”

Como professora universitária, vejo estudantes se perdendo no tempo e nas agendas, com esquecimento de entregas, além de questões emocionais ligadas à administração do tempo, pelo qual agora são integralmente responsáveis. Recentemente, um colega da instituição em que atuo perguntou em aula: Quanto tempo vocês ficam no celular? E a resposta foi em torno de 12 horas. Assustador, não é mesmo? Trago esses exemplos como forma de prevenção, para que eduquemos nossos filhos com sabedoria.

Contudo, as questões da existência humana continuam as mesmas pelos séculos dos séculos: Quem sou? De onde vim? Para onde vou? Assim, apesar dos avanços tecnológicos e das mudanças constantes, para comunicar a fé cristã de modo eficiente é preciso conhecer e entender as formas de pensamento da nossa geração (Schaeffer, 2014), mas entendendo os anseios e dúvidas que permanecem de geração em geração.

 

Administrar o tempo ou as prioridades?

Relacionamos a ideia de tempo com cronômetro. É importante ressaltar que Cronos (com “o”) é o titã associado à passagem do tempo, frequentemente representado com uma foice e conhecido por sua natureza implacável e devoradora, simbolizando o tempo que tudo consome. Na mitologia grega, Cronos, por medo de ser destronado — como ele destronou seu pai, Urano —, devorou seus próprios filhos.

“O tempo é cruel, não é mesmo? Passa rapidamente quando  gostamos do que estamos fazendo e dolorosamente lento quando estamos com uma tarefa que não nos agrada.”

Chronos (com “h”) é uma entidade primordial, representando um tempo mais amplo e abrangente, que inclui passado, presente e futuro, e até a própria eternidade, sendo considerado um poder superior aos próprios deuses olímpicos.

Esclarecida a questão etimológica, passemos para um semideus na mitologia grega, Kairós, filho de Zeus e neto de Cronos; Kairós jamais teve por objetivo dominar o mundo. Ou seja, não se preocupou em ocupar o lugar do seu pai.

Kairós refere-se ao momento oportuno, ao instante certo para algo acontecer. É um conceito que se distingue de Chronos, que representa o tempo cronológico e quantitativo. Kairós é o tempo da qualidade, da oportunidade, do momento significativo que pode mudar o curso de algo.

 

Os dois sopros do tempo

Mas será mesmo o tempo o maior vilão? Observo que a maior dificuldade do homem contemporâneo não está em gerenciar o tempo, mas em definir as prioridades que guiam sua vida. E se não forem estabelecidas prioridades, seremos consumidos pela culpa e pela sensação de incompetência.

Vivemos sob o sopro de Chronos, o tempo cronológico que rege nossas rotinas — horários escolares, compromissos familiares, tarefas diárias. Mas também sob o sopro de Kairós, termo que o apóstolo Paulo utiliza para se referir ao tempo de Deus, a oportunidade de experimentar a graça divina e realizar a sua vontade (Efésios 5.15-16; Efésios 6.18; 2 Coríntios 6.2). Paulo nos convida à vigilância e à ação no momento certo, aproveitando as oportunidades que surgem.

Podemos associar Chronos a EDUCARE (rotinas intencionais de nutrir com amor e fé) e Kairós a EDUCERE (momentos de despertar propósito).

É em Kairós, o tempo de Deus, o momento oportuno cheio de propósito, que encontramos sentido para educar nossos filhos. Como pais e professores, somos chamados a equilibrar esses dois sopros do tempo.

“A educação não é instantânea, demanda tempo e disposição, em qualquer tempo.”

Somos chamados a priorizar o que realmente importa. Que tal um jantar especial em família? Mesmo que breve e simples, pode ser um Chronos de amor, em que a criança (adolescente ou jovem) se sente aceita, e um Kairós quando ela compartilha um sonho ou uma dúvida espiritual.

E na escola? Poderia ser uma aula sobre os benefícios da paciência (EDUCARE), mas também com criatividade (EDUCERE), elaborar um projeto para que os estudantes explorem seus interesses em prol da comunidade.

 

Uma parceria de sucesso

A educação não é apenas sobre preencher o Chronos com tarefas, mas sobre reconhecer o Kairós em cada criança, em cada filho. Quando escolhemos priorizar o amor, a fé e os dons de nossos filhos, transformamos o tempo em um ato sagrado. Como família e escola, somos chamados a ser um terreno fértil, onde o Chronos nutre e o Kairós ilumina.

É nesse momento que a parceria entre escola e família entra em ação. A instituição de ensino tem o domínio dos saberes do desenvolvimento cognitivo e metodologias que privilegiam uma aprendizagem significativa. À escola compete a responsabilidade de oferecer um ensino de qualidade, com conteúdo relevante e atualizado, preparando os alunos para serem cidadãos conscientes, capazes de exercer seus direitos e deveres com responsabilidade.

A família é responsável por transmitir valores, princípios cristãos, éticos e morais, e acompanhar o desenvolvimento escolar, auxiliando nas tarefas, incentivando o estudo e criando um ambiente propício para o aprendizado em casa.

Com a inspiração do Espírito Santo e à luz da Palavra de Deus, desejo que as famílias do Poliedro Sistema de Ensino possam viver esses dois sopros com muita sabedoria.

Para refletir: Como podemos, em nossa família e escola, usar o tempo diário para amar e ensinar a fé, enquanto abrimos espaço para nossos filhos descobrirem o que Deus colocou em seus corações?

 

REFERÊNCIAS

BÍBLIA. Nova Versão Internacional (NVI). Disponível em: https://www.bibliaonline.com.br. Acesso em: 2 jul. 2025.

SCHAEFFER, Francis. A morte da razão. Viçosa: Ultimato, 2014.

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  • Gestão Escolar

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