#: locale=pt ## Tour ### Description tour.description = Arte & Cultura ### Title tour.name = Poliedro ## Skin ### Multiline Text HTMLText_25738E0C_3D29_99C3_41CC_E1354BBF92D1.html =
“Esta galeria tem fins educacionais, sem interesses comerciais.”
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Não tinha, mas tinha esperança
Vinícius Cibinel
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Em meio à pandemia,
Período que traz tristeza
Tristeza da dona Teresa
Nem comida tinha mais na mesa
De problema ela já estava cheia
Perdeu seu emprego
Tirou seu sossego
Foi no desespero
Juntou tudo que tinha
Ganhando e vendendo latinha 
Comprou o básico, óleo e farinha
O que faltava ganhou de doações
.
Morava em favela
Fundo da cidadela 
Inspirada em Mandela 
Tinha esperança 
Não ganhava muito
Catava reciclagem
Era quase hora de viagem
Para ganhar uma “merrecagem”
Depois do trabalho exaustivo
Pegou várias folhas de papel de pão e escreveu um livro
Dona Teresa em seu livro
Com muito alvor.
Dedicava aos leitores. Não importava
Em que situação se encontrava
 Trabalhe e lute para conquistar
A luz da esperança não pode se apagar.
Na última página do livro de dona Teresa, estava escrito:
Nem sempre é fácil.
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Pedro Pescador
Rodrigo Vasques Boczar
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Pedro dependia da pesca
Pra se sustentar
Muitos diziam que Pedro
morava no mar
Com sono chegava
Às duas e meia no cais
Pois sua mãe era viúva
Há dois anos ou mais
Mesmo sofrendo com
Toda a situação
O menino nunca fechou
Seu coração
Ele encontrava consolo
Nos braços da moça
Vendo que enfim sua dor
Podia passar
Anos depois o rapaz
Que vivia da pesca
Já não olhava da mesma
Maneira pra tudo
Aquele mar que assustava
Até os adultos
Tornava-se aos olhos de Pedro
A alma do mundo
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Tempos difíceis
Ana Clara Guimarães Sardá
Colégio Policial Militar Feliciano Nunes Pires - Florianópolis/SC
Em tempos de crise,
Pensamentos obscuros possuem a mente,
Se presenciar um crime, avise,
Se quiser viver apenas, tente.
Pessoas são mortas por amar,
Mulheres são machucadas por não obedecer,
Em tempos de que "eu te amo" virou cumprimento,
Nossas crianças preferem não crescer.
Mas mortos aparecem,
Como achar esperança nisso?
Parece que para viver tem que merecer,
Hoje só é valorizado o branco do cabelo liso.
Manifestações pelos direitos,
Pessoas se revoltando pelo próximo,
Hoje só nos resta cuidar dos nossos.
htmlText_06CBCFC2_3E60_4B59_41B4_E9324C0C3B6E.html =
O sol, o riso e a esperança
Maria Eduarda dos Santos Soares
Colégio Progressão - Pindamonhangaba/SP
O sol entra pelas janelas
Ilumina o quarto, ilumina a alma
Ilumina o pensamento já perturbado
Que nos menores gestos busca a calma
A solidão encontrou seu caminho
No momento em que a liberdade foi tirada
E assim,
Em um estalar de dedos,
Cessaram-se as risadas
Risadas que agora voltam a aparecer
Lentamente, o sol as traz de volta
O sentimento repentino de esperança
No coração causa uma reviravolta
O choro desesperado deixado para trás
Uma nova razão para levantar
Um novo compromisso com o mundo todas as manhãs
Agora é tempo de esperançar
htmlText_06CC2FC9_3E60_4B6B_41A3_F527FD7F2134.html =
Casinha Velha com Duas Janelas 
Herbert Hamilton Gonçalves Teixeira Mendes 
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Casinha Velha com Duas Janelas 
Herbert Hamilton Gonçalves Teixeira Mendes 
Ali tinha uma casinha velha
Quase na beira da estrada
Hoje está abandonada, que pena que dá!
Ali morava minha felicidade
Irmão e mãe, que saudade
Lá no céu foram morar.
Ali no terreiro
Fui entrando em desespero
Sem ninguém para conversar.
Ali senti a minha vida transformada
Olhando a minha casa fechada
Não pude mais suportar.
Ali fiquei doente
Não consegui mais cuidar
Quebraram porta e janela, mas em pé ainda está.
Ali me lembro da vozinha
Com todo o seu jeitinho
Olhando a janela, sentada no sofá.
Ali aquela cena se repetia
Ela com a mão no rosário
Sempre a rezar.
Ali na cozinha quase encostada
A velha geladeira
Foi o que puderam comprar.
Ali estava o caldeirão cor de prata
Com o puro leite com nata para eu tomar
Casinha velha de tão boas lembranças.
Ali a vizinhança vinha para rezar
Vaso enfeitado com três santos, santos padroeiros
No seu pequeno terreiro, vinham todos festejar.
Ali a tradição vinha sempre a retomar
Pipoca, amendoim e o quentãozinho afamado
Todos queriam provar.
Ali tinha moços, crianças e velhos
Todos faziam seu gosto
Já que a paz estava lá.
Ali a mamãe de sorrir não parava
Dizendo aos convidados
"Muito obrigada", que juntos rezavam.
Ali a casinha não saía do pensamento
Só me lembro dos bons momentos
Boas lembranças me traz.
Ali era para recordar
Das antigas moradias com todas as famílias
Onde tinha união e paz.
Sei que um dia desse mundo eu vou embora
Deixo gravada esta história
De um tempo que ainda esperanço voltar:
A foto da pura simplicidade.
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No meio do caminho tinha uma tempestade
Carolina Moraes Pereira
Colégio Oficina - Joinville/SC
Em meio uma tempestade
enfrentando a dificuldade
é difícil 
porém não impossível
ter esperança
como uma criança
em noite de Natal
esperando São Nicolau 
apesar de ter sido mau
esperançar
como disse Paulo Freire
é não esperar
é ir
e insistir 
sem se importar
com o falar
é acreditar
no bem
mesmo sabendo
que há o mal também.
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Luta por princípios
Leonardo Shoji Ishiy 
Arancuã - Sidrolândia/MS
A forte alvorada resplandece no tíbio luar
Ressoando um aviso em sua claridade tênue
Não há de ser fútil que eu continue
Batalhando para o palco melhorar.
A estrela concebe seu ponto zênite comigo de mãos atadas
Queimando minhas pupilas em meio ao cenário praiano
Os Alguns murmuram com a face coberta por um pano
Enquanto aguardo as sentenças que a mim estão fadadas.
Minha luta se pagou com o olhar incrédulo dos Alguns
Após as minhas últimas experiências com a areia macia
Reparo como a brisa dos mares gentilmente me acaricia
Esvaio-me por instantes sem pensamentos comuns.
No horizonte ouço os aplausos de pontos fúlgidos
Se multiplicando com o lusco-fusco efervescente
Finalmente fecho meus olhos com uma certeza em mente:
Não há esperança sem ter seus princípios cumpridos.
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Mais amor, por favor
Carlos Tadeu Maran Furtado
Colégio Nossa Senhora do Sagrado Coração - São Paulo/SP
Hoje em dia,
Não existe mais amor.
Mas sem amor, o que será de nós?
Então mais amor, por favor.
A vida é uma longa estrada
Então vamos espalhar a esperança
E acabar com o ódio que se propaga
Pois desta vida
Não levamos absolutamente nada
O que importa nesta vida
É o amor e a esperança
O planeta Terra dominarem
O que é o amor?
Ele vale mais que o ódio?
Essa pergunta
Nos leva a um lugar sem rumo
Porque se existe confiança
Pro amor
Pra paz
Ainda existe confiança!
htmlText_06CD3FC8_3E60_4B69_41BA_5415365E7EA0.html =
Carta aberta ao meu futuro, eu não quarentenado
Isabela Rodrigues Ribeiro
Colégio Progressão - Pindamonhangaba/SP
Agosto, século XXI
Ao acordar percebi que era só mais um
Meses se passaram de forma incomum
Sigo no mesmo lugar
Questionando onde posso encontrar meu ser poético
Não me ache pessimista
Mas o que fazer quando o lógico te faz questionar o cósmico?
É impossível negar o óbvio
Me perco criando meus próprios mistérios
Caro leitor;
Não te peço que me leve a sério
Mas entenda que cada verso será como uma súplica
Vazia por mim e livre de estética
Estrutura pragmática
Entretanto, poética
Percebeu que toda esperança é recorrente?
Tente entender que ela vai além do salário que acaba de cair em sua conta-corrente
Tudo aqui consegue ser incoerente
Eu poderia vir aqui e lhe dizer lindas coisas
Mas o ato de ser a esperança é mais forte que isso
Esperança é muito superestimada
Ela também enfrenta crises
Mas se mantém de pé
Sendo a maior resistência contra a impotência
Fonte de persistência
A vida ainda está em porte teu
Não seja como eu
Ressignificar é um lindo verbo
Faço questão que esteja em um de meus versos
Conhece o peso de humanizar questões humanas?
Dar um novo significado
Não só por estar quarentenado
Há anos não via quem estava do meu lado
Um “bom dia” não dado
O "boa noite, benção mãe" esquecido
De fato
Estamos fadados ao fracasso
O passado ainda é o que motiva o presente
E no fundo
Tudo está conectado!
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Cisma
Jady Theodoro Silva Lage
Fide - Itabira/MG
Minto que é culpa delas
Que o brilho me cega
A presença me perturba
Luzes brancas estragam uma paisagem
Há muitos insignificantes
Sento
Aguardo
E de novo, nesse ciclo vicioso
Me decepciono
Por uma imaginação destinada ao fracasso
As ruas vão escurecer
Quando
Vou olhar as sombras dos faróis no asfalto
E o frio, congelando meu corpo
Aumenta meus batimentos
E me traz sensação de calma
Sinto saudades das faíscas
De vê-las se recuperando
Sofregamente
Enquanto elas
Findam sua criação
Por meros instantes
Assim torno ao mar
Navego
Não espero pela onda
Busco pelo instante de hesitação
O inevitável vem até mim
Não temo
Há tempos vivo de escalar e cair
De ver o topo e chegar próximo ao chão
A gravidade não parece tão pesada
Pensamento exerce sua função
Sentada
Envolta no que ainda me assusta
Me completei
Por instantes marcados pelo pêndulo
Vi
Não é uma boa hora
Nem depois
Quando não
Mas um dia
Quando meu joelho
Ralar o suficiente para ter cicatrizes
Meus ossos se endurecerem com as quedas
Minhas mãos calejarem com as pedras
Meus pés resistirem ao caminho
Chegar
Não precisar estar lá
Não ter que se agarrar
Mapas rabiscados
Fórmulas exatas de mentiras disfarçadas
Poemas confusos em que fingimos encontrar inspiração
Não preciso de mais respostas
Não é uma boa hora
Ainda me apetecem as dúvidas
Senta comigo e conta as horas
Me encosta no escuro
E me olha como antes
htmlText_09CA3E2D_3E60_CD2B_419F_850EAAECF759.html =
Se sou o que sou foi porque um dia eu decidi esperançar
Pedro Falleiros Lopes Hellu
Novo Colégio - Franca/SP
Em meio a pandemias pode-se notar a solidão
A mesma que antes era um momento de paz
Virou motivo de depressão
Se dependesse só de Nietzsche
Todo mundo via essa dança
Em meio a tanto caos
Volte seus olhos para a esperança
Do pássaro azul que vive dentro de mim
Ao passarinho que lá fora tanto canta
Senti na pele a minha própria companhia
Que a tanto tempo me espanta
Quando inspiro mudo o mundo deixo ar entrar
Mas fico atento ao expiro
Porque assim como no ar tudo passa
Um dia a vida vai passar
htmlText_09CA7E2B_3E60_CD2F_41BD_3FC4C2C2CECC.html =
Pássaro Azul
Felipe Gonçalves Bartuccio Damasi
Colegio Ideal - Santa Bárbara d'Oeste/SP
Durante muito tempo
Eu tive um pássaro azul no meu peito
Querendo sair
Que me fazia voar, sentir, acreditar
Seu nome era “Esperançar”
Mas com o passar do tempo
Esse pássaro foi morrendo,
Morrendo por estar trancado em uma gaiola
A mesma gaiola em que me encontro
Ambos com as bocas serradas
Secando uma voz que há tempos
Vem gritando mudamente
Eu tinha um pássaro no meu peito
Mas só o recordo quando paro de cantar
E, se para de cantar, ele deixa de viver, morre
Como esses que deixam de respirar
Hoje eu percebo
Todos nós temos um pássaro
E ele canta o tempo todo
Basta deixá-lo cantar
Como foi feito para fazer
Esperançar
Do substantivo esperança
Crer, confiar, acreditar
Ser, aceitar, superar
Buscar, almejar, sonhar
Deixe o esperançar cantar sobre você
htmlText_09CA9E2E_3E60_CD29_41B6_BBBC1AB4FFF4.html =
Paisagem Natalina
Leonardo Mueller Vilela de Carvalho
Colégio da Villa - Jaguariúna/SP
Paisagem natalina
Na cadeira de plástico
Na lua do meio-dia
Na mão
Lata de refrigerante
Baleias nadam
Na praia de outrora
Em soneto de pacificação
Em pequena gigantitude
E nas paredes do meu quarto
Com os cordões de pisca-pisca
Entre quatro tijolos
Crio o meu eterno Natal
-
Na cadeira de pacificação
Na Lua de refrigerante
Na pequena gigantude
Lata de Natal
Quatro tijolos nadam
Na praia de pisca-pisca
Em soneto de meio-dia
No pequeno meu quarto
E nas paredes de plástico
Com os cordões de mãos
Entre outrora
Crio minha eterna baleia.
htmlText_09CAEE33_3E60_CD3F_41A0_E19DD719EC07.html =
Akatsubi - (Amanhecer)
Álvaro Henrique Duarte Mendes
Colégio Alpha - Varginha/MG
Tão pleno quanto o sol e o mar
A beleza na vida e no esperançar
Em meio a tanta turbulência e displicência
Busco clareza e purifico a minha essência.
Penso que coragem não é ter força para continuar,
E sim continuar sem ter força,
Esperançar não é relaxar ou se distrair,
Mas planejar e ir atrás sem desistir. Não está fácil para ninguém
Eu não sei mais o que fazer
O que me resta é ter esperança E torcer para um novo amanhecer.
Cheguei a conclusão que esse caos um dia vai embora
E se for ainda ficará na memória
Está na hora de buscar uma melhora,
De criar uma solução, e é agora.
Do que adianta ter grana
Se a gente está vivendo em meio a tanta desgrama.
Se tem pessoas na pobreza e na lama,
É desigualdade que se chama.
O mundo está caótico
Energia positiva é combustível,
É como antibiótico
Que me tira desse mundo horrível. E com perseverança
Colocarei tudo a resolver
Erguer a cabeça e gritar
EU IREI VENCER!
htmlText_09CB2E34_3E60_CD39_4174_7547BD83424C.html =
Espera Alçar
Bianca Lima Gomes de Paula
Novo Colégio - Franca/SP
Desnorteado o mundo perde leste e oeste.
Há vagas!
No horizonte, a peste!
Estonteado o prelo imprime a vida nua.
Há vagas!!
O horizonte insinua.
Desajuizada a casta pede respeito.
Há vagas!!
O cabedal exige o preito.
Perturbada a perspectiva se contrai.
Há vagas?
O universo se subtrai.
Conturbado o horizonte se desfaz.
Que vaga?
A verdade se destaca voraz.
Exacerbado o universo implora...
Divaga.
Insinuosa a esperança explora.
Contrariado o ceticismo tremula.
(...)
A vida assertiva emula.
Impugnada a imprecação se esvai.
Há vaga!
Vencido leste o destino atrai.
Norteado o impulso inspira: É vida.
Sem fleuma!
Vencido oeste a esperança extrai.
Pontificada esperançar é o norte.
Afaga!
Esperanço eu, e você? Esperancerá?
htmlText_09CB8E31_3E60_CD3B_41C0_77354FB13CA7.html =
Paciência inquieta
Lucca Baptista Silva Ferraz
Colégio Ser! Jundiaí - Jundiaí/SP
Esperança
Sentimento de quem vê como possível
Alvo ou desígnio de uma expectativa
Virtude daquele que espera alcançar.
De uns tempos para cá a esperança perdeu seu sentido
Tão estática quanto contraditória
A esperança se subverte, se transmuta, se perde
Mas não se esgota
Porque o que se esgota tem em si o seu próprio fim
E a esperança
Tão vívida quanto contraditória
Revivesce
Esperança
Sentimento de quem faz possível
Qualidade daquele que retorque o desespero
Ambição de quem cansou de esperar
Trazendo em si tudo que poderia ter sido
A esperança é como uma paciência inquieta
htmlText_09CBBE36_3E60_CD39_41C1_0B82D7511BF6.html =
Chegará!
Henrique Gomes Moreira da Silva
Colégio Poliedro - Campinas/SP
Pé de vento
Chuta meu verso
Leva meu tento
Num sopro poético
E cá eu me resto, nu
Com a prosa
Glória!
Dessa pele que me veste
Me faz em rosa, à luz
Da tua aurora
Que outrora
Passara sambando
Nos impasses do
Aqui e ali
E no cinema de Caetano
Eu ouço cantando
O Sol, cheio de bossa
Trazendo nos bolsos
As boas-novas
Tambores anunciam,
No beijo tênue
Entre céu e mar
A manhã
Nasce só
Amanhã
htmlText_09CBDE30_3E60_CD39_41C0_726C43C58DDC.html =
É preciso ter esperança do verbo
Júlia Fernandes Bassoli
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Esperar  |  Esperançar
Desestimular  |  Estimular
Esfriar  |  Acalorar
Abater  |  Aguçar
Desanimar  |  Animar
Resfriar  |  Aquecer
Delibitar  |  Comover
Morrer  |  Viver
O mundo está se movendo rapidamente
Não podemos esperar
O próximo fazer
O momento certo é o agora
Precisamos nos juntar
TODOS
E FAZER o presente
ACONTECER
COM fé, amor, união
O momento chegou
Tenhamos ESPERANÇA
htmlText_09CC1E28_3E60_CD29_41CE_E4C4165C5555.html =
A criança
Ester Lisboa Cattábriga
Centro Educacional Praia da Costa - Vila Velha/ES
Esperança: palavra tão bela
Desperta a criança que em nós nunca cresce.
Que permanece, permanece em prece
Pelo futuro, que desconhece.
Pela cura deste planeta,
Das famílias,
Das pátrias
E dos corações;
Pela limpeza dos lares internos
Em que ressoam fúnebres canções;
Pelo resto de sonho
A que assiste morrer ao seu lado, tentando salvar;
Pelo raio de Sol
Que há de vir
E que o homem incrédulo induz a nublar.
Criatura que não vê barreira,
Enxerga clareira em nuvem escura.
A criança, trazendo esperança,
Dissolve em dança,
Qualquer amargura.
Porventura, centelha tão pura
Aguça em nós a atitude madura
E aventura a visão futura
Fazendo a clausura se encher de candura.
Tal centelha, em alguns tão latente,
Reside em outros em trabalho ardente.
Existente, da alma pra mente,
É a água,
O Sol quente
E também a semente.
Que enraíza contente
E se espalha evidente,
Ascendente!
Em alguém que deixar.
Persistente, a interna criança
Eterna esperança
É que faz ventar
A neblina pra longe
E anima a visão do horizonte,
Pra quem for de enxergar.
E você que se enxerga tão velho,
Dê a mão à criança,
Que te faz esperançar.
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O sonho de acordar
Sofia Fonseca Pereira
Colégio Progressão - Pindamonhangaba/SP
Adormeceram de repente os tempos melhores
A vida, em círculos ainda menores, caminha onde não há flores
Nunca almejei tanto a agonia
De sentir os momentos, sempre iguais, dia após dia
Sinto como se, lentamente, o mundo derretesse
E o tempo se cansasse, mas ainda assim corresse
E derramasse, em um sonho sem fim, lágrimas de lembranças
Filmes de esperança... nas mentes, o futuro dança
Dentro de todos nós, a criança que se vê obrigada a crescer
Vivendo pesadelos onde não há pais para socorrer
Mas aquilo que em nossas almas jamais se esgota
É a luta, mesmo na derrota, para que possamos ver o Sol nascer
Porque mesmo ao envelhecer, se pode sonhar acordado
Com desejos que dormindo, não podem ser proporcionados
Sabemos que o verdadeiro significado são as vivências e o amor que damos e que nos é dado
Assim, hoje, as flores não nascem e o Sol permanece entre as nuvens
E estamos com receio porque ainda somos tão jovens
Por isso toda a espera é pouca, somos todos um só povo
Esperando a noite passar para que possamos, finalmente, acordar de novo.
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Quem tem esperança é feliz
Rayanne D’ávila Marçal
Colégio Vem Ser - São José do Rio Preto/SP
Em um vale distante, distante mesmo, lá nos cafundós, havia uma família de trolls. Pensa em uma família festeira, era a família dos Pedra. Nem chuva em dia de festa desanimava esse povo, porque, para eles, a felicidade estava além desses acontecimentos.
Gilda era a filha mais nova, logo depois da Poppy, Toddy, Nescau, Lupie e Daysilinda. Gilda, como todas as crianças, não parava quieta um segundo sequer. Falava mais que maritaca e mais rápido do que rio em correnteza em dia de chuva brava.
Estava um falatório danado, Gilda e as outras crianças da vila falavam mais do que antes. Por quê? Pela manhã, o prefeito havia colocado um aviso na praça sobre uma festa que iria acontecer no final de semana. No entanto, não era uma festa normal, era a festa do ano! Com todas as coisas mais legais, até o Tiago Giorc, o Troll cantor favorito da Gilda, viria para o vale cantar na festa! Todos estavam muito animados, essa festa iria animar a cidade que estava passando por um momento difícil devido às queimadas nas florestas da vizinhança.
E começaram os preparativos. Cada família ajudava em uma parte da festa, os Pedra ficaram responsáveis pela comida, é claro. A mãe da Gilda era a melhor cozinheira da vila, ela tinha um restaurante no centro. Cá entre nós, as mães da vila ficavam até com um pouco de ciúme, pois, como a comida dela era mais gostosa, todas as crianças queriam comer lá!
Tudo estava maravilhoso. Um clima de esperança e novos tempos perfumavam a vila. Chegou o dia da festa. Todos estavam felizes e cantando:
– Dias melhores pra sempre, dias melhores pra sempre!
De repente, um vento muito forte anunciou que algo ruim estava por vir. Os trolls se assustaram. O clima que, antes era de esperança e leveza, havia se tornado de medo e de escuridão, repleto de incertezas.
Um pouco depois, chegou a tal coisa ruim que o vento anunciava. Uma tempestade avassaladora, que derrubou tudo da festa e até algumas casas da vila. Pessoas perderam suas casas, machucaram-se, árvores caíram e atingiram a escola das crianças e o restaurante da mãe da Gilda. Foi uma catástrofe. Ninguém estava esperando por isso.
O prefeito decretou que todos ficassem em suas casas e que não saíssem até que tudo estivesse resolvido. Consequentemente, as aulas das crianças seriam pelos computadores, e os adultos trabalhariam em casa. O hospital da vila ficou cheio de pessoas machucadas. O medo tomava conta de todos. Mas se lembram da família Pedra, aquela do primeiro parágrafo, que não ficava triste nunca?! Como estaria agora?
Gilda, aquela menininha serelepe que não parava nunca, deixando sua mãe de cabelos em pé, estava triste e amuadinha no canto do quarto. Logo, sua mãe decidiu conversar com ela.
– Oi, Gilda, por que você está assim?
– Ah, mãe... estou tão triste. Hoje, seria a melhor festa do ano, estava todo mundo feliz, a alegria e a esperança estavam renascendo, agora, acontece isso. A alegria virou medo, e a esperança foi-se de vez. – Diz Gilda, com voz de choro.
– Oh, Gilda, eu sei que é um momento difícil, mas a parte boa dos momentos ruins é que eles sempre passam! Agora, vamos lutar contra essa tempestade e reconstruir a nossa vila. Sabe como? Nunca perdendo a esperança e lembrando, todos os dias, das coisas que nos fazem bem, da nossa família, amigos! Afinal, como diz Tiago Giorc, “Se tropeçar, do chão não vai passar. Quem sete vezes cai, oito levanta.”. A felicidade não depende do que está acontecendo ao seu redor, e sim do que está dentro do seu coração.
Gilda ficou muito feliz ao ouvir a mãe e ligou para seus amigos na mesma hora para contar o que tinha aprendido. Gilda aprendeu que a esperança e a felicidade nunca morrem, que sempre existirá algo que faça a nossa esperança renascer! Afinal, quem tem esperança, mesmo passando por momentos ruins, é sempre feliz. E você tem esperança?
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A fuga do Deus
Caetano Dias e Oliveira
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
São sete horas e quinze minutos da manhã. Você lamenta em silêncio, toma sua monótona xícara de café e vai, aborrecido, para o trabalho. Passa o dia todo ao lado de rasas amizades, com pessoas que apenas mostram de si o que querem mostrar. Mas o que te move a fazer isso? Já parou para refletir? Pense. Estamos acostumados a não questionar.
Essa síndrome robótica vem aumentando com o passar dos anos e, hoje, em 2035, as pessoas estão tão acostumadas a essa rotina esquisita que perdemos totalmente o dom de refletir. Veja só: essa doença começou nas grandes cidades e, aos poucos, todos ficamos em um transe comercial, onde acordamos, trabalhamos e dormimos. Fazemos coisas inúteis para comprar coisas inúteis.
Vamos voltar no tempo. Bem-vindo a 2029! Neste ano, a população mundial atingiu o auge da superficialidade da alma, e isso fez com que a economia estagnasse e despencasse, essa ficou conhecida como a Novíssima Crise de 29. Por quê? A imaginação e a criatividade, as chaves do mercado trabalhista mundial, foram extintas. O que seria da sua marca cara de roupas, se os designers começassem a pensar como amebas?
Os mais importantes representantes mundiais, ao verem esse problema, se empalideceram e foram em busca dos últimos humanos pensadores. E, assim, surgiu o Novo Olimpo. O Novo Olimpo nada mais é do que um grupo de pessoas capazes de raciocinar e sentir emoções que ditam o que os povos devem sentir. Eles foram chamados de Deuses. “Uma vez por ano é o seu aniversário, além de ganhar presentes de seus entes queridos, você precisará sentir Gratidão e Alegria”, falavam os representantes da alegria e da gratidão. Voilà! As pessoas consultavam suas certidões de nascimento e decoravam o dia em que conheceram o mundo, nesse dia, todo ano, você comemora.
Mas agora, voltando àquela questão que deixei para você refletir: o que te faz viver? A esperança. A esperança das suas tão aguardadas férias, a esperança de seu filho passar na melhor faculdade de todas, a esperança de encontrar um amor, a esperança de um mundo melhor.
Antonie Pierre é o nome do Deus que cuida de nossa esperança, ele é o homem que dá um sentido às nossas vidas… ou pelo menos era. Há exatamente três semanas e 14 horas, o Deus da Esperança desapareceu, não deixou pista alguma. Simplesmente sumiu do mapa. A sociedade entrou em outra crise, ainda pior do que a Novíssima Crise de 29, pois nessa, as pessoas entraram em desespero, com greves e mortes por todo o mundo. Sem a esperança, você não vê motivo para levantar da cama.
Este fato nos leva a duas semanas atrás, quando o governo, para tentar lidar com o caos gerado pelo desaparecimento de Pierre, lançou um desafio: quem encontrar um Novo Deus receberá uma quantia astronômica em dólares. Quando digo astronômica, eu realmente quero dizer astronômica. Uma baita estratégia, devo dizer, pois o povo recomeçou a esperançar e a buscar um Novo Deus. Cada um com seu motivo, saíram buscando um ser humano capaz de esperançar por si só.
É aí que eu entro na história. Desde pequeno, eu sinto, mas como “sentir” é um sentimento desconhecido, não sabemos o que é sentir, de fato. Quando a notícia da recompensa estourou, a desordem se instalou em minha cidade. Ficamos procurando por um ser “sentinte” por dias, até que eu me sobressaí, comecei a liderar pelotões de busca, a pensar o que um ser pensante pensaria. Eu ainda não sabia que pensar o que um ser pensante pensaria era o que um ser pensante pensaria.
Em um fatídico dia, o Deus do Estranhamento se manifestou na internet, dizendo para o povo questionar as pessoas a sua volta. Foi o que os habitantes de minha cidade fizeram. “Aquele garoto lá… qual o nome dele?”, “sabe de uma coisa?”, “O garoto da rua XV é bem intrigante, não acha?”. Todos começaram a me perseguir pela cidade, me observavam, até que um dia, eu acordei e dei de cara com uma multidão enfurecida a minha espera a frente de casa. Eles se socavam e estapeavam feito animais, eram agressivos e berravam. Tentei fugir, mas uma velhinha me pegou e me levou até a prefeitura. Depois de muita burocracia, eu fui escolhido para ser o Deus. Mas não era isso que eu queria, não. Eu tinha fé, tinha esperança que o povo poderia pensar por conta própria, mas o Novo Olimpo não era a resposta.
Depois de meses mandando as pessoas crerem em tempos melhores e nas vidas de seus sonhos, eu elaborei um plano para derrubar o Novo Olimpo. Comecei a implantar na cabeça das pessoas uma ideia, uma ideia rebelde, porém subliminar. Aquela ideia se evidenciaria na cabeça de pessoas com resquícios de sentimentos. Era uma ideia da já esquecida liberdade, onde as pessoas poderiam ser quem quisessem. Pedi para inserirem nas escolas matérias que obrigassem as novas gerações a questionar e não simplesmente a fazer. Logo, a Filosofia era apenas para os mais inteligentes. Nós começamos a questionar os Deuses. Por quê? Por que essas pessoas pensam e sentem enquanto nós apenas obedecemos?
Movimentos revolucionários começaram a surgir nas potências comerciais, e logo também nos campos de cana-de-açúcar e nas velhas fazendas de maçãs. Por fim, a queda do Novo Olimpo começou a ser inevitável. O povo pensava e sentia para agir. Com a revolução, os seres “sentintes” viraram os donos das empresas e do poder, derrubando a ditadura olimpiana. As escolas começaram a formar pessoas pensantes e as empresas ofereceram aulas de autoconhecimento. E, aos poucos, os seres robóticos voltaram a pensar.
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Uma luz, o Sol
Beatriz Neves Yoshioka
Colégio Camões - Santa Cruz do Rio Pardo/SP
Hoje meus amigos me contaram que viram três pessoas de amarelo sendo presas no centro: mais uma tentativa frustrada de mudar esse lugar.
Moro aqui desde que nasci, assim como todos. O espaço é repartido em várias áreas, cujo objetivo é separar as pessoas de acordo com suas características físicas ou econômicas; e, dentro dessas áreas, há várias outras repartições.
Aqui é um lugar com desigualdades gigantescas; como você pode deduzir, os conflitos são incontáveis. Mas quase ninguém parece ter consciência do que se passa; é como se precisassem se conformar com a situação. Talvez seja instinto de sobrevivência, talvez tentativa de preservar a sanidade mental. Então, não olham o outro nos olhos nem mesmo são capazes de olhar para si mesmos. Nem espelho tem aqui...
Estão cegos ante o agravamento da situação. Mas há quem queira fazer algo para mudar.
Por eu conseguir perceber tudo isso, eu tenho o olhar, assim como as de amarelo. Não há como ter certeza da quantidade de pessoas que consegue ver, pois geralmente, por medo, elas não mostram, não dizem (assim como eu).
Lembro de algumas pessoas que tentaram agir para mudar esse lugar, mas, com certeza, tiveram muitas outras. Teve uma muito esperta, que observou por muito tempo e reuniu as que tinham o olhar, mas alguém a traiu e, antes que pudessem fazer algo, foram capturados.
Houve outro que tentou usar jornais; porém, com toda a censura, foi descoberto e preso. Além dessas, houve outras pessoas que, em grupo, tentaram se manifestar. Também foram presas. Mesmo que, por meios diferentes, eles possuíam três coisas em comum: queriam abrir os olhos das pessoas, nunca mais eram vistos após serem presos e usavam amarelo.
Existe uma lenda que diz que a primeira pessoa que conseguiu ver, foi até o centro, usando amarelo e começou a falar das mudanças e problemas existentes. No fim de seu discurso, ela teria dito: “Uso amarelo para lembrar que o Sol nasce todos os dias, simbolizando a chance de todos nós, um dia, podermos sentir seu calor e notar seu brilho; e, enfim, enxergamos!”.
Faz uns anos que sou voluntária na escola do centro, o único lugar aqui que une todas as áreas, literalmente o coração daqui. Nesse tempo, percebi que as crianças possuem o olhar, são inocentes e totalmente puras; nascem assim, mas crescem, sendo contaminadas por suas áreas e assim se esquecem de tudo, seguindo caminhos diferentes.
Acompanhei Luiza até sua casa, uma menina que conheci enquanto ajudava a professora na escola do centro. Desde a primeira vez que a vi, sabia que ela tinha o olhar, que conseguiria ver quando crescesse também, que era especial. A partir de então, nos aproximamos, conversamos e assim expliquei para ela sobre o poder que ela tem, pude ver nesse tempo o quão doce, curiosa, observadora e determinada ela era. Quando chegamos à sua área, vi coisas que nunca tinha visto e percebi que os problemas e desigualdades eram maiores do que eu imaginava. Não pude mais ficar parada, decidi então participar de um movimento para o qual tinham me convidado havia muito tempo, ele aconteceria no dia seguinte.
Grupos de todas as áreas andaram em direção ao centro, em silêncio, apenas com cartazes e roupas amarelas. Mas quando chegamos ao centro, havia pessoas que usaram a força para nos barrar, virou uma guerra, gritos, fumaça, barulhos. Eles atacando, e nós resistindo. Até que, de repente, alguém me derrubou e caí com o rosto no chão; estava sangrando e eles estavam me prendendo, assim como os outros. Mais uma tentativa fracassada; estava sendo levada para nunca mais ser vista.
Inesperadamente, pude escutar vários assobios como pássaros. Havia crianças de diferentes idades e áreas, que subiram no muro da escola. Luiza estava no meio delas. Todos estavam de amarelo, com a palavra “Sol” escrita em seus braços e diziam “O Sol brilha todos os dias, nos dando uma chance de enxergar”. Eles deram as mãos. Surpresa como os outros, eu sorri, pois entendi que eles são o futuro. A partir desse momento, soube que se acendeu uma luz na imensa escuridão.
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“Responsum”
João Luca Alves Ferreira
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Charlie estava cansado da viagem, tinha viajado por dez horas de carro apenas para chegar até a montanha, e se fosse realmente continuar ainda haveria muito mais caminho, e estava certo disso. Ele a encarava, sabia o que esperava que estivesse por vir, e de alguma forma ela o encarava de volta.
Estava preparado, ou dizia a si mesmo que estava, pois, de qualquer forma, precisava escalar a montanha, não poderia voltar antes de fazê-lo, mas, ao mesmo tempo, simplesmente tentar poderia custar a sua vida, muitas são as histórias sobre pessoas que tentaram escalar a montanha em busca de uma resposta e nunca mais voltaram. Charlie, assim como essas pessoas, também buscava por uma resposta, e por isso não poderia voltar.
Não havia um ponto correto para se começar a escalar, todos os pontos eram muito íngremes e tinham poucas bases de apoio. Não havia mapas nem sinalizações, o único sinal da presença humana naquele lugar era uma placa, em que se lia: Montanha Responsum. Logo à frente da placa havia uma passagem estreita e funda em que não era possível ver seu fim pela entrada. Sem opções, Charlie começou a seguir a trilha escura na esperança de que ela o levasse ao topo.
Seus passos ecoavam pelo corredor, e Charlie estava com a impressão de estar perturbando um lugar sagrado, intocado pela raça humana. Sem dúvidas, não muitos passaram por aquele lugar, e os que fizeram não tiveram tanta sorte para conseguir voltar.
Charlie andou por um tempo, de lado, passo por passo, até chegar a uma espécie de desfiladeiro, fundo o suficiente para que mesmo que alguém caísse, tivesse a chance de contemplar sua queda por alguns últimos momentos. Do outro lado, havia uma pequena ladeira que levaria para uma espécie de entrada, onde uma luz azul brilhava forte. Mas para chegar até lá, Charlie precisava passar pelo desfiladeiro.
Uma corrente de vento forte empurrava Charlie para baixo, com pouco espaço para se agarrar, ele decidiu rastejar, e enquanto o fazia, poderia sentir vozes na sua cabeça, o vento estava falando com ele: “Dê meia-volta”, repetia. “Você nunca chegará ao topo, por que tentar?”. Por alguns momentos Charlie concordou com as vozes que pareciam vir do vento, talvez ele devesse desistir, não deveria estar aqui no primeiro lugar. A pressão estava muito forte e não conseguia se mover, estava com medo de tentar.
Então, Charlie reconheceu a resposta da questão, deveria tentar, mesmo que significasse que iria cair, deveria ter esperança de que, mesmo com as chances contra ele, o único meio era tentar. E com esse pensamento em mente, Charlie atravessou o desfiladeiro, sim, quase caiu, mas conseguiu, estava feliz consigo mesmo e confiante.
Quando Charlie chegou à entrada, descobriu de onde as luzes estavam reluzindo. Eram cristais de um material que não era conhecido pelo homem, e os cristais estavam refletindo, de alguma forma, a imagem de Charlie e apenas Charlie. De repente, os reflexos começaram a se mover autonomamente, e diziam coisas que faziam Charlie julgar a si mesmo. “Por que está aqui? O que quer provar?”. “Você é apenas um inútil que não serve para nada”. “Acha que é importante? Que alguém se importa? Ah! Você é um nada, um garoto egoísta que saiu da faculdade apenas por que era inconveniente?”.
Charlie reconheceu que havia sido egoísta, não sabia exatamente por que tinha ido até a montanha e largou tudo para fazê-lo, mas sabia que não era um inútil, que tinha propósito e que alguém se importava. “Vocês estão errados, eu defino quem realmente sou! E mesmo que eu não seja perfeito, estou tentando melhorar, e é essa a razão de eu estar aqui”, disse Charlie. Logo após, os reflexos ganharam matéria, saíram de seus cristais e estavam tentando empurrar Charlie para o desfiladeiro. Ele pegou um pedaço de pedra largado no chão e começou a bater nos reflexos, que se despedaçavam como vidro, e enquanto o fazia gritava o que havia dito e estava confiante, sentia-se dono do próprio destino, entendeu a razão para escalar a montanha, encontrou sua resposta.
Quando o último reflexo se quebrou, Charlie encontrou uma saída da caverna, e atravessou-a, achou-se no topo da montanha; estranhamente, não percebeu o quanto realmente havia subido. Charlie percebeu uma escada ao seu lado que levava para a base da montanha, ela não estava lá antes, teria notado. Desceu, e contemplou a montanha, apesar de ter conseguido chegar ao topo, ainda havia muitas montanhas da vida que ele precisaria escalar.
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Guarde esta história para sempre com você
Isabelle Minotti Rodrigues
Colégio Ideal - Santa Bárbara d'Oeste/SP
Certo dia meu pequeno Joaquim apresentou-me uma folha de caderno com uma palavra linda, porém carregada de sonhos, desafios, tristezas e alegrias para mim. Na folha havia a palavra ESPERANÇA.
A professora de português solicitou a definição, pois estávamos vivendo um período muito diferente, uma pandemia global. Nunca imaginei que poderia viver mais um desafiador momento em minha vida, mas sei que este mesmo momento é transitório, assim como muitos outros que enfrentei.
Eu, sabendo que meu menino gostava de ouvir histórias, resolvi contar-lhe uma de minha vida. Pensei e disse a ele que a guardasse para sempre.
Foi assim Joaquim...
O ano era 1948, véspera de Natal, eu, como boa criança, pedi ao Papai Noel que me trouxesse uma boneca, o brinquedo mais desejado naquele tempo. Ela era loira, dos olhos azuis, tinha bochechas bem rosadas e usava um vestido azul de bolinhas rosa. Isso aos seis anos de idade, exatamente a sua idade, meu netinho... Aquele era meu desejo mais profundo e sincero!
Passei a noite toda esperando meu pai chegar e quem sabe a boneca chegaria com ele? Mas peguei no sono. Nem papai nem boneca... Joaquim me olha fixo, com aqueles olhos brilhantes como duas jabuticabas e me interrompe questionando por que seu bisavô ficava tanto tempo longe. Expliquei que ele trabalhava de noite, de dia, e de tarde... Nós somos negros e...
Vi meu neto confuso, e um tanto quanto preocupado. Em sua doce ingenuidade perguntou-me qual o problema em ser negro, ele era negro e não queria trabalhar tanto, nem ficar tanto tempo fora de casa.
Continuando Joaquim... Nós, negros, morávamos em casebres de apenas um cômodo, papai tinha que trabalhar em três empregos e eu limpava a casa da senhora Anne em troca de comida, mas nunca nos faltou nada, graças a Deus!
Mas voltando àquela noite, onde eu havia parado mesmo? Minha memória já não é mais a mesma. Lembrei-me!
Acordei e estava a esperar o papai, fazia isso todo natal, pois, como não tínhamos chaminé o bom velhinho deixava meu presente com ele e, além do mais, aquele ano eu tinha desejado o melhor presente da minha vida; eu, com meu coraçãozinho cheio de esperança já havia até dado nome para ela: Lúcia! O pequenino interrompeu-me novamente, disse-me que aquele era o nome de sua mãe; eu, sabendo que aquela associação era uma parte essencial para a história apenas disse para acalmar-se e esperar os próximos acontecimentos.
Finalmente papai havia chegado, acordei assustada e vi que trazia consigo algo nas mãos. Para meu espanto não era minha boneca, mas sim, uma margarida. Não deixei que ele percebesse minha decepção, afinal ele me deu com tanto carinho! Eu, embora tenha me esforçado, não consegui evitar e neste mesmo momento uma enchente se formou em meus olhos, ainda bem que papai pensou que tivesse sido a emoção de ter recebido a flor que me deu com tanto carinho.
Pois bem Joaquim, não ganhei a boneca e mesmo assim continuei pedindo, sem falar nada para ninguém. Fiz promessas ao Papai Noel, pedi para a estrela cadente, para os anjos... Ninguém me ouvia. Aos 7, 8, 9 anos... Depois disso, pensei em mudar meus pedidos, mas nunca perdi as esperanças que um dia minha Lúcia chegaria.
Os anos se passaram e eu me dedicava cada vez mais aos estudos. E sabe por que, Joaquim? Eu tinha a certeza de que meu papai fazia de tudo para cuidar da gente e que a doce boneca Lúcia poderia esperar. Sempre fui boa aluna e uma verdadeira devoradora de livros, graças a isso, consegui entrar em uma boa faculdade, mesmo muitos dizendo que lugar de negro era na favela. Eu sabia que meu lugar era aquele onde eu sonhava estar. Era um lugar cheio de amor, com muitos e muitos livros e onde a justiça podia reinar.
E mesmo estudando tanto não parei de trabalhar um dia sequer na casa de dona Anne, afinal ela garantia meu sustento. Quando me formei em advocacia, busquei outros caminhos. Mais uma vez a esperança de conseguir um emprego em que pudesse aplicar todo o meu conhecimento estava batendo à porta. No entanto, Joaquim, eu me decepcionava. Não me chamavam sequer para uma entrevista, porque apesar da boa formação, eu ainda era negra, neta de escravo. Mesmo assim, não desisti.
Na minha cidade havia um escritório de advocacia, eu fui até lá, o dono não estava, então apenas deixei meu currículo na portaria. Ah... Detalhe importante: no currículo eu havia colocado o telefone da senhora Anne, porque naquele tempo ainda não tínhamos.
No dia seguinte ao chegar ao trabalho, bem cedinho, já fui perguntar ao mordomo, seu Vicente, se ele havia recebido alguma ligação, ele ficou em silêncio, mas sua face escondia um ar de mistério e um sorriso. Em seus olhos pude ouvir “sim, ligaram...” Neste instante minha felicidade não estava escrita!
Sai da sala de estar, agradeci imensamente à senhora Anne e seu Valentim, afinal eles deram ótimas referências sobre meu caráter e minha integridade. Trabalhava lá desde meus dez anos de idade! Virei às costas, porém meu coração ficou por ali também. Gratidão se aprende Joaquim. Não se esqueça. Amor de aprende, paciência se aprende.
De lá fui direto ao escritório de advocacia, fiquei tão feliz que, quando cheguei, me dei conta de que estava de avental. Imagina eu, de avental, para uma entrevista em um escritório?
Bom, um homem negro abriu a porta, alto, sorridente, de chapéu e um paletó azul piscina, cá entre nós meu neto, ele era lindo!
Rapidamente, José, que ouvia atentamente à história afirmou: “O vovô ainda está em boa forma!” ̶ Caímos todos na risada! Agora me deixem continuar, eu e seu avô começamos a namorar e o resto da história você já sabe...
Estávamos em 1967, véspera de Natal, eu já estava casada com vovô e estava esperando um presente muito importante! E naquela mesma noite corremos ao hospital, uma boneca estava a caminho. Sim, Joaquim, Lúcia, negra, de olhos pretinhos, cabeludinha e com o choro mais doce da Terra. Era uma edição especial, era exclusiva, era única!
O menino, surpreendido com tudo o que eu o havia contado, correu para pegar a folha de papel, antes em branco e nela escreveu uma frase que nos mostra como ter esperança de um jeito muito singelo e harmonioso, ele todo empolgado e satisfeito veio me mostrar.
A frase era: sonhe alto, lute como um super-herói e supere as dificuldades, nunca deixando de acreditar. Eu, encantada com meu menino, disse a ele que, com aquela frase, determinação, esperança e fé, o mundo um dia seria dele!
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O medo do fim
Cecilia Pereira Santos
Colégio Vem Ser - São José do Rio Preto/SP
Na floresta, correu a notícia do fim do mundo: ora incêndio, ora inundação, falta de oxigênio e agora uma nova doença! O fim aproximava-se e não havia remédio...
Escondida no buraco, estava dona Páscoa. Medrosa, sem graça, com medo da doença.
– Se eu me esconder, ela nunca vai me achar! Logo, decidiu: por nada no mundo, sairia dali.
Do outro lado, a vizinha saltitante, a macaca Doroteia, dava-se à diversão, sem preocupação. Corria pela vizinhança e sabia de tudo, porém não ajudava ninguém.
– Quero mesmo é saber e falar! A notícia não me escapa, mas também não me envolvo! Cada um com seu problema.
Continuava de galho em galho. Mesmo sabendo de tudo, não fazia nada de bem. No entanto, acabava fazendo o mal. Via animal machucado, animal caído, desesperado ou perdido. Nada lhe escapava e, ainda, ensinava os piores verbos: morrer, reclamar, desesperar, adoecer, finalizar...
A fome, porém, é um problema que atinge a barriga de toda a floresta. Dona Páscoa protelou, jejuou, “regimou”, mas não teve jeito: saiu da toca!
– Preciso comer, não quero morrer!
Para o seu desespero, logo na saída, uma fila de formigas pegava tudo o que podia para alimentar o formigueiro. Havia bicho correndo para todo lado, comentando as notícias da macaca. Diziam: “game over!” Todo mundo está doente, e não há cura!
– O que é “game over”?! Perguntava-se a coelha.
– Essa é a nova doença? Ai, ai, ai... Socorro!
E saiu correndo, sem rumo. Por sorte, mais à frente, topou com um bicho preguiça, lento e calmo. Era médico, farmacêutico e psicólogo.
– Não sei se vem fogo, água ou outro fim. Entretanto, preciso continuar para chegar.
Foi quando a Páscoa perguntou:
– Chegar aonde? Se tudo vai acabar, não tem aonde chegar! Já estão avisando da nova doença! Não ouviu?
– Ouvi sim! Por isso, tenho muito a fazer! Vou salvar esses animais! Essa doença pode nos unir, diferentemente do que a Doroteia sempre diz, descobri que a doença tem cura: o remédio é esperançar.
A coelha respirou aliviada!
– O quê? Se realmente existir cura, haverá muito o que fazer!
– Você está doente, dona coelha? Se não estiver, poderia me ajudar, sabe?! Você é muito rápida. Agora, vamos em frente! Leve a notícia de que o remédio para o “game over” é esperançar! Ajudar!
Dona Páscoa correu por toda a floresta e avisou a todos da cura! Logo, os animais saudáveis estavam cuidando dos doentes, dividindo os alimentos. Todos com um objetivo: esperançar!
A notícia da cura começou a se espalhar! Todos queriam ajudar. Até a macaca Doroteia foi vítima da bondade e começou a conjugar novos verbos: socorrer, avivar, salvar, alegrar, esperançar!
Em poucos dias, a vida voltava ao normal na floresta, só que com um novo olhar! Acabou o medo do fim. Fazendo o bem, os animais descobriram um remédio para prosseguir e ver como possível a realização daquilo que se deseja!
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O resgate do companheiro da sorte
Felipe Nery Ribeiro
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Eram tempos difíceis. Uma tempestade mortal desconhecida assombrava os moradores da cidade de Annaville, e já durava sete meses, fazendo-os ficar em suas casas, sem poder sair para lugar nenhum. Jake era um menino novo na cidade, tinha grandes esperanças para aquele ano, pretendia se divertir e fazer novos amigos, mas a tempestade veio e destruiu seus planos.
O menino era solitário, o único contato que tinha com seus antigos amigos era pelo videogame, mas não tinha internet em sua casa. Passava os dias apenas lendo, como forma de passatempo, desde livros de receitas até bulas de remédio.
Um dia, Jake ouviu um barulho estranho na rua, os sons pareciam gemidos tristes, pedindo socorro. Foi até a janela para ver o que era, e deparou-se com um bichinho pequeno, cor de caramelo e com olhar assustado. O pobrezinho estava numa pequena caixa, tentando se proteger da forte tempestade. O garoto, entristecido com o estado do animalzinho, começou a traçar um plano de resgate.
Primeiro tentou pegá-lo com um cabo de vassoura, infelizmente a madeira era pequena demais. Em seguida, tentou atrair o animal com um pedaço de comida, mas ele, assustado, não conseguia se mover, dava para ver que estava morrendo de medo. O menino resolveu, então, arriscar sua própria vida, saindo de casa, para resgatá-lo. Colocou três calças, duas camisas, duas capas de chuva, duas luvas de jardinagem, uma bota de couro, um par de óculos de cientista e uma máscara. Tudo isso para tentar se proteger da tempestade e pegar o animalzinho.
Correu o mais rápido que conseguiu com aquelas roupas, pegou o bichinho e correu mais rápido ainda para voltar para casa. Quando chegaram, o animalzinho ficou tão feliz que não parava de festejar e rodopiar. Vendo aquilo, o menino não mais se sentia solitário e percebeu que, mesmo em tempos difíceis, um amigo é sempre a solução. No dia seguinte, a tempestade magicamente desapareceu. O garoto se sentiu sortudo, pois, além de ganhar um novo amiguinho, o tempo tinha melhorado de uma hora para outra. Assim, Jake e seu companheiro da sorte puderam se divertir bastante, só que desta vez, fora de casa.
O grande problema é que toda vizinhança ficou perplexa ao ver o menino brincando alegremente na rua com seu porco espinho.
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Escapatória
Sophia Rezende Peterson
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
A lua estava brilhante esta noite. Parecia que estava saudando a minha vinda. Era a primeira vez que eu podia me sentir livre propriamente. Minha primeira vez colocando os pés no asfalto gélido, sem ninguém por perto, primeira vez sendo iluminada pela luz do luar e dos postes de luzes piscantes. Primeira vez sentindo o vento frio fazer meus cabelos voarem, primeira vez olhando para esse céu por inteiro, e não somente aquele pedaço que é visível da janela do meu pequeno quarto branco.
Isso, incrivelmente, é muito mais bonito do que todas aquelas fotos que eu via no Pinterest. Nem nos meus mais altos sonhos eu poderia imaginar a beleza desse céu estrelado.
Nenhum dos quadros que eu pintei poderia se comparar a essa obra de arte. É simplesmente perfeito. Quantas estrelas será que eu estou vendo? Elas são muitas para contar.
Eu lembro que minha mãe me disse que a gente olha para o céu do passado. Devido ao fato de todas essas estrelas que eu estou vendo estarem a muitos anos luz de distância.
O ar cheirava a terra depois de um dia de chuva. Era um cheiro que esfriava o meu pulmão fraco. Era o cheiro da liberdade.
As ruas estavam totalmente vazias devido a um único fato: todos estão de quarentena. Em dias normais, eu estar aqui seria estritamente proibido. E eu tinha plena consciência disso. Bom, como não tem ninguém aqui fora, tudo bem, certo?
Não é como se eu nunca visse pessoas. Eu vejo muitas pessoas diferentes. Mas nunca sei diferenciá-las. Sempre estão de máscaras, toucas, jalecos e luvas. Elas cuidam de mim, mas eu não sei quem são. Sempre que pergunto elas respondem com um "eu sou a sua enfermeira" ou "isso não importa". Gostaria de conhecê-las algum dia.
Mamãe aparece de vez em quando para visitar. Sempre diz que vou voltar para casa logo. Faz tempo que ela me fala isso. Me pergunto quando esse "logo" vai chegar.
A lua sempre foi minha amiga. Ela sempre esteve lá. Mesmo em tempos difíceis, ela estava ali, espreitando-me pela janela. Quando o dia chegava eu sabia que ela voltaria de noite, cumprimentando-me com sua beleza. E hoje, nesta noite clara, eu pude cumprimentá-la inteiramente.
Obrigado, Quarentena. E obrigado também, a essa pessoa ao meu lado, que me possibilitou isso. Ele parece ser solitário, com suas roupas pretas e rosto melancólico. Disse que seu nome era ceifador. Sinto que ele vai me levar para algum outro lugar ainda mais maravilhoso do que este aqui, só espero que mamãe não fique triste com minha partida. O "logo" finalmente chegou. E eu estou feliz por ele ter chegado.
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Fortaleza da alma
Gabriela Leite Silveira
Colégio Ápice - Rio Verde/GO
         Ontem. Apenas 24 horas para que toda uma normalidade se tornasse raridade. “Isolamento social”, foi o que nos disseram mediante decreto estadual e municipal. Uso de máscaras, higienização constante das mãos e pertences, distância de tudo e todos, cidades fantasmas, comércios vedados, doenças psicológicas e um novo inimigo invisível à solta.
O ser humano não é uma espécie solitária, muito pelo contrário, é dependente de um outro ser ao seu redor para se manter estável. Foram longos 4 meses enclausurados em casa, sem contato. O que poderia ser feito durante 120 dias em domicílio? A pergunta é respondida com a minha realidade: home office, tentativas culinárias, maratonas de séries, noites chorando por quem amávamos e que agora já não mais vive, desafios enfrentados em família ou autossuficientes, e o que mais se pôde inventar.
Certa manhã de um dia qualquer durante o isolamento, acordei e percebi que precisava abastecer a geladeira. Tomei um belo banho para mandar um pouco da insegurança embora e fui ao mercado, tomando todos os cuidados já pré estabelecidos. Ao chegar ao supermercado, uma sensação de liberdade encheu meu peito, mas, ao olhar ao meu redor, a sensação fora trocada pela do medo. Peguei o carrinho de compras, higienizei-o e entrei. Coloquei dentro dele tudo que precisava. É fato: caminhei um pouco por entre as fileiras dos produtos para passar a hora. Ficar em casa é muito entediante.
No momento de finalizar a compra, quando eu já estava na fila do caixa, uma senhora de idade, não muito idosa pois não estava na fila do caixa preferencial, afastada de mim uns dois metros, surpreende-me dizendo que acabara de perder seu único filho para o tal vírus eminente. Eu fiquei assustada. Por um momento, pensei que ela não tinha domínio de suas faculdades mentais. Todavia, a dor que sentia era nítida no olhar. Afirmou que nunca imaginara que isso poderia acontecer à sua família, já que tomavam todos os cuidados prescritos. De repente, a atendente grita: próximo. Coloquei minha pequena compra, a moça passou na máquina registradora, paguei o valor e, quando ajeitava as sacolas em minhas mãos, percebi que deveria falar algo para aquela mãe. Não sabia o que dizer. Eu estava em estado de choque e incredulidade. Então, apenas saiu da minha boca um singelo: meus pêsames. Essa foi a primeira vez, em toda minha vida, que presenciei algo que realmente me comovesse.
     Quando cheguei em casa, o olhar daquela senhora, que conseguiu balançar minhas estruturas, ainda penetrava minhas emoções como uma espada de dois gumes, retirando minha alma do corpo. Parece que ela queria me avisar a respeito de algo que aconteceria comigo. Fiquei algumas horas com isso na cabeça. Mas logo depois esqueci. Afinal, nada poderia acontecer a mim nem à minha família. Estamos, desde o início desse mal, mantendo todos os cuidados, até porque minha avó já tem uma idade bem mais avançada que a daquela senhora.
     No entanto, tudo na vida apresenta um lado bom, seja ele agradável ou pela bonança de superar a perda de um ente querido. Nesse momento, tudo o que nos mantém firmes de corpo, alma, pensamento e coração é o sentimento de esperança de dias melhores, de que cedo ou tarde poderemos gozar de bons tempos ao lado de quem amamos, fazendo o que gostamos e vivendo uma vida que nos dá prazer. Foi o que disse minha avó antes de nos deixar há duas semanas.
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Esperança, sobrenome: Esperançar
Giulia Torrente Rappl
Colégio Vem Ser - São José do Rio Preto/SP
Esperança, o que tecnicamente é ter esperança? A internet, ferramenta muito utilizada pelos humanos, afirma que “ter esperança é acreditar que algo bom sempre acontecerá”. No entanto, por mais inteligente que pareça ser, essa parafernália não consegue, com precisão, explicar quem, de fato, sou eu. Logo, decidi agir e, de alguma forma, auxiliar.
Para os humanos, comumente, eu sou definida como a crença de que algo bom sempre acontecerá. Contudo, não é bem assim que eu deveria ser reconhecida. As pessoas precisam entender que sou a Esperança de Esperançar, não de Esperar, pois esperar simplesmente que aconteça não seria o certo a se fazer, já que é preciso ter esperança, achar e tornar possível. Mesmo que as possibilidades de dar errado sejam 99%, é necessário acreditar no último 1%.
Não sei se já mencionei que Esperançar é inclusive o meu sobrenome. Etimologicamente falando, significa ir atrás e não desistir jamais. Tenho um grande inimigo: a Esperança da tradicional família Esperar. Não sei ao certo quando nos tornamos rivais, possivelmente, foram as próprias confusões humanas que nos colocaram nessa situação. Confesso que detesto quando confundem o meu sobrenome com o desse tal.
Diferentemente da minha vida, a humana é muito curta, logo, precisa-se de Fé, uma amiga de longa data. Sendo assim, uma ótima forma para se obter isso sempre fora me convidar. Há, entretanto, um mero detalhe que deve ser respeitado: é preciso ter Paciência, uma outra velha amiga. Isso devido ao fato de o Tempo não parar. Aprendi, com o ele, que o ser humano espera por dias melhores. Porém, esquece-se de que não há sentimento melhor do que o de viver um dia após o outro.
Sou professora de esperançar, mestra na arte de reinventar-se, doutora em animar-se. Sempre ensinei as pessoas que julgam saber, mas se esquecem de aprender comigo a esperançar. Enquanto o Mundo sempre esperou a cura do Mal, as pessoas fingiam que tudo isso era normal. Fingiam, inclusive, serem amigos da senhora Paciência e caminharem com a dona Fé, já que esperavam do Mundo o mesmo que o ele esperava de todos nós. Entretanto, os homens, como sempre muito teimosos, esqueceram-se, com o tempo, dos meus ensinamentos, que, se tropeçarem, do chão nunca vão passar.
Após percorrer muitas jornadas, aprendi, com os homens, que não é preciso apressar a vida, correr em vão, pois, embora a vida seja curta, o caminho é longo demais. Portanto, desde uma simples promessa a uma missão quase impossível, é necessário, somente, acreditar. Adotar uma postura positiva diante de tudo e de todos. Foi justamente isso que descobri: a vida humana só tem sentido quando é uma ótima aluna minha, aluna da dona Esperança, da família Esperançar!
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Esperar e esperançar
Anne Guedes Pinto
Colégio EAC - Capivari/SP
Oi! Eu tenho apenas 218 dias, mas a maioria da população já me odeia. Vou me apresentar: muito prazer, eu sou 2020. Não gostam de mim por conta da Covid-19, da quarentena, e porque já estamos na metade do ano e ninguém ainda descobriu a cura para esse problema.
Bom, vou falar mais sobre mim. Nasci no dia 01/01/2020, às 00h01. Tenho mais de dois mil irmãos e me consideram como o pior ano da história. Que triste, né? Eu queria ter sido como meu último irmão, o 2019. Ele vive se queixando de que aconteceram muitas tragédias, mas eu daria tudo para ser ele.
Tomara que não aconteça mais nada para a gente e tomara que 2021 seja um ano perfeito. Eu gostaria de saber o que acontecerá, mas meu pai, o Tempo, sempre nos conta tudo em cima da hora.
Andei pensando sobre minhas vontades, e descobri em mim o desejo de ser um cientista para poder descobrir logo essa cura. Meu pai fala que vão descobrir isso lá pro fim do ano, mas eu quero que isso aconteça “logo logo”. Muitas pessoas falavam que esse ano seria perfeito, mas hoje elas acham o contrário. Fico triste, pois, bem no fundinho, sou um ano tão doce!
Meus irmãos caçoam de mim, pois dizem que milhões de pessoas andam afirmando por aí que sou um dos piores anos já vividos. Para eles é simples, já que não têm tantos problemas como eu. No fundo, eu queria que as pessoas gostassem mais de mim. Até perguntei para meu pai se eu poderia ficar no lugar de Dois Mil e Vinte e Um, mas é óbvio que ele não deixou.
Já vi vários irmãos que passaram por coisas parecidas, mas nenhum chegou a esse ponto em que eu estou. Já até tentei pedir para o meu pai para fazer esse resto do ano bem melhor, mas ele disse que é preciso esperar e esperançar!
Bom, agora vou me despedir porque preciso ver se de algum jeito consigo melhorar. Tchau!
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Zahara Abdott
Anna Lara Coelho
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
O meu nome é Zahara Abdott, nasci em Leirdorh, Vênus, no dia 18 de fevereiro de 2009. Sou filha do comandante do quartel-general daqui, ele se chama Heidi Tophor Abdott. Minha mãe se chamava Dandara Adria Abdott, não cheguei a conhecê-la. Meu pai sempre me dizia que ela morreu na terra, mas nunca soube o motivo. Vivi minha infância inteira praticamente sozinha, pois meu pai trabalhava o dia todo enquanto eu ficava com uma babá, da qual eu devo toda a minha vida a ela, pois foi ela que me ensinou a ler, escrever, a ser educada e outras várias coisas que se não fosse por ela nunca saberia. Meu pai só me via às vezes, pelo trabalho e por morar em outra cidade, mas nunca o culpei por isso.
Quando eu fiz 11 anos fui “obrigada” a entrar em uma escola, pois se eu ficasse em um colégio por período integral eu não precisaria mais de uma babá, chorei muito no começo e todo o dia implorava pra não ir, mas não adiantou, tive que ir para a “nova” escola. No primeiro dia fiquei sozinha, mas como já estava acostumada não liguei, as aulas passaram tão rápido que nem percebi. No segundo dia, três meninas chegaram me olharam de cima a baixo e me disseram que eu nunca ia ser bonita, claro que fiquei chateada, mas depois acabei esquecendo isso, novamente as aulas haviam acabado me deitei, e como toda a noite, me perguntei se um dia iria para outro planeta (era tipo um sonho meu), então logo adormeci. Depois de um mês na escola sempre repetindo o mesmo processo havia conseguido uma amiga, ela se chamava Criszal, ela era órfã, mas sempre estava sorrindo. A conheci no refeitório, depois nos tornamos colegas de quarto e logo depois viramos amigas. Ela me apoiava e me ajudava muito na escola, além de ter me tirado boas risadas.
Quando fiz 16 anos, uma doença muito forte foi criada e soltada em nosso planeta, ela era tão forte que até nossos titãs estavam morrendo, o que era impossível até aquele momento, então eles descobriram que havia uma doença parecida na terra, mas só pessoas com menos de 18 anos poderiam entrar na lá então resolveram fazer um sorteio para ver quem iria até lá tentar achar a droga de uma cura, é obvio que eu não ia participar, mas aí aquelas três branquelas que haviam me chamado de feia falaram que era melhor eu nem participar, pois eles estavam procurando pessoas fortes e não fracas como eu, e claro que quis dar uma de corajosa e entrei no sorteio, mas para a minha sorte (ou não) quem iria à terra buscar a cura era ninguém mais ninguém menos que eu, quando eu ouvi isso fiquei tão assustada que desmaiei, com certeza esse foi um dos dias mais assustadores da minha vida. Dois dias depois do ocorrido eu estava pronta, pronta pra realizar um sonho de infância, pronta para ir até a terra. Naquela hora lembro que eu estava apavorada, eu iria sozinha com somente TRÊS dias para encontrar a cura de uma doença, você pode achar loucura, mas eu achei incrível. Depois de algumas horas de viagem finalmente cheguei à terra, minha nave havia me deixado em um beco escuro para que ninguém visse, depois foi em busca de um abrigo para que pudesse encontrar a cura mais rápido. Eu estava pasma, não tinha ninguém nas ruas que por sinal estavam cheias de lixo, então vi um panfleto que dizia “fique em casa por nós, fique em casa por você e o mais importante, fique em casa por eles” e uma foto de dois velhinhos de máscara, que por sinal estava em todos os panfletos.
Até que uma moça muito simpática falou que ia me dar abrigo, ela se chamava Laila, eu aceitei mas antes ela me deu uma máscara e me levou até um médico para tirar a temperatura etc. Assim que saímos do médico ela me levou para casa dela e lá haviam três meninas, uma bem simpática, calma e inteligente, outra bem brava e parecia ser a irmã mais velha, e a outra doce, esquentadinha e parecia ser a irmã mais nova.
Elas me receberam muito bem mas tinha a impressão que a irmã mais nova estava com ciúme. Elas me perguntaram algumas coisas das quais eu não sabia responder, logo depois a irmã do meio me falou que se chamava Clarisse e que qualquer coisa era só chamá-la, a mais velha me falou que se chamava Vitória, e a mais nova disse que se chamava Sarah. O primeiro dia já havia se passado e tinha descoberto que: 1. Era necessário usar a máscara 2. Que açaí é muito bom 3. Que era necessário ficar em casa. Além disso, só que as pessoas daqui são meio porcas mesmo.
No final do segundo dia nós paramos para ver o jornal, e descobri que também é necessário usar álcool em gel e também manter o distanciamento social. Depois fomos dormir, mas a dona Laila disse que iria trabalhar a noite toda e que depois que acabasse iria dormir. O terceiro dia havia chegado, eu não sabia o que fazer, eu ainda não tinha achado a cura, mas já era tarde não dava mais tempo. Então antes de ir embora conversei com aquela família e perguntei por que elas continuavam tentando, trabalhando, estudando mesmo nessa situação tão ruim, e elas me disseram todas ao mesmo tempo: ESPERANÇA, foi aí que eu descobri o que tanto procurava, me despedi daquela família entrei na nave e voltei para o meu planeta.
Quando cheguei lá estavam todos me esperando então disse tudo o que havia descoberto, disse que é necessário usar a máscara, manter distanciamento social, ficar em casa etc. Então me perguntaram qual era a cura e eu disse: “A cura não é bem um remédio, nem uma vacina, é algo bem mais simples que isso, é um ato, o ato de ESPERANÇAR, que significa em outras palavras crer, acreditar que e possível, é ter fé, é ter ESPERANÇA!”.
Hoje tudo corre bem, ainda estamos como vocês terráqueos dizem “quarentena” mas sabemos que vai passar e que tudo vai melhorar. Hoje em dia já tenho seis prêmios, e me tornei tipo um exemplo para as pessoas, e sei que tudo isso vai acabar em breve o nome disso vocês já sabem, mas não custa lembrar, ESPERANÇA! Tudo vai passar, pode acreditar.
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Sobre 2020, vírus, guerras e esperança
Anacleto Artur Aguiar de Arruda
Colégio Nossa Senhora do Amparo - Surubim/PE
Dois mil e vinte é uma farsa. Não me entenda mal, não vim aqui para conspirar contra a realidade e dizer que vivemos numa Matrix, onde nada é real. Contudo, 2020 tem me parecido um trabalho burlesco, desde que começou. Ora, iniciemos pelos números: 2020. Quem imaginaria que numerais que casam tão bem juntos trariam consigo uma tragédia? Esperava isso de 2157 ou 2039, esses sim números feios, não inspiram confiança alguma.
Em seguida, vamos aos fatos. 2020 começou com um Secretário da Cultura fazendo referências nazistas em um vídeo mais que grotesco. Não tínhamos percebido ainda, mas aquele já era um sinal dado por 2020 para nos prepararmos. Ainda, no mês de janeiro, tinha gente preocupada com um surto de pneumonia lá pelo Oriente. Mas, "ano novo, vida nova", não é? Quem sabe o surto respiratório por lá, era presente final de 2019 (data feia também, é compreensível tudo que de ruim aconteceu nesse ano). Afinal, o ano novo chinês seria somente no dia 25 de janeiro, até lá, tudo era culpa do problemático 2019. Teve também ameaça de Terceira Guerra entre o Irã e os Estados Unidos e queimadas na Austrália. Seguimos. 
De repente, tudo mudou. Toda esperança que ainda se tinha, foi-se pelo ralo, ao que pareceu. Todo o mundo parou para observar o que estava acontecendo. "Que vírus é esse?" "Vai me matar?" "Posso sair na rua?" "Por que as casas americanas têm parede de papelão?", e outras várias questões pertinentes apareceram na tentativa de desestabilizar-nos. Porém, eu gosto de pensar que esperança é como enfermidade: todos temos alguma, mesmo que você ainda não a tenha percebido, ela está aí com você, acompanhando-o desde quando você corre para o banheiro depois de acordar, porque bebeu muita água no dia anterior, até a hora que o relógio bate duas da manhã e você percebe que deveria ter ido dormir dois episódios de Grey's Anatomy atrás. Às vezes, ela se esconde e você pode achar que não existe mais, mas basta alguma coisa boa acontecer, que as duas voltam a acompanhá-lo. Garanto!
Porém, como a gente faz para achar esperança, quando só tem caos acontecendo? Simples, não faz. Depois de tanta coisa ruim que aconteceu neste ano, tenho certeza de que eu e você merecemos colocar a esperança de lado por uns momentos e só vegetar a Terra, imaginando como o mundo poderia ter sido se Roma tivesse perdido as Guerras Púnicas para Cartago, ou se o feudalismo nunca tivesse chegado ao fim. É certo que uma hora ou outra imaginar o fim do mundo vai ficar chato e a esperança acaba vindo, seja na forma de uma notícia sobre uma vacina que pode salvar o mundo, seja na percepção de que pandemias vieram e foram, e o mundo continuou. Além do mais, é mais crível que um ser humano acabe com todo o planeta que um mero viruszinho capenga.
Ora, é a isso que devemos nos prender: tudo o que já vivemos atualmente já foi vivido de forma semelhante ou até pior, vide a gripe espanhola, do começo do século passado, e só sabemos disso porque pelo menos alguém ficou vivo para contar a história. Consequências virão, e elas tendem a ser devastadoras, mas a humanidade vai permanecer. Pelo menos por uns bilhões de anos até que o Sol se transforme numa supernova, nesse caso é bye bye, humanidade mesmo, mas, por enquanto, seguimos fortes.
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A esperança não pode parar
Vitória Mesquita Campos Mendes
Colégio Travessia - Três Pontas/MG
Era abril, e durante o almoço de um dia de semana pais conversavam:
_ Esse Raul Seixas era um gênio mesmo! Essa música nunca foi tão atual…
_ No dia em que a Terra parou ôôô…
Confesso que só havia escutado a música uma ou duas vezes e não me recordava da letra, então resolvi procurar um vídeo no YouTube. Não deixei de notar os comentários, com centenas de “curtidas”, de pessoas aflitas, apontando semelhanças da composição de Raul Seixas com o contexto vigente. Saindo do vídeo, encontrei a página inicial do site repleta de notícias desanimadoras. Pensei em como a rotina, da qual costumávamos tanto a reclamar, nos faz tanta falta, e o tempo, cuja falta nos servia de desculpa, mesmo que agora talvez mais disponível, acaba sendo preenchido com medo e incertezas.
No entanto, procurando mais um pouco, um vídeo novo apareceu, depois outro, e mais outro. Um desses, filmado na Itália, mostrava vizinhos cantando juntos nas janelas dos prédios. Em um segundo, nos Estados Unidos, crianças cobriam as janelas de casa com mensagens e coloridos desenhos de arco-íris. Outro, na China, mostrava médicos e pacientes dançando em um hospital.
Assim, percebi que a letra do “Maluco Beleza” não podia ser uma realidade. Mesmo diante de circunstâncias tão poderosas e desafiadoras, em que o sofrimento parece nos fazer parar, coisas simples, como uma palavra reconfortante ou uma melodia alegre, ainda que pequenas, combinadas, têm o poder de manter o movimento do mundo. Elas dão forças para o empregado, o guarda e o doutor, que se arriscam e saem sim todos os dias para trabalhar, e para aqueles que não saem, mas que também contribuem, em suas casas, para o enfrentamento de um desafio cuja superação requer o apoio geral.
Por enquanto, ainda vivemos um cenário muito distante de ser um “sonho de sonhador”, do qual não podemos acordar. Contudo, devemos continuar a ter a coragem de esperançar, “porque nenhuma escuridão, nenhuma estação dura para sempre”.
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A gente trabalha com o que tem
Manuela Marchezini Fadel
Colégio PGD - Londrina/PR
Olga odeia a chuva. Odeia porque chuva significa engarrafamento, e engarrafamento significa gente mal-educada. Odeia porque chuva significa tempo feio, e tempo feio significa gente de cara fechada. Odeia chuva porque, quando chove, os passarinhos se escondem e o mundo se torna um pouco mais cinzento. Está chovendo agora mesmo, e Olga, dentro de seu Volvo 2008, quer sair correndo; se mesmo quando o dia nasce ensolarado, não há trânsito e as pessoas acordam especialmente simpáticas, o mundo já é um lugar horrível de se viver, imagina debaixo de um fenômeno tão abominável quanto a chuva! Então, carro devidamente estacionado, ela corre. Corre porque já não é nada esperançosa, não acha que receberá um sorriso no meio da avenida (não que um sorriso salvasse a Amazônia, ou seu dia) e o dia não tem cara de quem vai clarear. A rua em que cai, ao virar a esquina, é como todas as outras: igualmente sem sorriso, igualmente sem cor. Até que a senhora com a cabeça, irresponsavelmente pra fora da janela do 3o andar, prédio 321, sorri. Quem sabe tenha lembrado dos banhos de chuva que tomara com a falecida mãe quando criança, ou que as plantas que guarda na sacada vão tomar água do céu, não da pia, pela primeira vez em meses. A mulher sorri, e o prédio 321 é laranja, tão vibrante que é vergonhoso não ter notado antes. A pintura provavelmente será danificada pela água e o sorriso da senhorinha salvou o dia de Olga, não a Amazônia, mas tudo bem! É um começo! Logo, os passarinhos voltam a voar por aí.
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Passarinha
Sophia Yurie Irita
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Me remexi mais um pouco na cadeira, desconfortável, ainda enrolada na coberta. Nas minhas mãos, minha xícara de chá já meio fria é distraidamente segurada enquanto minha mente viaja e, em meu âmago, as emoções são intensas. O céu nublado e poluído com estrelas artificiais das casas no horizonte é minha visão da varanda. Uma noite qualquer. Tudo aparentemente normal, igual a ontem e parecido com alguns meses atrás. Ah, nunca antes as aparências enganaram tão bem. Estamos apenas fingindo que está tudo bem, o normal perdeu sentido.
Mais do que em uma típica “crise adolescente”, estou em uma crise humana. Nada parece certo. O mundo está bagunçado, estamos em meio a uma pandemia, as corrupções políticas estão escancaradas, passamos por problemas econômicos, há crises humanitárias, há guerras e as notícias que recebemos… tão desanimadoras… Sinto-me afogando aos poucos em meio a um oceano de informações que me rodeiam. Preciso de ar. Preciso voar, sair nem que seja pelo buraco da fechadura. Mas não posso. Estamos de quarentena, precisamos nos isolar, não há para onde fugir. Além disso, internamente o mundo pode parecer ter parado para mim, porém, essa estática não se transpõe na realidade e eu “preciso” continuar. Ninguém pode parar. Devo manter o ritmo, estudar, me exercitar, socializar, viver. Nada mais parece tão fácil quanto antes. O meu coração está apertado de novo, a ansiedade e a angústia são minhas constantes companheiras atualmente. Eu preciso… preciso… Não sei bem o que eu preciso e isso apenas torna tudo pior.
Na minha imaginação, os passarinhos imaginários impossíveis de notar no corre-corre da cidade são motivos da minha inveja. Eles podem sair, voar, ir para longe daqui, fugir desse caos que nós humanos criamos. O que me falta para ser uma passarinha? No prédio vizinho, mais uma luz se apagou, pouco a pouco tudo vai ficando cada vez mais escuro. Meu passarinho voou da minha mente. Estou sozinha novamente.
Tão imersa em meus pensamentos, não percebi um movimento ao meu lado. Sorrateiramente minha gata me encontrou e pulou no meu colo. O meu susto foi tão grande que eu não consegui me mover por alguns instantes. Nervosa, olho para ela. Minha gata me olha com a certeza de um animal, despreocupada, eu relaxo. É, talvez eu não esteja tão sozinha assim. Não me seguro e solto uma risadinha. Talvez os seres humanos tenham muito o que aprender com os animais, precisamos ser mais como eles, acho, despreocupados, confortáveis consigo mesmos. É isso que me falta para ser passarinha?
Ronronando no meu colo minha gata pede mais atenção. Acaricio-a levemente, deixando-me vagar na minha mente de novo. Será que relaxar totalmente e me afastar emocionalmente é a solução para eu poder voar? Se eu fechar os olhos para o mundo, meu interior ficará mais calmo? Caso eu esqueça de tudo, serei passarinha?
De repente meu celular vibra. Na tela, uma mensagem boba de um amigo meu: “Eie, tá acordada? Queria papear…”. E por que não? Na calada da madrugada, mais de uma hora foi gasta trocando mensagens e rindo silenciosamente de besteiras. Parecia até que ele estava ali de verdade. Por um momento tudo pareceu mais fácil e leve. Quando nos despedimos, eu estava menos angustiada. Será que é por isso que passarinhos voam em bandos? Para ter uma viagem mais leve? Então estou no caminho certo, penso sorrindo para a figura adormecida da minha gata ao lado do meu celular.
Mas por que eu quero ‘passarinhar’ mesmo? Ah sim, quero voar. Quero a leveza de um passarinho, a despreocupação de um animal… Quero sair dessa loucura que os humanos criam. Quero fugir de mim… Se eu fosse menos eu talvez o mundo não me trouxesse tanta angústia, eu não me preocuparia com a pandemia ou com a violência porta afora da minha casa. Eu não estaria com a ansiedade a mil nem me desesperaria em meio ao caos que é estar em meio à crise…
Olho para minha xícara de chá. Meu chá favorito e minha xícara favorita dada pela minha vó. Isso me distrai e me faz sorrir também.... Assim como conversar sem compromissos com meu amigo pela internet no meio da madrugada sobre temas sem contexto, ou estar com a minha gata, ou poder ver a vista da minha janela no friozinho do escuro. Ou poder imaginar. Sonhar em ser passarinha, em poder voar, em poder ser livre no amanhã, em fazer meu próximo dia valer a pena, em andar na rua sem problemas… Sonhar com um próximo ano melhor, me imaginar passando na faculdade e superando os obstáculos que hoje me sufocam… isso tudo me faz sorrir. Sonhar me faz ter esperanças, alivia o peso dos meus problemas.
E com essa linha de pensamentos sem nexo, um sorriso besta nos lábios frios, eu assisto o sol nascer. A manhã finalmente chegou. Os tímidos raios de luz pouco a pouco iluminam meu dia, assim como meus sonhos, minha gata, meus amigos, minha família, minhas pequenas felicidades do dia a dia iluminam minha vida. Agora sei o que eu preciso. Meus ingredientes para felicidade estão aqui. Eles estiveram aqui o tempo todo, eu estive aqui o tempo todo. Já sou passarinha há muito tempo, já sei esperançar.
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Presa na Matrix
Lara Araújo Giacomini
Colégio Camões - Santa Cruz do Rio Pardo/SP
Segunda, terça, quarta, quinta e segunda novamente. Provavelmente, você deve ter pensado (ou, se estiver como eu, talvez não tenha sequer notado) que cometi algum engano. Mas não! Os neurônios que me restam ainda me permitem lembrar da existência dos sábados e domingos. Meu ponto é: que diferença faz? Acordar, atender as videochamadas, estudar, ver o noticiário (90 mil mortes), jantar, estudar mais um pouco, dormir, acordar novamente. Todos os dias parecem-me iguais na matrix da quarentena — com a ressalva de que, no dia seguinte, o número de mortes já passa dos 100 mil. Não sei por mais quanto tempo essa situação irá perdurar. E, enquanto perdura, a angústia me consome. Poderão ser 200, 300 ou até 500 mil vidas de brasileiros perdidas, que os números já não nos abalam, afinal, “o show tem que continuar”. Só que a vida, sinto-lhe dizer, não é um show. Uma peça teatral? Talvez. Mas que seja, então, uma tragédia. E a tragédia me consome.
Assim pergunto, nesses dias idênticos, quando foi que a sensação do absurdo — o mesmo absurdo que Camus percebeu em Sísifo e em nós, mortais — consumiu nossas vidas? Um absurdo sustentando pela indiferença, pela inércia de nossas existências. Entretanto, não desejo encontrar respostas por meio dos meus questionamentos. Aliás, peço licença a Drummond — por quem minha admiração é imensurável — numa tentativa de comparar meus sentimentos com os do eu poético que se esquiva da Máquina do Mundo. Mesmo que a mim se revele o Cosmos, a Verdade Universal ou Solução da Ciência para Todas as Epidemias, sinto que a fé e a esperança mais mínima, “esse anelo de ver desvanecida a treva espessa que entre os raios de sol inda se filtra”, se desvaneceram. Como posso, então, seguir, se já não me faz mais sentido buscar os sentidos de tudo o que se encontra ao meu redor? E de que adiantarão meus pontos de interrogação? No fim, também serei consumida pela impassibilidade (se é que já não fui).
Não. Não posso. Isso não! Sei que no fundo, bem no fundo, por trás de todas as camadas de existencialismo e de niilismo fajuto, ainda sou a mesma jovem de 5 meses atrás. Cheia de sonhos, anseios, ambições e energia para transformar o mundo (pelo menos, nos meus ideais). E não posso, simplesmente, abandoná-los. Ou melhor, fingir que não habitam mais em mim. Ainda creio na rosa de Drummond — o poeta que também já foi idealista. Creio na flor que fura, ainda que desbotada e feia, o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio. A flor que nasce para o povo como símbolo de resistência, mas, sobretudo, de esperança. E dela, portanto, não posso me abster. Por mais suja, mesquinha e nefasta que possa ser a humanidade, ela ainda pode fazer algo de bom para si. Para isso, creio eu, não são necessárias grandes razões. Nada verdade, talvez elas nem existam. Mas prefiro me ater à possibilidade de aproveitar a chance de fazer algo bom, de agir pensando no bem-estar coletivo e de vislumbrar um futuro em que a empatia tome lugar do individualismo que corre em nossas veias do que me sujeitar à inércia.
Ainda assim, não posso deixar de lado minha crença de que Camus estava certo. Somos como Sísifo. A figura grega condenada a rolar um pedregulho montanha acima e assisti-lo cair de novo e de novo, perpetuamente. Todavia, Camus também nos ensina a triunfar sobre constante possibilidade do desespero. Lembro-me de A peste, romance em que trata justamente da chegada de uma epidemia à cidadezinha de Orlã, na Argélia. A cooperação e união surgem entre os habitantes, superando a apatia, a histeria, entre outros desafios do isolamento, mas não de uma obrigação moral; surgem da simples possibilidade de se pensar como parte de um grupo. Da simples possibilidade de ESPERANÇAR. E para resistir ao absurdo do cotidiano, não vejo outro caminho senão me apegar à esperança. Seja ela uma alternativa ao caos, um convite lúcido a viver e criar no meio do deserto ou uma flor. A flor pálida — mas que é flor — de Drummond.
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Ato heroico
Daphne Lie Haranaka Pereira
Colégio Raízes - Mogi das Cruzes/SP
Aprisionado, capturado, confinado e trancafiado… aprendi que adjetivos servem para dar aspecto a algo, e esses certamente são os que mais me descrevem nesse momento, olhando para as mesmas paredes, móveis e sujeira por um período de tempo que parecem anos.
Ontem de manhã (exatamente às 8:42) desci para tomar meu café da manhã, assim como todos os dias anteriores a esse… mas havia algo de errado, olhei em volta procurando alguma pista para me levar à resolução desse problema logo de manhã… mas sem sucesso, olhei para baixo aceitando a primeira derrota do dia, mas foi nesse momento que descobri o que estava me incomodando.
Logo ao lado do fogão velho da minha mãe e a porta pela qual ela saía todos os dias para trabalhar havia uma ratoeira… mas não era qualquer ratoeira, uma que realmente completou o seu trabalho de capturar o pobre do rato, fiquei enjoado de ver a cena, logo quando enchi a boca de cereal, mas acabei esquecendo quando percebi que o animal não estava morto, encarei seus olhos, que claramente estavam assustados e desesperançosos, comecei a ficar triste pela morte iminente do rato… mas foi aí quando percebi que ele não estava sozinho.
De longe acabei vendo uma sombra saindo de outro canto sujo da cozinha, seria aquilo a segunda vítima daquele horroroso instrumento de tortura do tamanho da palma da minha mão? Descobri a resposta depois de alguns segundos admirando o animal, aquele tinha cara de ser mais esperto, de algum modo conseguiu ultrapassar o campo minado de ratoeiras que cobria a porta da frente, e foi logo ajudar seu… amigo? Irmão? Filho? Não me importava… queria saber logo o desfecho da história do nosso agora herói rato.
Depois de alguns minutos, que me pareceram horas, o rato herói chegou ao seu companheiro, ficaram se encarando, deviam estar conversando sobre o plano salvador de roedores, mas não tinha certeza (assim como não tinha certeza de nada que me acontecera até aquele ponto). Encarei de novo o olhar do rato preso, fiquei impressionado com o seu olhar… parecia mais vivo e contente, mesmo que ainda estivesse na mesma situação que alguns minutos atrás.
Depois de olhar várias tentativas sem sucesso por parte do rato herói em tirar o amigo da armadilha, fiquei entediado, e desviei o olhar para outra coisa que me chamava atenção (que agora não me vem à cabeça), mas quando lembrei da história dos dois roedores virei o olhar depressa para aquele ponto sujo da cozinha.
Desapontado, esse era o adjetivo que pensei quando vi que no lugar que antes tinha uma batalha entre animais e máquinas agora era substituído apenas pela velha ratoeira, mas logo me senti feliz por não presenciar a morte do meu lado logo no café da manhã, e sim uma guerra épica… que me pareceu ter um final feliz.
Depois desse pensamento voltei correndo para o meu quarto a fim de procurar o dicionário, precisava de um vocabulário um pouco mais positivo para tentar descrever como me sentia.
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Antíteses complementares
Beatriz Sinkoç Garbini
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Em tempos de pandemia muitas coisas me vêm à cabeça, coisas boas e ruins. Relembrar de momentos antes de tudo isso, me enxergar agora e refletir sobre é muito importante. Trago um pensamento que tive analisando a realidade antes e depois do covid-19. Antes, eu fazia planejamentos para o ano, para os estudos, para o ingresso na universidade e estava bem empolgada. Com a pandemia, tudo isso se embaralhou. Assim, é como se antes tudo estivesse organizado em um plano cartesiano, planejado e baseado em uma tabela. Agora, a crise retirou essa tabela de modo brusco deixando todos os planejamentos bagunçados. Para reorganizá-los precisamos de uma nova tabela, e para isso a esperança tem um papel crucial.
Como já dizia Paulo Freire: “esperançar é construir, esperançar é não desistir”. Ou seja, a construção da nova tabela precisa de esperança para se concretizar. É ela que nos possibilita nos organizarmos para fazer as coisas acontecerem.
Não quero aqui ser aquilo que Ariano Suassuna chamou de otimista tolo. É preciso também compreender que a construção e a desconstrução não são fáceis. De modo algum este período está sendo fácil para nós. É tempo de amadurecimento e para isso precisamos entender que o sofrimento é necessário tanto quanto a esperança.
Em suma, a construção de uma nova tabela para nossos planejamentos não é uma tarefa fácil. Mas a esperança deve fazer parte deste processo de forma realista. É com redes de apoio, imaginação e arte, é ouvindo “Encontros e despedidas”, de Maria Rita, que passaremos por cima desta pandemia e sairemos mais fortes: “São só dois lados / Da mesma viagem”.
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Helicóptero colide com prédio em pouso de emergência
Ana Luísa Silvestrini Nasciutti
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
“Houve também uma vítima de quinze anos, que pulou da janela a fim de fugir das chamas. Os bombeiros chegaram ao local minutos depois...”, fecho o jornal com certa violência, sentindo como se o incêndio ocorresse dentro de mim, enquanto espero minha carona sentada no meio-fio. Nunca gostei desse tipo de sensacionalismo; chega até a ser irônico que as tragédias sejam sempre a primeira página, já que ir atrás deste tipo de desgraça seria exatamente o tipo de instinto que acabaria com a raça humana. São teimosos os humanos. Sobreviveram, com uma dimensão corporal ridícula, contando apenas com polegares opositores, contrários a todas as expectativas e, com seus polegares e outros dedos, construíram prédios e helicópteros, para trombá-los. Se o menino tivesse esperado mais um pouco...
Falando em esperar, onde é que será que estão eles? Olho para o outro lado da avenida e nada de Ford Anglia. Ajeito meu relógio de pulso, nada de bombeiros. Aqui ainda não está quente o suficiente, nem sufocante o suficiente para que tenha de sair de fininho do evento em que nem cheguei ainda, carregando um guardanapo e a caneta que sempre tenho comigo, para escrever sobre a notícia que li mais cedo, sabendo que meu texto talvez nem chegue a ser publicado no jornal. Por isso, aprumo a postura, a fim de preservar a coluna, pois sei que ainda terei de esperar um pouco mais.
Flagro-me levemente irritada com meus companheiros, não só por me fazerem esperar mais do que já se espera da vida, mas por me largarem pensando na calçada, como se tivessem direito de me queimar dessa forma. Ora, não são eles jornalistas falidos, largados a esmo esperando a chegada de significado que os convença a publicar sua última peça escrita. Canso-me da espera, esperei tanto que já não espero, nem alcanço; resta-me o áspero do concreto, que permanece colado a minha pele por teimosia. São teimosos os escritores, apesar de todo o aguardo. Afinal, se me levantar e partir, virei a pensar depois, se tivesse esperado mais um pouco...
Concluo que não existe perspectiva em ir à conferência. Há diferença, entende. “Esperança não vem da espera”, corre por minha cabeça um bom jogo de palavras para poesia, se eu escrevesse poesia. Se o homem tivesse esperado, a recompensa seria provavelmente a extinção, mas se o menino tivesse esperado, talvez também não tivesse sobrevivido. Por que espero, então? A existência, portanto, assim como a esperança, é uma questão de pura teimosia. Teimar em continuar vivo, enquanto o fogo insiste em queimar, ou teimar em escrever, mesmo que as revistas insistam em não contratar.
Enquanto amarro minha corrente de pensamento, pensando que o menino podia ter se amarrado a uma corda, pousa uma mariposa em meus cabelos. Até mesmo eu, que nunca fui supersticiosa, sei que essa aterrissagem não poderia ser expressão da Coincidência, outra que da Esperança – não sou grande como prédio para impedir o pouso de um helicóptero, muito menos de uma borboleta. Levanto-me, então, num rompante, aprumo o vestido desconfortável, cato do chão o projeto de texto e rumo. O inseto volta a voar, possivelmente em busca de escritores jogados no meio-fio. Sigo, sem olhar para trás.
É mesmo uma graça que não tenha se virado, porque senão o que veria seria apenas um pedaço de papel rasgado batendo asas conforme o vento.
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Ser humano: ser insistente
Eduardo Carvalho Sergio Bones
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
“Roi”, leitor, né? Me darei o luxo de perguntar como está sendo seu dia – por uma questão de educação e introdução adequada – mesmo que a resposta seja inviável. Logo: como está sendo o seu dia? Ou melhor, seus dias? Na realidade, a diferenciação entre um dia e vários, atualmente, tem sido cada vez mais complexa: não se sabe ao certo que dia é hoje ou muito menos se hoje é hoje. Passar seus dias limitado apenas ao espaço de sua própria casa, mudando rápida e abruptamente a forma de se relacionar com outros indivíduos pode levar a perda da noção de tempo e até a péssimos dias – ou dia.
Ignore esse devaneio digno de uma dissertação – pertencente a um discurso que estamos cansados de ouvir – e pergunte como estão sendo esses meus “dias”. Me adianto e respondo que tem sido de uma péssima excelência: ao mesmo tempo que tenho vontade de socar as paredes e gritar com toda energia do meu ser as palavras “já” e “chega”, tenho tido tempo de conversar comigo mesmo e tentar me entender. Talvez esse seja um dos primeiros sinais de loucura, mas eu sou um ouvinte tão bom e sábio, tenho tantos conselhos bons e me sinto tão próximo da verdade absoluta. Desculpe, Platão, mas eu prefiro a sabedoria da minha caverna, sair dela é para os fracos.
Sem mais delongas, o fato é: estamos todos perdidos. Não no sentido de um apocalipse eminente – até porque ele já chegou – mas sim no sentido emocional e racional. A vida parar de repente era algo inimaginável até 5 meses – ou 5 horas dependendo da sua visão do tempo – atrás: quem imaginaria que um ser microscópio iria jogar a humanidade no bueiro? Entender que um vírus deixa qualquer exército no chinelo era algo para poucos, agora somente para, no mínimo, 7 bilhões de pessoas. Minha vasta sabedoria me leva a crer que não sou só eu que tenho vontade de socar as paredes ou considero o tempo como um inimigo. Exatamente, esse miserável sai correndo e sempre nos deixando para trás, como em um trem que está em movimento sem avisar os passageiros, que esperam ansiosamente o início de seu movimento.
Esperar é a palavra motriz de todo sentimento nessa quarentena e, de certo modo, é até irônica: forçar milhões de pessoas que não têm paciência de ficar mais de 5 minutos em uma fila a ficar 5 meses sem sair de casa chega a ser engraçado. Não me entenda mal, caro amigo, longe de mim querer instituir um comportamento considerado adequado. Para se ter uma noção, não vejo a hora de terminar esse texto e poder seguir com minha infinidade de “nadas” para fazer. O problema é que tal falta de paciência pode levar a diversas questões, como o agravamento da atual crise, discursos de ódio e até a ozônio.
Diante de tantos problemas advindos de crises como a atual, como não se desesperar? Como não desistir? Por que não torcer para que o trem continue “parado” em uma falsa ilusão? A resposta, embora simples, pode ser complexa em seu entendimento. A existência de todos os problemas citados coexiste com sua própria existência, no entanto não há nada que possa ser feito em larga escala. Mas assim como uma célula é crucial para o funcionamento de um indivíduo, cada ser humano é importante para o funcionamento de toda a sociedade – isso mesmo seu serzinho insignificante, você também importa muito. Milhares de pessoas já terem deixado de esperar não é motivo para que perdemos a paciência com eles nem com o contexto atual. Pensar em um amanhã melhor e agir da forma que esperamos que os outros ajam é o melhor a ser feito. Ter em mente que, embora o trem permaneça em um movimento estático e o caminho seja árduo, ele irá chegar na próxima estação.
Assim como o trem, esse texto seguiu seu movimento estático e chegou ao fim. Possivelmente esse texto passou rapidamente ao encontro de seus olhos e talvez você se pergunte se realmente passou tão rápido assim, e é exatamente essa forma de negar o óbvio e insistir em continuar que o torna humano. Você pode achar que tenha sido minha sabedoria adquirida na caverna quem me mostrou isso, mas foi justamente a falta dela. Errar constantemente e consertar tudo; crer em um futuro melhor mesmo no pior cenário; ter força para superar a própria insignificância perante o Universo e ter a certeza de que o amanhã é incerto e mesmo assim insistir nele são os atos mais puros de humanidade. E não ache que isso é se iludir, é esperançar. E não existe nada mais belo que isso.
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Os frutos da esperança
Yasmin Camilly Malentaque
Colégio Ideal - Santa Bárbara d'Oeste/SP
Meu vigésimo oitavo aniversário, e é olhando-me no espelho que lembro de como desde a infância tive que aprender a lidar com as decepções da vida. Minha família é simples, quatro irmãos pequenos e minha mãe, minha pobre mãe que me ensinou desde pequena como é lidar com o pouco, como é ser hostilizada, como é receber os olhares de pena, como é necessário não deixar os ferimentos cotidianos acabar com a esperança de um amanhã melhor. A vida de uma criança abandonada pelo pai e moradora da periferia sempre exigiu esperança.
É olhando-me para o espelho que lembro da conversa que tive a alguns anos, foi com uma senhora aqui da favela; minha mãe não gostava do fato de eu conversar com ela, dizia não ser boa influência. Mal sabe minha mãe, que foi em uma daquelas conversas com a pobre velha o momento em que resolvi mudar minha vida. Era inverno, tinha apenas 14 anos e estava sentada em um canto de uma viela pensando em como eu nunca seria igual aos outros, foi nesse momento em que a senhora se aproximou e me fez a pergunta:
_O porquê do choro, minha jovem?
_ Meus amigos de escola têm razão, eu nunca serei igual aos demais. Eu havia respondido, soluçando
_ E o porquê deles dizerem isso?
_ Sou uma menina pobre, senhora, moro aqui nessa favela, vejo minha mãe sofrer todos os dias para colocar comida na mesa. Mal tenho roupas para vestir e livros para estudar, nunca terei a chance de ser feliz igual aos outros.
—Minha jovem, sou uma pobre velha mas sei o que digo. Você tem que ter esperança. São nos solos mais áridos que nascem as mais belas plantas. Minha doce e ingênua criança, não deixe as dores da vida apagarem a tua esperança. Lembre-se, minha querida, aqueles que lutam e persistem são os que amanhã colhem o mais doce fruto da vitória.
Eu era muito jovem, e a esperança em mim ainda não habitava; contudo, não me esquecia daquelas palavras e aos poucos fui semeando. Os dias nunca eram fáceis, as chances de mudar eram poucas, as pessoas não olhavam para mim. Mas segui o conselho da velha senhora, dia após dia, mesmo na tristeza continuava esperançando.
Olhando-me agora no espelho, volto das minhas lembranças com a minha mãe me chamando. Minha querida e hoje debilitada mãe, que antes tentava manter o alimento na mesa, me chamou chorando. Hoje era o dia, o dia em que minha mãe e meus irmãos iriam comigo em minha formatura pegar meu diploma. Tornei-me advogada, já estagiava em um bom emprego, um emprego que possibilitou eu e minha família abandonarmos aquela favela. Hoje, feliz lembro-me daquela senhora velha que com suas sábias palavras me fizeram permanecer, permanecer esperançando.
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Zahara Abdott
Anna Lara Coelho
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
O meu nome é Zahara Abdott, nasci em Leirdorh, Vênus, no dia 18 de fevereiro de 2009. Sou filha do comandante do quartel-general daqui, ele se chama Heidi Tophor Abdott. Minha mãe se chamava Dandara Adria Abdott, não cheguei a conhecê-la. Meu pai sempre me dizia que ela morreu na terra, mas nunca soube o motivo. Vivi minha infância inteira praticamente sozinha, pois meu pai trabalhava o dia todo enquanto eu ficava com uma babá, da qual eu devo toda a minha vida a ela, pois foi ela que me ensinou a ler, escrever, a ser educada e outras várias coisas que se não fosse por ela nunca saberia. Meu pai só me via às vezes, pelo trabalho e por morar em outra cidade, mas nunca o culpei por isso.
Quando eu fiz 11 anos fui “obrigada” a entrar em uma escola, pois se eu ficasse em um colégio por período integral eu não precisaria mais de uma babá, chorei muito no começo e todo o dia implorava pra não ir, mas não adiantou, tive que ir para a “nova” escola. No primeiro dia fiquei sozinha, mas como já estava acostumada não liguei, as aulas passaram tão rápido que nem percebi. No segundo dia, três meninas chegaram me olharam de cima a baixo e me disseram que eu nunca ia ser bonita, claro que fiquei chateada, mas depois acabei esquecendo isso, novamente as aulas haviam acabado me deitei, e como toda a noite, me perguntei se um dia iria para outro planeta (era tipo um sonho meu), então logo adormeci. Depois de um mês na escola sempre repetindo o mesmo processo havia conseguido uma amiga, ela se chamava Criszal, ela era órfã, mas sempre estava sorrindo. A conheci no refeitório, depois nos tornamos colegas de quarto e logo depois viramos amigas. Ela me apoiava e me ajudava muito na escola, além de ter me tirado boas risadas.
Quando fiz 16 anos, uma doença muito forte foi criada e soltada em nosso planeta, ela era tão forte que até nossos titãs estavam morrendo, o que era impossível até aquele momento, então eles descobriram que havia uma doença parecida na terra, mas só pessoas com menos de 18 anos poderiam entrar na lá então resolveram fazer um sorteio para ver quem iria até lá tentar achar a droga de uma cura, é obvio que eu não ia participar, mas aí aquelas três branquelas que haviam me chamado de feia falaram que era melhor eu nem participar, pois eles estavam procurando pessoas fortes e não fracas como eu, e claro que quis dar uma de corajosa e entrei no sorteio, mas para a minha sorte (ou não) quem iria à terra buscar a cura era ninguém mais ninguém menos que eu, quando eu ouvi isso fiquei tão assustada que desmaiei, com certeza esse foi um dos dias mais assustadores da minha vida. Dois dias depois do ocorrido eu estava pronta, pronta pra realizar um sonho de infância, pronta para ir até a terra. Naquela hora lembro que eu estava apavorada, eu iria sozinha com somente TRÊS dias para encontrar a cura de uma doença, você pode achar loucura, mas eu achei incrível. Depois de algumas horas de viagem finalmente cheguei à terra, minha nave havia me deixado em um beco escuro para que ninguém visse, depois foi em busca de um abrigo para que pudesse encontrar a cura mais rápido. Eu estava pasma, não tinha ninguém nas ruas que por sinal estavam cheias de lixo, então vi um panfleto que dizia “fique em casa por nós, fique em casa por você e o mais importante, fique em casa por eles” e uma foto de dois velhinhos de máscara, que por sinal estava em todos os panfletos.
Até que uma moça muito simpática falou que ia me dar abrigo, ela se chamava Laila, eu aceitei mas antes ela me deu uma máscara e me levou até um médico para tirar a temperatura etc. Assim que saímos do médico ela me levou para casa dela e lá haviam três meninas, uma bem simpática, calma e inteligente, outra bem brava e parecia ser a irmã mais velha, e a outra doce, esquentadinha e parecia ser a irmã mais nova.
Elas me receberam muito bem mas tinha a impressão que a irmã mais nova estava com ciúme. Elas me perguntaram algumas coisas das quais eu não sabia responder, logo depois a irmã do meio me falou que se chamava Clarisse e que qualquer coisa era só chamá-la, a mais velha me falou que se chamava Vitória, e a mais nova disse que se chamava Sarah. O primeiro dia já havia se passado e tinha descoberto que: 1. Era necessário usar a máscara 2. Que açaí é muito bom 3. Que era necessário ficar em casa. Além disso, só que as pessoas daqui são meio porcas mesmo.
No final do segundo dia nós paramos para ver o jornal, e descobri que também é necessário usar álcool em gel e também manter o distanciamento social. Depois fomos dormir, mas a dona Laila disse que iria trabalhar a noite toda e que depois que acabasse iria dormir. O terceiro dia havia chegado, eu não sabia o que fazer, eu ainda não tinha achado a cura, mas já era tarde não dava mais tempo. Então antes de ir embora conversei com aquela família e perguntei por que elas continuavam tentando, trabalhando, estudando mesmo nessa situação tão ruim, e elas me disseram todas ao mesmo tempo: ESPERANÇA, foi aí que eu descobri o que tanto procurava, me despedi daquela família entrei na nave e voltei para o meu planeta.
Quando cheguei lá estavam todos me esperando então disse tudo o que havia descoberto, disse que é necessário usar a máscara, manter distanciamento social, ficar em casa etc. Então me perguntaram qual era a cura e eu disse: “A cura não é bem um remédio, nem uma vacina, é algo bem mais simples que isso, é um ato, o ato de ESPERANÇAR, que significa em outras palavras crer, acreditar que e possível, é ter fé, é ter ESPERANÇA!”.
Hoje tudo corre bem, ainda estamos como vocês terráqueos dizem “quarentena” mas sabemos que vai passar e que tudo vai melhorar. Hoje em dia já tenho seis prêmios, e me tornei tipo um exemplo para as pessoas, e sei que tudo isso vai acabar em breve o nome disso vocês já sabem, mas não custa lembrar, ESPERANÇA! Tudo vai passar, pode acreditar.
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Um coração, uma cicatriz
Mariana Iuan Ribeiro Meireles
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Nasci dia 17 de outubro com oito meses gestação, um tempo antes de eu nascer, foi detectado, em uma ultrassonografia, que eu tinha CIA e CIV, basicamente eu nasci com dois furinhos no meu coração. Como ainda era muito nova, não podia fazer a cirurgia e tive que esperar completar sete meses de vida; nesse período eu fazia um acompanhamento médico e tomava alguns remédios.
Como era muito pequena, não me recordo muito bem, mas sempre fui curiosa e sempre pedia para minha mãe me contar a história da minha cirurgia no coração.
Às vezes, a minha boca ficava azulada e eu sempre ficava cansada. Eu acho que para a minha mãe foram os sete meses mais angustiantes da vida dela. Até que finalmente chegou o dia da cirurgia que iria ser feita em São Paulo no hospital Beneficência Portuguesa.
Minha mãe conta que ela estava com muito medo de algo acontecer comigo, mas, como todos dizem, “a esperança é a última que morre”. Como meus pais estavam bem nervosos, algumas pessoas do hospital foram ajudá-los. Correu tudo bem na cirurgia, minha mãe conta que eles fizeram o corte e foram “costurando” o furinho. Quando ela disse isso, eu imaginei quando a vovó costura os buracos no cobertor.
Toda cirurgia deixa uma cicatriz e a minha não foi diferente. Fiquei com duas cicatrizes: uma no “coração”, onde eles fizeram, o corte e a outra no pulso esquerdo que me falaram que os médicos abriram para pôr um aparelho que media a minha pressão durante a cirurgia, que, graças a Deus, ocorreu tudo bem. Hoje já estou bem, mas ainda me canso, não por conta do coração, mas sim porque eu tenho bronquite.
Sempre quando me falam que não conseguem fazer algo ou que não possuem nenhum pingo de esperança, digo minha história. Então eu aprendi que no fundo do túnel sempre há uma luz, basta você querer enxergá-la.
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A batalha da minha irmã
Lígia Gaspar Tiraboschi
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Fazia algum tempo que a minha irmã estava estranha. Ela começou a ter alergia a nozes, e por isso tinha caroços por todo corpo. A saúde dela estava prejudicada, minha mãe começou a faltar no trabalho para cuidar dela, mas eu não entendia o porquê: Minha irmã nunca teve nenhum problema de saúde, porque justo agora ela desenvolveria essa “alergia”? Eu achei isso estranho demais! Eu escutei uma conversa entre elas, e ouvi o termo “Leucemia”.
Eu pesquisei o termo uns três dias depois. Aquilo apareceu novamente num bilhete na cozinha, minha irmã faria um exame para leucemia. Como previsto, eu, como uma xereta profissional, não pude esperar para descobrir o que era essa tal Leucemia. Assim que eu descobri, enchi-me de raiva! Quando elas contariam para mim?! Quando minha irmã estivesse à beira da morte?! Tudo que eu encontrei na internet eram palavras como: Morte, câncer, quimioterapia etc.
No mesmo dia, eu contei minha descoberta, e minha mãe confirmou minhas suspeitas. Minha irmã tinha sido diagnosticada com Leucemia e começaria a radioterapia no mês seguinte. Ela implorou para que eu não comentasse sobre o caso, pois toda essa descoberta havia sido uma “bomba” para minha irmã. Ela estava no ensino médio, queria ser engenheira, tinha um namorado, planejava morar sozinha no final do ano, fazer pós-graduação... e foi tudo interrompido pela necessidade de ficar em repouso, aqui em casa. Eu nem imaginava como minha irmã se sentia.
Passaram-se alguns meses, e minha irmã já estava fazendo a radioterapia. Ela decidiu raspar a cabeça quando algumas mechas começaram a cair, e deixava claro que não era a doença que faria ela se desanimar, e sim a pena dos outros. Embora ela estivesse melhorando, o quadro de saúde ainda era muito preocupante. Eu escutava minha mãe rezando todas as manhãs e antes de dormir, como eu não acreditava muito nisso, apenas torcia para que tudo ficasse bem logo. Minha irmã dizia que era besteira, que ela estava quase pronta para fazer a cirurgia e que se preocupar não valia a pena, e ela estava certa.
Em alguns meses, minha irmã fez a cirurgia e rapidamente se curou. Seu cabelo também cresceu rápido. Pouco tempo depois, ela pôde recuperar sua vida, entrou na faculdade e venceu esse capítulo. Eu me tornei uma admiradora da minha irmã, que com 18 anos passou por um ano de idas ao hospital, radioterapia, ser motivo de dó e perda de independência, mas que, mesmo assim, continuou forte como nunca. Hoje, eu tenho 19 anos, e vou fazer medicina, pois quando eu tinha apenas 10 anos fui exposta ao medo de perder alguém para uma doença, o que não desejo para ninguém.
Aprendi que esperançar não é só esperar melhorar, recuperar-se, é também desejar que o outro esteja bem!
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Mentes brilhantes
Yasmin Maria Pavan
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Olá, meu nome é Charlotte Brown, tenho 13 anos de idade e nasci em dezembro de 2166 nos Estados Unidos. Minha aparência é de uma garota comum, cabelos castanhos e olhos verdes. Ler livros, assistir filmes de ação e tocar piano eram as coisas que eu mais gostava de fazer no meu tempo livre, pois também tinham os deveres da escola. Morava em um condomínio com os meus pais e tinha uma vida comum e monótona.
Minha vida estava ótima, eu estava com notas altas na escola, tinha acabado de comemorar meus 10 anos e tinha ganhado um gato de estimação, até... um vírus letal aparecer e começar uma pandemia mundial, e o pior era que só afetavam as crianças e adolescentes. Logo, a maior parte de nós estavam mortas, eu não sabia como eu não tinha sido infectada sendo que eu tinha contato com alguns que morreram. Então, quando a pandemia finalmente acabou, os cientistas ficaram muito interessados nos que sobreviveram, disseram que tínhamos anticorpos raros que impediam de sermos infectados pelo vírus, porém, eles falaram que tínhamos habilidades especiais, eu não entendi muito bem o que eles queriam dizer com isso, mas fiquei curiosa.
Então, em um dia chuvoso, eu estava assistindo um filme, e alguém bateu na porta, quando os meus pais abriram, militares entraram e disseram que iriam me levar para um lugar em que as crianças que sobreviveram teriam que ficar, por segurança. Meus pais não puderam fazer nada, só consegui abraçá-los e prometer que algum dia eu voltaria, eu, pelo menos tinha esperança que isso acontecesse. Fui levada para um ônibus escolar cheio de crianças sentadas e com as mãos amarradas pra trás, as minhas mãos também foram amarradas, e foi aí que a ficha caiu, não estavam com medo das crianças que morreram, com o vazio que elas deixaram para trás, estavam com medo de nós, os que sobreviveram.
Fomos levados para um tipo de acampamento, porém de trabalho forçado, lá, descobri o que os cientistas queriam dizer com “habilidades especiais”, tínhamos poderes extraordinários, que eram separados por cores dependendo do perigo que representam, os verdes que eram super inteligentes, os azuis que podiam mover as coisas com a mente, os amarelos, que conduziam eletricidade, os vermelhos, que podiam controlar o fogo, e os laranjas, que controlavam mentes, e descobri que eu era uma laranja, fiquei com o resto das crianças iguais a mim.
Passei três longos anos naquele lugar horrível, não podendo falar, tendo que trabalhar e com punições para quem desobedecesse a alguma ordem, e ser obrigada a usar um uniforme de acordo com a sua cor, porém, um dia consegui controlar a mente de um militar para ele me deixar ir embora, foi difícil, mas deu certo, fiz ele me levar de carro até algum lugar para pegar suprimentos, depois de anos eu finalmente vesti uma roupa diferente e comi um salgado, mandei o militar voltar para o acampamento e esquecer que me ajudou, peguei seu carro e fui para a estrada, eu não iria voltar para a minha casa, pois meus pais iam correr perigo. Encontrei um lugar chamado “Liga das Crianças”, eles me prometeram que me treinariam e me ajudariam a controlar os poderes, e que algum dia, libertaríamos as crianças daquele acampamento e poderíamos voltar a ter uma vida.
E aqui estou eu, treinando com os outros que conseguiram escapar, e acreditando que algum dia eu poderei voltar para a minha família e ter uma vida de novo, vou lutar até o fim, não importa o que acontecer, afinal, a esperança é a última que morre.
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Esperar e esperançar
Anne Guedes Pinto
Colégio EAC - Capivari/SP
Oi! Eu tenho apenas 218 dias, mas a maioria da população já me odeia. Vou me apresentar: muito prazer, eu sou 2020. Não gostam de mim por conta da Covid-19, da quarentena, e porque já estamos na metade do ano e ninguém ainda descobriu a cura para esse problema.
Bom, vou falar mais sobre mim. Nasci no dia 01/01/2020, às 00h01. Tenho mais de dois mil irmãos e me consideram como o pior ano da história. Que triste, né? Eu queria ter sido como meu último irmão, o 2019. Ele vive se queixando de que aconteceram muitas tragédias, mas eu daria tudo para ser ele.
Tomara que não aconteça mais nada para a gente e tomara que 2021 seja um ano perfeito. Eu gostaria de saber o que acontecerá, mas meu pai, o Tempo, sempre nos conta tudo em cima da hora.
Andei pensando sobre minhas vontades, e descobri em mim o desejo de ser um cientista para poder descobrir logo essa cura. Meu pai fala que vão descobrir isso lá pro fim do ano, mas eu quero que isso aconteça “logo logo”. Muitas pessoas falavam que esse ano seria perfeito, mas hoje elas acham o contrário. Fico triste, pois, bem no fundinho, sou um ano tão doce!
Meus irmãos caçoam de mim, pois dizem que milhões de pessoas andam afirmando por aí que sou um dos piores anos já vividos. Para eles é simples, já que não têm tantos problemas como eu. No fundo, eu queria que as pessoas gostassem mais de mim. Até perguntei para meu pai se eu poderia ficar no lugar de Dois Mil e Vinte e Um, mas é óbvio que ele não deixou.
Já vi vários irmãos que passaram por coisas parecidas, mas nenhum chegou a esse ponto em que eu estou. Já até tentei pedir para o meu pai para fazer esse resto do ano bem melhor, mas ele disse que é preciso esperar e esperançar!
Bom, agora vou me despedir porque preciso ver se de algum jeito consigo melhorar. Tchau!
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Esperança, sobrenome: Esperançar
Giulia Torrente Rappl
Colégio Vem Ser - São José do Rio Preto/SP
Esperança, o que tecnicamente é ter esperança? A internet, ferramenta muito utilizada pelos humanos, afirma que “ter esperança é acreditar que algo bom sempre acontecerá”. No entanto, por mais inteligente que pareça ser, essa parafernália não consegue, com precisão, explicar quem, de fato, sou eu. Logo, decidi agir e, de alguma forma, auxiliar.
Para os humanos, comumente, eu sou definida como a crença de que algo bom sempre acontecerá. Contudo, não é bem assim que eu deveria ser reconhecida. As pessoas precisam entender que sou a Esperança de Esperançar, não de Esperar, pois esperar simplesmente que aconteça não seria o certo a se fazer, já que é preciso ter esperança, achar e tornar possível. Mesmo que as possibilidades de dar errado sejam 99%, é necessário acreditar no último 1%.
Não sei se já mencionei que Esperançar é inclusive o meu sobrenome. Etimologicamente falando, significa ir atrás e não desistir jamais. Tenho um grande inimigo: a Esperança da tradicional família Esperar. Não sei ao certo quando nos tornamos rivais, possivelmente, foram as próprias confusões humanas que nos colocaram nessa situação. Confesso que detesto quando confundem o meu sobrenome com o desse tal.
Diferentemente da minha vida, a humana é muito curta, logo, precisa-se de Fé, uma amiga de longa data. Sendo assim, uma ótima forma para se obter isso sempre fora me convidar. Há, entretanto, um mero detalhe que deve ser respeitado: é preciso ter Paciência, uma outra velha amiga. Isso devido ao fato de o Tempo não parar. Aprendi, com o ele, que o ser humano espera por dias melhores. Porém, esquece-se de que não há sentimento melhor do que o de viver um dia após o outro.
Sou professora de esperançar, mestra na arte de reinventar-se, doutora em animar-se. Sempre ensinei as pessoas que julgam saber, mas se esquecem de aprender comigo a esperançar. Enquanto o Mundo sempre esperou a cura do Mal, as pessoas fingiam que tudo isso era normal. Fingiam, inclusive, serem amigos da senhora Paciência e caminharem com a dona Fé, já que esperavam do Mundo o mesmo que o ele esperava de todos nós. Entretanto, os homens, como sempre muito teimosos, esqueceram-se, com o tempo, dos meus ensinamentos, que, se tropeçarem, do chão nunca vão passar.
Após percorrer muitas jornadas, aprendi, com os homens, que não é preciso apressar a vida, correr em vão, pois, embora a vida seja curta, o caminho é longo demais. Portanto, desde uma simples promessa a uma missão quase impossível, é necessário, somente, acreditar. Adotar uma postura positiva diante de tudo e de todos. Foi justamente isso que descobri: a vida humana só tem sentido quando é uma ótima aluna minha, aluna da dona Esperança, da família Esperançar!
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Esperançar
Calleb França e Silva
Colégio Batista de Brasília - Brasília/DF
Sou Paulo Mendes, 46 anos, médico pneumologista formado na Universidade de Brasília em 1998, quando a medicina, apesar de considerada ciência não exata, era dominada em grande parte por se conhecer a fisiopatologia das doenças. Mas, a vida às vezes nos oferece surpresas que podem alterar toda a normalidade.
O ano de 2020 começou diferente: surgiu uma ameaça com potencial de exterminar a raça humana, o COVID-19. E o pior: mostrou-se com comportamento patológico desconhecido, tratamento ignorado e relacionado a alta mortalidade. A humanidade segue sem rumo na expectativa de um milagre que partirá de nós, médicos. Estudar diariamente tem sido minha rotina. Ao surgir uma perspectiva de combate à pandemia que foi estabelecida, seja ela um novo medicamento ou uma promessa de vacina, é habitual ser logo abatida por estudos científicos conflituosos. Mas, é preciso esperançar a mim mesmo.
Sou filho de funcionários públicos de Brasília. Cresci num lar seguro nos anos 80, tempos pacíficos e confiáveis. Hoje sou pai de Diana, criança esperta de cinco anos, que já aprendeu a matar o “vírus bravo”, que usar máscara é divertido e que em breve poderá abraçar novamente vovô e vovó. Afinal, é preciso esperançar nossa família.
Trabalho na rede pública há 20 anos. Neste novo contexto, recebi meu maior desafio: atuar em um ginásio esportivo na periferia, agora transformado em hospital de campanha para tratamento da covidose, o chamado “covidário”. Estamos lotados. Diversos pacientes em suporte ventilatório, estado gravíssimo. E suas famílias têm em nós sua única promessa de recuperação. Sim, pois mesmo que não se vislumbre essa possibilidade, já que a esperança é a última que se vai, é preciso esperançar nossos semelhantes.
E assim prossigo, para que no futuro possa orgulhosamente dizer a filhos e netos: eu fiz parte dessa história, não só como expectante, mas de forma atuante, fazendo o que todos podem: esperançando. E assim, tendo não desistido, elevando uns aos outros, seguiremos pessoas melhores.
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A esperança do viver
Maria Eduarda Nicodemos
Colégio Poliedro - Campinas/SP
Nasci no ano de 1863, na cidade de São Paulo, às 4:24 da manhã, horário em que a minha mãe viu pela primeira vez: uma linda garota de pele negra e cabelos escuros. Foi em homenagem à minha falecida avó que eu me chamo Maria. Meus pais eram escravos, mas felizmente, por ter nascido depois da Lei do Ventre Livre, eu não era escrava desde o nascimento também.
Porém, mesmo não sendo escrava, escolhi ficar e ajudar os meus pais no engenho em vez de ir para um quilombo, como muitos faziam. Durante vinte e cinco anos da minha vida, fiquei trabalhando em um engenho, porém sentia sempre que precisava sair daquela situação de sofrimento. Eu tinha o sonho audacioso de ser uma escritora famosa.
Quando completei vinte e cinco anos, a princesa Isabel finalmente assinou a Lei Áurea. Assim que os meus pais saíram do engenho, eu saí também. Senti que, após esse momento, eu comecei a realmente viver. No entanto, eu não tinha muita esperança de que essa liberdade realmente mudaria minhas condições de vida, já que nós, negros, ainda éramos muito discriminados pela sociedade.
Durante sete anos, minha família trabalhou arduamente para garantir que juntássemos uma grande quantia, pois queríamos ir morar em um quilombo, o Quilombo dos Palmares que ficava na região da capitania de Pernambuco. Ao chegarmos lá, fomos recebidos muito bem por uma senhora de uns setenta anos com um prato de comida para cada um.
Foi nesse quilombo que construí minha família e tive minha linda filha Neide. Quando eu cheguei aos quarenta e dois anos, resolvi começar a escrever um livro contando a minha história.
Sem intenção alguma, aos quarenta e quatro anos eu publiquei esse livro cujo nome era “De São Paulo à Pernambuco”. Quando soube que o meu livro vendeu muito, a minha esperança surgiu como uma chama dentro de mim, logo já fui escrevendo outros livros. Atualmente, eu sou uma escritora de sucesso que um dia já foi escrava.
Com setenta e sete anos, eu tenho orgulho de quem me tornei e de ser um exemplo para minha filha Neide que se inspirou em mim para seguir seu sonho de ser cozinheira. Após o que vivi, tenho uma esperança de que cada um pode ter o melhor que desejar, uma esperança que eu não tinha aos vinte e cinco anos. Mas eu tive coragem de não apenas esperar, mas de esperançar e seguir o meu sonho.
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Esperanças de um programador
Luis Felipe Leal de Azevedo
Centro Educacional Praia da Costa - Vila Velha/ES
Meu nome é Henrique, atualmente tenho 31 anos e essa é a minha autobiografia.
Nasci na cidade de Rio De Janeiro. Meus pais se chamavam Ricardo e Maria. Era muito feliz e tinha muitos amigos, pois todos gostavam de mim. Sempre tirava notas altas nas provas e as tarefas eram muito fáceis para mim, e todos sempre se impressionavam com isso, pois meus colegas tinham muito mais dificuldade do que eu. Mas, como nada é perfeito, eu tinha pontos negativos que me atrapalhavam no dia a dia. Eu sempre me comportava mal na escola e em casa, tinha dificuldade para prestar atenção nas aulas e por conta disso ficava sempre distraído, o que irritava muito meus pais, pois a minha coordenadora chamava minha mãe para conversar sobre meu comportamento duas ou três vezes por semana.
Foi assim até a quarta série, quando minha mãe percebeu que eu tinha algo de diferente. Ela percebeu que eu tinha sintomas de TDAH, e procurou um amigo dela chamado Marcos, que era pediatra. Juntos fizeram uma análise no meu comportamento e perceberam que eu realmente tinha esse transtorno. Passei a tomar remédios, que me ajudaram muito a me concentrar e minha mãe era chamada no máximo uma vez por mês por conta de algumas vezes que eu esquecia de tomar o medicamento.
Com onze anos, os meus pais se separaram, o que mudou minha vida. Eles sempre brigavam, mas eu tentava ao máximo não me abalar. Foi difícil, mas eu consegui. Fui morar com a minha mãe. Também descobri que tinha uma síndrome chamada Síndrome de Tourette, e descobri sozinho.
Com 14 anos comecei a perder minha autoestima e minha esperança de que eu poderia fazer coisas grandes que impressionariam todos no futuro, mesmo minha mãe sempre me incentivando e me apoiando. Mas logo passou, era só uma fase ruim. Eu ainda não me achava suficiente, mas eu não ligava muito, pois não queria perder meu tempo reclamando sobre a vida. Minha esperança voltou, eu ainda acreditava que podia fazer algo de incrível.
Com 23 anos eu comecei a criar jogos e vendê-los, e eu era muito feliz, adorava fazer aquilo. Até que me convidaram para uma grande empresa de jogos.
Eu não podia estar melhor! Eu ficava o dia todo programando, e eu adorava! E ainda recebia muito por isso!
Mas um dia eu cometi um pequeno erro, com consequências que mudariam minha vida. Eu programei algo errado, e apesar de ser facilmente resolvido, naquela empresa eles levavam tudo muito a sério, e me demitiram.
Na hora eu fiquei muito abalado. Tudo que eu gostava, tudo que eu fiz lá foi completamente ignorado e perdido, e algumas pessoas ainda debocharam da minha cara, pessoas em quem eu confiava, e isso me quebrou por dentro. Perdi completamente qualquer esperança de conseguir encontrar outra coisa para fazer, eu só queria ficar em casa chorando, pois eu era muito frágil emocionalmente. Minha mãe, sabendo disso, tentou me acalmar, dizendo que eu ia encontrar outro emprego tão bom quanto aquele, com pessoas confiáveis, mas eu apenas a ignorei. Não consegui dormir direito pensando naquilo, não sabia o que fazer.
Minha mãe não parava de falar para eu não perder as esperanças, mas já era tarde demais. Eu sempre fui uma pessoa cheia de esperança, e não importava o quanto o mundo me derrubava, eu permanecia determinado, mas naquele dia tudo mudou, eu desisti de tudo. Com alguns meses, eu me acostumei e não ficava mais tão abalado, mesmo ficando um pouco triste às vezes, mas minha esperança não tinha voltado ainda. Eu continuava criando jogos, mas não tinha o mesmo prazer de antes. Minha mãe continuava me apoiando.
Com 25 anos eu mudei completamente. Depois de pensar bastante eu concluí que a vida é curta demais para só ficar pensando nessas coisas. Me animei completamente, recuperei as esperanças e nada podia me abalar naquele momento.
As coisas começaram a ficar muito ruins. As pessoas pararam de comprar meus jogos, e eu fui perdendo dinheiro, e as pessoas pararam de gostar de mim porque eu era muito agressivo. Mas mesmo assim eu mantive as esperanças. Eu sempre lutava para que as coisas ficassem melhores. Comecei um projeto muito grande de um jogo.
Com 27 anos eu comecei a ser menos agressivo e as pessoas começaram a gostar de mim e viraram minhas amigas.
Com 29 anos eu finalizei o projeto, e foi um sucesso! Muitas pessoas compraram ele e eu recuperei o dinheiro que eu perdi, e eu só consegui isso porque eu continuei mantendo as esperanças e nunca desisti.
Atualmente eu tenho minha própria empresa de jogos. Não é uma das maiores, mas é ótima e atende às minhas expectativas.
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Um renascimento das cinzas
Diego Jun Suzuki
Colégio Poliedro – SJC
Já estávamos nos estágios finais da 2ª Guerra Mundial, a Alemanha Nazista já havia se rendido, porém a guerra do pacífico procedia. O Japão lutaria até o último minuto, e por isso não se renderia. Eu tinha 8 anos quando a Guerra se iniciou, e quando o Japão assinou o pacto tripartite (eixo), meus parentes disseram para eu deixar minha cidade natal de Hiroshima e ir para os campos, onde seria mais seguro. Eu só voltaria para a cidade no final da guerra.
Minha vida foi tranquila numa pequena vila afastada da cidade, na qual éramos cuidados por alguns agricultores locais que cuidavam de mim e de várias outras crianças afastadas. Fiz muitas amizades, das quais algumas tenho contato até hoje. Ajudávamos com tarefas simples e estudávamos através de enciclopédias ricas em conhecimento. Apesar de não ter uma grande fonte de educação, bastava para o momento.
Tínhamos de alimento coisas simples, tais como missô shiru (sopa de missô) e alguns legumes, produzidos pelas próprias pessoas que nos cuidavam. A vida era desconectada de notícias, portanto não recebia novidades da guerra ou de meus parentes, que tinham que trabalhar em Hiroshima. E foi assim que foi passou minha vida, sem conflitos e com harmonia, até que foi dada uma notícia aterrorizante.
Eu tinha apenas 14 anos, em 1945, quando soube que Hiroshima havia sido bombardeada por uma bomba atômica que destruiu completamente a cidade, meu estado foi de choque e de tristeza ao saber que meus parentes também haviam falecido. Após 3 dias, Nagasaki também foi bombardeada, e o governo japonês, após alguns dias, vendo o potencial da bomba atômica, rendeu-se ao lado dos aliados. Como combinado anteriormente, teria de voltar a minha cidade natal.
O susto foi ainda maior ao chegar e ver tudo destruído, várias pessoas mortas e o caos na cidade. Os dias foram se passando e todos os sobreviventes foram se ajudando, a limpar e reconstruir tudo aquilo perdido. Diziam que nenhuma planta nasceria mais, mas todos nós tivemos esperança de um dia a cidade voltar a ser a mesma. Com a ajuda nacional e internacional, por meio de doações, atos de solidariedade e ajuda coletiva, a cidade foi se reerguendo das cinzas novamente. No meio da confusão, fui acolhido por um orfanato e tive acesso à educação formal.
Após 15 anos do ocorrido, a cidade estava bem mais organizada que antes, e a esperança e sonho dela se renovar estavam se tornando realidade com a ajuda de todos. Foi então com 29 anos que decide seguir minha vida no Brasil, entrei no navio e fui rumo ao Porto de Santos. Cheguei sem quase nenhum conhecimento da língua portuguesa e sem dinheiro, e assim seguiu minha vida.
Hoje, sou aposentado e tenho 2 filhos, e, ao pensar nos meus 89 anos de vida, experiência e conhecimento, vejo que, por mais que a situação seja a mais difícil, a mais abaladora, devemos ser persistentes, ter fé e esperança, continuar fortemente batalhando e assim conquistar o objetivo. Agradeço muito às oportunidades que tive e quando penso na paisagem de Hiroshima em 1945 e atualmente vejo como todo nosso esforço valeu a pena!
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91 DIVOC
João Arthur von Rainer Harbach
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Há muito tempo, em um reino depois dos Nove Mares, viviam os Onamuhs. Um povo apressado e distraído, que havia esquecido seu propósito na vida. Eles desmatavam, matavam, guerreavam, destruíam, mas nunca ficavam satisfeitos.
Então, em um dia de tempestade na pequena cidade de Anihc, tudo mudou. A terra tremeu, um Tsunami inundou, um Tornado bufou... O impacto dos três desastres naturais abriu uma tumba que estava enterrada por entre gigantescas pedras e protegida por milhares de morcegos. Ali havia algo com que os Onamuhs não estavam preparados para lidar.
Um mago, que dormira por mais de dez mil anos, fora acordado. Seu nome era Suriv. Ao ver o caos em que o país dos Onamuhs se encontrava, Suriv lançou uma praga sobre o reino: O anoroc, uma doença mortal. O primeiro local atingido foi a província de Nahuw, os Onamuhs começaram a adoecer e morrer. Apavorada, a maior parte da população fugiu, porque acreditou que os Deuses os estavam punindo por Nahuw ser um local tão cinza, sombrio e devastado.
Realmente os Deuses estavam punindo os Onamuhs, mas não só os de Nahuw. Com a fuga, o anoroc se espalhou por todo o país, levando a dor, a tristeza e a morte. A doença era uma verdadeira maldição, privava os Onamuhs dos verdadeiros bens da vida: o ar e a água.
Tentando minimizar os efeitos, os governantes ordenaram que os Onamuhs se isolassem em casa e, se precisassem sair por alimentos ou remédios, deveriam cobrir totalmente seus corpos e rostos, tornando-se irreconhecíveis perante os outros.
Ao mesmo tempo que os melhores curandeiros do reino foram convocados para preparar a cura do anoroc, os Onamuhs, que estavam trancados em suas casas e longe das pessoas que amavam, passaram a refletir sobre como viviam. O plano de Suriv estava se realizando, apesar de a doença trazer muita dor, seu verdadeiro objetivo era fazer os Onamuhs repensarem seu modo de vida.
Anos se passaram, até que a cura foi descoberta. Quando os Onamuhs finalmente saíram de casa, imunizados contra o anoroc, não reconheceram o próprio reino. A natureza tinha se renovado, assim como eles próprios. Eles passaram a cuidar melhor de sua terra, jurando nunca mais se esquecer do propósito de toda a vida: tornar-se melhor e nutrir a esperança para que o mundo todo ganhe com isso. Até hoje, esta história é contada para todos os Onamuhs jovens, para aprenderem que se é grande por quem se é e não pelo o que se tem.
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Mentes brilhantes
Yasmin Maria Pavan
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Olá, meu nome é Charlotte Brown, tenho 13 anos de idade e nasci em dezembro de 2166 nos Estados Unidos. Minha aparência é de uma garota comum, cabelos castanhos e olhos verdes. Ler livros, assistir filmes de ação e tocar piano eram as coisas que eu mais gostava de fazer no meu tempo livre, pois também tinham os deveres da escola. Morava em um condomínio com os meus pais e tinha uma vida comum e monótona.
Minha vida estava ótima, eu estava com notas altas na escola, tinha acabado de comemorar meus 10 anos e tinha ganhado um gato de estimação, até... um vírus letal aparecer e começar uma pandemia mundial, e o pior era que só afetavam as crianças e adolescentes. Logo, a maior parte de nós estavam mortas, eu não sabia como eu não tinha sido infectada sendo que eu tinha contato com alguns que morreram. Então, quando a pandemia finalmente acabou, os cientistas ficaram muito interessados nos que sobreviveram, disseram que tínhamos anticorpos raros que impediam de sermos infectados pelo vírus, porém, eles falaram que tínhamos habilidades especiais, eu não entendi muito bem o que eles queriam dizer com isso, mas fiquei curiosa.
Então, em um dia chuvoso, eu estava assistindo um filme, e alguém bateu na porta, quando os meus pais abriram, militares entraram e disseram que iriam me levar para um lugar em que as crianças que sobreviveram teriam que ficar, por segurança. Meus pais não puderam fazer nada, só consegui abraçá-los e prometer que algum dia eu voltaria, eu, pelo menos tinha esperança que isso acontecesse. Fui levada para um ônibus escolar cheio de crianças sentadas e com as mãos amarradas pra trás, as minhas mãos também foram amarradas, e foi aí que a ficha caiu, não estavam com medo das crianças que morreram, com o vazio que elas deixaram para trás, estavam com medo de nós, os que sobreviveram.
Fomos levados para um tipo de acampamento, porém de trabalho forçado, lá, descobri o que os cientistas queriam dizer com “habilidades especiais”, tínhamos poderes extraordinários, que eram separados por cores dependendo do perigo que representam, os verdes que eram super inteligentes, os azuis que podiam mover as coisas com a mente, os amarelos, que conduziam eletricidade, os vermelhos, que podiam controlar o fogo, e os laranjas, que controlavam mentes, e descobri que eu era uma laranja, fiquei com o resto das crianças iguais a mim.
Passei três longos anos naquele lugar horrível, não podendo falar, tendo que trabalhar e com punições para quem desobedecesse a alguma ordem, e ser obrigada a usar um uniforme de acordo com a sua cor, porém, um dia consegui controlar a mente de um militar para ele me deixar ir embora, foi difícil, mas deu certo, fiz ele me levar de carro até algum lugar para pegar suprimentos, depois de anos eu finalmente vesti uma roupa diferente e comi um salgado, mandei o militar voltar para o acampamento e esquecer que me ajudou, peguei seu carro e fui para a estrada, eu não iria voltar para a minha casa, pois meus pais iam correr perigo. Encontrei um lugar chamado “Liga das Crianças”, eles me prometeram que me treinariam e me ajudariam a controlar os poderes, e que algum dia, libertaríamos as crianças daquele acampamento e poderíamos voltar a ter uma vida.
E aqui estou eu, treinando com os outros que conseguiram escapar, e acreditando que algum dia eu poderei voltar para a minha família e ter uma vida de novo, vou lutar até o fim, não importa o que acontecer, afinal, a esperança é a última que morre.
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Um coração, uma cicatriz
Mariana Iuan Ribeiro Meireles
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Nasci dia 17 de outubro com oito meses gestação, um tempo antes de eu nascer, foi detectado, em uma ultrassonografia, que eu tinha CIA e CIV, basicamente eu nasci com dois furinhos no meu coração. Como ainda era muito nova, não podia fazer a cirurgia e tive que esperar completar sete meses de vida; nesse período eu fazia um acompanhamento médico e tomava alguns remédios.
Como era muito pequena, não me recordo muito bem, mas sempre fui curiosa e sempre pedia para minha mãe me contar a história da minha cirurgia no coração.
Às vezes, a minha boca ficava azulada e eu sempre ficava cansada. Eu acho que para a minha mãe foram os sete meses mais angustiantes da vida dela. Até que finalmente chegou o dia da cirurgia que iria ser feita em São Paulo no hospital Beneficência Portuguesa.
Minha mãe conta que ela estava com muito medo de algo acontecer comigo, mas, como todos dizem, “a esperança é a última que morre”. Como meus pais estavam bem nervosos, algumas pessoas do hospital foram ajudá-los. Correu tudo bem na cirurgia, minha mãe conta que eles fizeram o corte e foram “costurando” o furinho. Quando ela disse isso, eu imaginei quando a vovó costura os buracos no cobertor.
Toda cirurgia deixa uma cicatriz e a minha não foi diferente. Fiquei com duas cicatrizes: uma no “coração”, onde eles fizeram, o corte e a outra no pulso esquerdo que me falaram que os médicos abriram para pôr um aparelho que media a minha pressão durante a cirurgia, que, graças a Deus, ocorreu tudo bem. Hoje já estou bem, mas ainda me canso, não por conta do coração, mas sim porque eu tenho bronquite.
Sempre quando me falam que não conseguem fazer algo ou que não possuem nenhum pingo de esperança, digo minha história. Então eu aprendi que no fundo do túnel sempre há uma luz, basta você querer enxergá-la.
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Um renascimento das cinzas
Diego Jun Suzuki
Colégio Poliedro – SJC
Já estávamos nos estágios finais da 2ª Guerra Mundial, a Alemanha Nazista já havia se rendido, porém a guerra do pacífico procedia. O Japão lutaria até o último minuto, e por isso não se renderia. Eu tinha 8 anos quando a Guerra se iniciou, e quando o Japão assinou o pacto tripartite (eixo), meus parentes disseram para eu deixar minha cidade natal de Hiroshima e ir para os campos, onde seria mais seguro. Eu só voltaria para a cidade no final da guerra.
Minha vida foi tranquila numa pequena vila afastada da cidade, na qual éramos cuidados por alguns agricultores locais que cuidavam de mim e de várias outras crianças afastadas. Fiz muitas amizades, das quais algumas tenho contato até hoje. Ajudávamos com tarefas simples e estudávamos através de enciclopédias ricas em conhecimento. Apesar de não ter uma grande fonte de educação, bastava para o momento.
Tínhamos de alimento coisas simples, tais como missô shiru (sopa de missô) e alguns legumes, produzidos pelas próprias pessoas que nos cuidavam. A vida era desconectada de notícias, portanto não recebia novidades da guerra ou de meus parentes, que tinham que trabalhar em Hiroshima. E foi assim que foi passou minha vida, sem conflitos e com harmonia, até que foi dada uma notícia aterrorizante.
Eu tinha apenas 14 anos, em 1945, quando soube que Hiroshima havia sido bombardeada por uma bomba atômica que destruiu completamente a cidade, meu estado foi de choque e de tristeza ao saber que meus parentes também haviam falecido. Após 3 dias, Nagasaki também foi bombardeada, e o governo japonês, após alguns dias, vendo o potencial da bomba atômica, rendeu-se ao lado dos aliados. Como combinado anteriormente, teria de voltar a minha cidade natal.
O susto foi ainda maior ao chegar e ver tudo destruído, várias pessoas mortas e o caos na cidade. Os dias foram se passando e todos os sobreviventes foram se ajudando, a limpar e reconstruir tudo aquilo perdido. Diziam que nenhuma planta nasceria mais, mas todos nós tivemos esperança de um dia a cidade voltar a ser a mesma. Com a ajuda nacional e internacional, por meio de doações, atos de solidariedade e ajuda coletiva, a cidade foi se reerguendo das cinzas novamente. No meio da confusão, fui acolhido por um orfanato e tive acesso à educação formal.
Após 15 anos do ocorrido, a cidade estava bem mais organizada que antes, e a esperança e sonho dela se renovar estavam se tornando realidade com a ajuda de todos. Foi então com 29 anos que decide seguir minha vida no Brasil, entrei no navio e fui rumo ao Porto de Santos. Cheguei sem quase nenhum conhecimento da língua portuguesa e sem dinheiro, e assim seguiu minha vida.
Hoje, sou aposentado e tenho 2 filhos, e, ao pensar nos meus 89 anos de vida, experiência e conhecimento, vejo que, por mais que a situação seja a mais difícil, a mais abaladora, devemos ser persistentes, ter fé e esperança, continuar fortemente batalhando e assim conquistar o objetivo. Agradeço muito às oportunidades que tive e quando penso na paisagem de Hiroshima em 1945 e atualmente vejo como todo nosso esforço valeu a pena!
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Esperançar
Calleb França e Silva
Colégio Batista de Brasília - Brasília/DF
Sou Paulo Mendes, 46 anos, médico pneumologista formado na Universidade de Brasília em 1998, quando a medicina, apesar de considerada ciência não exata, era dominada em grande parte por se conhecer a fisiopatologia das doenças. Mas, a vida às vezes nos oferece surpresas que podem alterar toda a normalidade.
O ano de 2020 começou diferente: surgiu uma ameaça com potencial de exterminar a raça humana, o COVID-19. E o pior: mostrou-se com comportamento patológico desconhecido, tratamento ignorado e relacionado a alta mortalidade. A humanidade segue sem rumo na expectativa de um milagre que partirá de nós, médicos. Estudar diariamente tem sido minha rotina. Ao surgir uma perspectiva de combate à pandemia que foi estabelecida, seja ela um novo medicamento ou uma promessa de vacina, é habitual ser logo abatida por estudos científicos conflituosos. Mas, é preciso esperançar a mim mesmo.
Sou filho de funcionários públicos de Brasília. Cresci num lar seguro nos anos 80, tempos pacíficos e confiáveis. Hoje sou pai de Diana, criança esperta de cinco anos, que já aprendeu a matar o “vírus bravo”, que usar máscara é divertido e que em breve poderá abraçar novamente vovô e vovó. Afinal, é preciso esperançar nossa família.
Trabalho na rede pública há 20 anos. Neste novo contexto, recebi meu maior desafio: atuar em um ginásio esportivo na periferia, agora transformado em hospital de campanha para tratamento da covidose, o chamado “covidário”. Estamos lotados. Diversos pacientes em suporte ventilatório, estado gravíssimo. E suas famílias têm em nós sua única promessa de recuperação. Sim, pois mesmo que não se vislumbre essa possibilidade, já que a esperança é a última que se vai, é preciso esperançar nossos semelhantes.
E assim prossigo, para que no futuro possa orgulhosamente dizer a filhos e netos: eu fiz parte dessa história, não só como expectante, mas de forma atuante, fazendo o que todos podem: esperançando. E assim, tendo não desistido, elevando uns aos outros, seguiremos pessoas melhores.
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Esperanças de um programador
Luis Felipe Leal de Azevedo
Centro Educacional Praia da Costa - Vila Velha/ES
Meu nome é Henrique, atualmente tenho 31 anos e essa é a minha autobiografia.
Nasci na cidade de Rio De Janeiro. Meus pais se chamavam Ricardo e Maria. Era muito feliz e tinha muitos amigos, pois todos gostavam de mim. Sempre tirava notas altas nas provas e as tarefas eram muito fáceis para mim, e todos sempre se impressionavam com isso, pois meus colegas tinham muito mais dificuldade do que eu. Mas, como nada é perfeito, eu tinha pontos negativos que me atrapalhavam no dia a dia. Eu sempre me comportava mal na escola e em casa, tinha dificuldade para prestar atenção nas aulas e por conta disso ficava sempre distraído, o que irritava muito meus pais, pois a minha coordenadora chamava minha mãe para conversar sobre meu comportamento duas ou três vezes por semana.
Foi assim até a quarta série, quando minha mãe percebeu que eu tinha algo de diferente. Ela percebeu que eu tinha sintomas de TDAH, e procurou um amigo dela chamado Marcos, que era pediatra. Juntos fizeram uma análise no meu comportamento e perceberam que eu realmente tinha esse transtorno. Passei a tomar remédios, que me ajudaram muito a me concentrar e minha mãe era chamada no máximo uma vez por mês por conta de algumas vezes que eu esquecia de tomar o medicamento.
Com onze anos, os meus pais se separaram, o que mudou minha vida. Eles sempre brigavam, mas eu tentava ao máximo não me abalar. Foi difícil, mas eu consegui. Fui morar com a minha mãe. Também descobri que tinha uma síndrome chamada Síndrome de Tourette, e descobri sozinho.
Com 14 anos comecei a perder minha autoestima e minha esperança de que eu poderia fazer coisas grandes que impressionariam todos no futuro, mesmo minha mãe sempre me incentivando e me apoiando. Mas logo passou, era só uma fase ruim. Eu ainda não me achava suficiente, mas eu não ligava muito, pois não queria perder meu tempo reclamando sobre a vida. Minha esperança voltou, eu ainda acreditava que podia fazer algo de incrível.
Com 23 anos eu comecei a criar jogos e vendê-los, e eu era muito feliz, adorava fazer aquilo. Até que me convidaram para uma grande empresa de jogos.
Eu não podia estar melhor! Eu ficava o dia todo programando, e eu adorava! E ainda recebia muito por isso!
Mas um dia eu cometi um pequeno erro, com consequências que mudariam minha vida. Eu programei algo errado, e apesar de ser facilmente resolvido, naquela empresa eles levavam tudo muito a sério, e me demitiram.
Na hora eu fiquei muito abalado. Tudo que eu gostava, tudo que eu fiz lá foi completamente ignorado e perdido, e algumas pessoas ainda debocharam da minha cara, pessoas em quem eu confiava, e isso me quebrou por dentro. Perdi completamente qualquer esperança de conseguir encontrar outra coisa para fazer, eu só queria ficar em casa chorando, pois eu era muito frágil emocionalmente. Minha mãe, sabendo disso, tentou me acalmar, dizendo que eu ia encontrar outro emprego tão bom quanto aquele, com pessoas confiáveis, mas eu apenas a ignorei. Não consegui dormir direito pensando naquilo, não sabia o que fazer.
Minha mãe não parava de falar para eu não perder as esperanças, mas já era tarde demais. Eu sempre fui uma pessoa cheia de esperança, e não importava o quanto o mundo me derrubava, eu permanecia determinado, mas naquele dia tudo mudou, eu desisti de tudo. Com alguns meses, eu me acostumei e não ficava mais tão abalado, mesmo ficando um pouco triste às vezes, mas minha esperança não tinha voltado ainda. Eu continuava criando jogos, mas não tinha o mesmo prazer de antes. Minha mãe continuava me apoiando.
Com 25 anos eu mudei completamente. Depois de pensar bastante eu concluí que a vida é curta demais para só ficar pensando nessas coisas. Me animei completamente, recuperei as esperanças e nada podia me abalar naquele momento.
As coisas começaram a ficar muito ruins. As pessoas pararam de comprar meus jogos, e eu fui perdendo dinheiro, e as pessoas pararam de gostar de mim porque eu era muito agressivo. Mas mesmo assim eu mantive as esperanças. Eu sempre lutava para que as coisas ficassem melhores. Comecei um projeto muito grande de um jogo.
Com 27 anos eu comecei a ser menos agressivo e as pessoas começaram a gostar de mim e viraram minhas amigas.
Com 29 anos eu finalizei o projeto, e foi um sucesso! Muitas pessoas compraram ele e eu recuperei o dinheiro que eu perdi, e eu só consegui isso porque eu continuei mantendo as esperanças e nunca desisti.
Atualmente eu tenho minha própria empresa de jogos. Não é uma das maiores, mas é ótima e atende às minhas expectativas.
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A esperança do viver
Maria Eduarda Nicodemos
Colégio Poliedro - Campinas/SP
Nasci no ano de 1863, na cidade de São Paulo, às 4:24 da manhã, horário em que a minha mãe viu pela primeira vez: uma linda garota de pele negra e cabelos escuros. Foi em homenagem à minha falecida avó que eu me chamo Maria. Meus pais eram escravos, mas felizmente, por ter nascido depois da Lei do Ventre Livre, eu não era escrava desde o nascimento também.
Porém, mesmo não sendo escrava, escolhi ficar e ajudar os meus pais no engenho em vez de ir para um quilombo, como muitos faziam. Durante vinte e cinco anos da minha vida, fiquei trabalhando em um engenho, porém sentia sempre que precisava sair daquela situação de sofrimento. Eu tinha o sonho audacioso de ser uma escritora famosa.
Quando completei vinte e cinco anos, a princesa Isabel finalmente assinou a Lei Áurea. Assim que os meus pais saíram do engenho, eu saí também. Senti que, após esse momento, eu comecei a realmente viver. No entanto, eu não tinha muita esperança de que essa liberdade realmente mudaria minhas condições de vida, já que nós, negros, ainda éramos muito discriminados pela sociedade.
Durante sete anos, minha família trabalhou arduamente para garantir que juntássemos uma grande quantia, pois queríamos ir morar em um quilombo, o Quilombo dos Palmares que ficava na região da capitania de Pernambuco. Ao chegarmos lá, fomos recebidos muito bem por uma senhora de uns setenta anos com um prato de comida para cada um.
Foi nesse quilombo que construí minha família e tive minha linda filha Neide. Quando eu cheguei aos quarenta e dois anos, resolvi começar a escrever um livro contando a minha história.
Sem intenção alguma, aos quarenta e quatro anos eu publiquei esse livro cujo nome era “De São Paulo à Pernambuco”. Quando soube que o meu livro vendeu muito, a minha esperança surgiu como uma chama dentro de mim, logo já fui escrevendo outros livros. Atualmente, eu sou uma escritora de sucesso que um dia já foi escrava.
Com setenta e sete anos, eu tenho orgulho de quem me tornei e de ser um exemplo para minha filha Neide que se inspirou em mim para seguir seu sonho de ser cozinheira. Após o que vivi, tenho uma esperança de que cada um pode ter o melhor que desejar, uma esperança que eu não tinha aos vinte e cinco anos. Mas eu tive coragem de não apenas esperar, mas de esperançar e seguir o meu sonho.
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A batalha da minha irmã
Lígia Gaspar Tiraboschi
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Fazia algum tempo que a minha irmã estava estranha. Ela começou a ter alergia a nozes, e por isso tinha caroços por todo corpo. A saúde dela estava prejudicada, minha mãe começou a faltar no trabalho para cuidar dela, mas eu não entendia o porquê: Minha irmã nunca teve nenhum problema de saúde, porque justo agora ela desenvolveria essa “alergia”? Eu achei isso estranho demais! Eu escutei uma conversa entre elas, e ouvi o termo “Leucemia”.
Eu pesquisei o termo uns três dias depois. Aquilo apareceu novamente num bilhete na cozinha, minha irmã faria um exame para leucemia. Como previsto, eu, como uma xereta profissional, não pude esperar para descobrir o que era essa tal Leucemia. Assim que eu descobri, enchi-me de raiva! Quando elas contariam para mim?! Quando minha irmã estivesse à beira da morte?! Tudo que eu encontrei na internet eram palavras como: Morte, câncer, quimioterapia etc.
No mesmo dia, eu contei minha descoberta, e minha mãe confirmou minhas suspeitas. Minha irmã tinha sido diagnosticada com Leucemia e começaria a radioterapia no mês seguinte. Ela implorou para que eu não comentasse sobre o caso, pois toda essa descoberta havia sido uma “bomba” para minha irmã. Ela estava no ensino médio, queria ser engenheira, tinha um namorado, planejava morar sozinha no final do ano, fazer pós-graduação... e foi tudo interrompido pela necessidade de ficar em repouso, aqui em casa. Eu nem imaginava como minha irmã se sentia.
Passaram-se alguns meses, e minha irmã já estava fazendo a radioterapia. Ela decidiu raspar a cabeça quando algumas mechas começaram a cair, e deixava claro que não era a doença que faria ela se desanimar, e sim a pena dos outros. Embora ela estivesse melhorando, o quadro de saúde ainda era muito preocupante. Eu escutava minha mãe rezando todas as manhãs e antes de dormir, como eu não acreditava muito nisso, apenas torcia para que tudo ficasse bem logo. Minha irmã dizia que era besteira, que ela estava quase pronta para fazer a cirurgia e que se preocupar não valia a pena, e ela estava certa.
Em alguns meses, minha irmã fez a cirurgia e rapidamente se curou. Seu cabelo também cresceu rápido. Pouco tempo depois, ela pôde recuperar sua vida, entrou na faculdade e venceu esse capítulo. Eu me tornei uma admiradora da minha irmã, que com 18 anos passou por um ano de idas ao hospital, radioterapia, ser motivo de dó e perda de independência, mas que, mesmo assim, continuou forte como nunca. Hoje, eu tenho 19 anos, e vou fazer medicina, pois quando eu tinha apenas 10 anos fui exposta ao medo de perder alguém para uma doença, o que não desejo para ninguém.
Aprendi que esperançar não é só esperar melhorar, recuperar-se, é também desejar que o outro esteja bem!
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Luta por princípios
Leonardo Shoji Ishiy 
Arancuã - Sidrolândia/MS
A forte alvorada resplandece no tíbio luar
Ressoando um aviso em sua claridade tênue
Não há de ser fútil que eu continue
Batalhando para o palco melhorar.
A estrela concebe seu ponto zênite comigo de mãos atadas
Queimando minhas pupilas em meio ao cenário praiano
Os Alguns murmuram com a face coberta por um pano
Enquanto aguardo as sentenças que a mim estão fadadas.
Minha luta se pagou com o olhar incrédulo dos Alguns
Após as minhas últimas experiências com a areia macia
Reparo como a brisa dos mares gentilmente me acaricia
Esvaio-me por instantes sem pensamentos comuns.
No horizonte ouço os aplausos de pontos fúlgidos
Se multiplicando com o lusco-fusco efervescente
Finalmente fecho meus olhos com uma certeza em mente:
Não há esperança sem ter seus princípios cumpridos.
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Tempos difíceis
Ana Clara Guimarães Sardá
Colégio Policial Militar Feliciano Nunes Pires - Florianópolis/SC
Em tempos de crise,
Pensamentos obscuros possuem a mente,
Se presenciar um crime, avise,
Se quiser viver apenas, tente.
Pessoas são mortas por amar,
Mulheres são machucadas por não obedecer,
Em tempos de que "eu te amo" virou cumprimento,
Nossas crianças preferem não crescer.
Mas mortos aparecem,
Como achar esperança nisso?
Parece que para viver tem que merecer,
Hoje só é valorizado o branco do cabelo liso.
Manifestações pelos direitos,
Pessoas se revoltando pelo próximo,
Hoje só nos resta cuidar dos nossos.
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É preciso ter esperança do verbo
Júlia Fernandes Bassoli
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Esperar  |  Esperançar
Desestimular  |  Estimular
Esfriar  |  Acalorar
Abater  |  Aguçar
Desanimar  |  Animar
Resfriar  |  Aquecer
Delibitar  |  Comover
Morrer  |  Viver
O mundo está se movendo rapidamente
Não podemos esperar
O próximo fazer
O momento certo é o agora
Precisamos nos juntar
TODOS
E FAZER o presente
ACONTECER
COM fé, amor, união
O momento chegou
Tenhamos ESPERANÇA
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Fortaleza da alma
Gabriela Leite Silveira
Colégio Ápice - Rio Verde/GO
         Ontem. Apenas 24 horas para que toda uma normalidade se tornasse raridade. “Isolamento social”, foi o que nos disseram mediante decreto estadual e municipal. Uso de máscaras, higienização constante das mãos e pertences, distância de tudo e todos, cidades fantasmas, comércios vedados, doenças psicológicas e um novo inimigo invisível à solta.
O ser humano não é uma espécie solitária, muito pelo contrário, é dependente de um outro ser ao seu redor para se manter estável. Foram longos 4 meses enclausurados em casa, sem contato. O que poderia ser feito durante 120 dias em domicílio? A pergunta é respondida com a minha realidade: home office, tentativas culinárias, maratonas de séries, noites chorando por quem amávamos e que agora já não mais vive, desafios enfrentados em família ou autossuficientes, e o que mais se pôde inventar.
Certa manhã de um dia qualquer durante o isolamento, acordei e percebi que precisava abastecer a geladeira. Tomei um belo banho para mandar um pouco da insegurança embora e fui ao mercado, tomando todos os cuidados já pré estabelecidos. Ao chegar ao supermercado, uma sensação de liberdade encheu meu peito, mas, ao olhar ao meu redor, a sensação fora trocada pela do medo. Peguei o carrinho de compras, higienizei-o e entrei. Coloquei dentro dele tudo que precisava. É fato: caminhei um pouco por entre as fileiras dos produtos para passar a hora. Ficar em casa é muito entediante.
No momento de finalizar a compra, quando eu já estava na fila do caixa, uma senhora de idade, não muito idosa pois não estava na fila do caixa preferencial, afastada de mim uns dois metros, surpreende-me dizendo que acabara de perder seu único filho para o tal vírus eminente. Eu fiquei assustada. Por um momento, pensei que ela não tinha domínio de suas faculdades mentais. Todavia, a dor que sentia era nítida no olhar. Afirmou que nunca imaginara que isso poderia acontecer à sua família, já que tomavam todos os cuidados prescritos. De repente, a atendente grita: próximo. Coloquei minha pequena compra, a moça passou na máquina registradora, paguei o valor e, quando ajeitava as sacolas em minhas mãos, percebi que deveria falar algo para aquela mãe. Não sabia o que dizer. Eu estava em estado de choque e incredulidade. Então, apenas saiu da minha boca um singelo: meus pêsames. Essa foi a primeira vez, em toda minha vida, que presenciei algo que realmente me comovesse.
     Quando cheguei em casa, o olhar daquela senhora, que conseguiu balançar minhas estruturas, ainda penetrava minhas emoções como uma espada de dois gumes, retirando minha alma do corpo. Parece que ela queria me avisar a respeito de algo que aconteceria comigo. Fiquei algumas horas com isso na cabeça. Mas logo depois esqueci. Afinal, nada poderia acontecer a mim nem à minha família. Estamos, desde o início desse mal, mantendo todos os cuidados, até porque minha avó já tem uma idade bem mais avançada que a daquela senhora.
     No entanto, tudo na vida apresenta um lado bom, seja ele agradável ou pela bonança de superar a perda de um ente querido. Nesse momento, tudo o que nos mantém firmes de corpo, alma, pensamento e coração é o sentimento de esperança de dias melhores, de que cedo ou tarde poderemos gozar de bons tempos ao lado de quem amamos, fazendo o que gostamos e vivendo uma vida que nos dá prazer. Foi o que disse minha avó antes de nos deixar há duas semanas.
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As três mosqueteiras 
Julia Maciel Rodrigues Walter
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Personagens: Bianca, Gabriela e Marina.  
(Biblioteca do Poliedro. Bianca está estudando muito para melhorar a situação mundial em relação ao covid-19, mas está muito pessimista. Gabriela é uma estudante do Poliedro e está muito otimista diante da situação. Marina também estuda do Poliedro e é muito sonhadora e avoada). 
Bianca (está na biblioteca estudando): Pensa, Bianca, pensa! O que você vai fazer em relação a essa pandemia? Ficar parada? Claro que não!  
(Gabriela e Marina entram na biblioteca) 
Gabriela: O que você está fazendo, amiga? 
Bianca: Eu estou pensando em um jeito de melhorar a situação atual do Brasil. 
Gabriela: Como assim? 
Bianca: Sobre o covid-19. Já são mais de dois milhões de casos e quase 100 mil mortos só no Brasil. O que você vai fazer a respeito? 
Gabriela: Eu tenho esperança de que tudo vai melhorar. Temos que ser otimistas.  
Bianca: Tá, mas você só tem esperança? O que você está fazendo para isso? Acreditar que tudo vai dar certo não é o suficiente. Temos que agir, e rápido! Você não acha, Marina? (Marina está olhando para o celular e começa a rir) 
Bianca: Marina? Alô? Terra chamando Marina. Do que você está rindo? 
Marina: Oi! Ah, desculpa! Eu estava vendo uma série muito engraçada. Quer assistir também? 
Gabriela: Eu sei que está, Bianca, mas não precisa ser tão chata assim. Olha, entendo que você queira fazer algo, mas não acha que é muito nova pra isso?
Bianca (um pouco irritada): Marina, não quero ser grossa, mas, presta atenção (grita). Estamos pensando no que podemos fazer para melhorar a situação atual do Brasil em relação ao corona. Você quer participar?  
Marina: Não vai dar muito trabalho não? Quero terminar essa série.  
Bianca e Gabriela (gritam): Para de assistir essa série e ajuda a gente! 
Marina: Tá bom, tá bom, estressadas. Pensando bem, é uma ótima ideia porque sempre quis ajudar os outros e fazer a diferença.  
Bianca: E se fizéssemos uma campanha on-line unindo nosso sonho de fazer a diferença no mundo com a nossa capacidade de fazer acontecer? Pode ser uma página no Instagram ou um site que dá dicas de conscientização. O que acham? 
Marina: E se fizéssemos uma arrecadação pelo site? 
Bianca: Ótima ideia, Marina! Assim, podemos comprar máscaras e álcool em gel para distribuir aqui em São José dos Campos.  
Gabriela: Acho! Como você mesma disse, podemos fazer a diferença.  
Marina: Eu faço o site! 
Bianca: Eu e a Gabi podemos cuidar do conteúdo, pode ser? 
(Depois de um mês, na casa da Marina) 
Bianca: Gabi, Mari, venham ver! Já temos muitas arrecadações! 
Gabriela: Verdade! Que demais! Já podemos comprar as máscaras e o álcool em gel! 
Bianca (recebe uma ligação): Alô? Aqui é a Bianca, em que posso ajudar? 
Anitta: Oi! Eu sou a Anitta e vi o trabalho de vocês. Adorei o projeto e quero contribuir!
Bianca (chama Gabriela e Marina): Anitta? Sério? Que demais! Muito obrigada por contribuir com o projeto!  (encerra a ligação) 
Bianca: Quem diria! O resultado foi melhor do que esperávamos. Nessa nova situação que estamos vivendo, tivemos que juntar forças e unir todas as nossas qualidades: os sonhos da Mari, a positividade de Gabi e a minha determinação. Assim, pudemos marcar e mudar a história do nosso país.
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A gente trabalha com o que tem
Manuela Marchezini Fadel
Colégio PGD - Londrina/PR
Olga odeia a chuva. Odeia porque chuva significa engarrafamento, e engarrafamento significa gente mal-educada. Odeia porque chuva significa tempo feio, e tempo feio significa gente de cara fechada. Odeia chuva porque, quando chove, os passarinhos se escondem e o mundo se torna um pouco mais cinzento. Está chovendo agora mesmo, e Olga, dentro de seu Volvo 2008, quer sair correndo; se mesmo quando o dia nasce ensolarado, não há trânsito e as pessoas acordam especialmente simpáticas, o mundo já é um lugar horrível de se viver, imagina debaixo de um fenômeno tão abominável quanto a chuva! Então, carro devidamente estacionado, ela corre. Corre porque já não é nada esperançosa, não acha que receberá um sorriso no meio da avenida (não que um sorriso salvasse a Amazônia, ou seu dia) e o dia não tem cara de quem vai clarear. A rua em que cai, ao virar a esquina, é como todas as outras: igualmente sem sorriso, igualmente sem cor. Até que a senhora com a cabeça, irresponsavelmente pra fora da janela do 3o andar, prédio 321, sorri. Quem sabe tenha lembrado dos banhos de chuva que tomara com a falecida mãe quando criança, ou que as plantas que guarda na sacada vão tomar água do céu, não da pia, pela primeira vez em meses. A mulher sorri, e o prédio 321 é laranja, tão vibrante que é vergonhoso não ter notado antes. A pintura provavelmente será danificada pela água e o sorriso da senhorinha salvou o dia de Olga, não a Amazônia, mas tudo bem! É um começo! Logo, os passarinhos voltam a voar por aí.
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Não tinha, mas tinha esperança
Vinícius Cibinel
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Em meio à pandemia,
Período que traz tristeza
Tristeza da dona Teresa
Nem comida tinha mais na mesa
De problema ela já estava cheia
Perdeu seu emprego
Tirou seu sossego
Foi no desespero
Juntou tudo que tinha
Ganhando e vendendo latinha 
Comprou o básico, óleo e farinha
O que faltava ganhou de doações
.
Morava em favela
Fundo da cidadela 
Inspirada em Mandela 
Tinha esperança 
Não ganhava muito
Catava reciclagem
Era quase hora de viagem
Para ganhar uma “merrecagem”
Depois do trabalho exaustivo
Pegou várias folhas de papel de pão e escreveu um livro
Dona Teresa em seu livro
Com muito alvor.
Dedicava aos leitores. Não importava
Em que situação se encontrava
 Trabalhe e lute para conquistar
A luz da esperança não pode se apagar.
Na última página do livro de dona Teresa, estava escrito:
Nem sempre é fácil.
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Pássaro Azul
Felipe Gonçalves Bartuccio Damasi
Colegio Ideal - Santa Bárbara d'Oeste/SP
Durante muito tempo
Eu tive um pássaro azul no meu peito
Querendo sair
Que me fazia voar, sentir, acreditar
Seu nome era “Esperançar”
Mas com o passar do tempo
Esse pássaro foi morrendo,
Morrendo por estar trancado em uma gaiola
A mesma gaiola em que me encontro
Ambos com as bocas serradas
Secando uma voz que há tempos
Vem gritando mudamente
Eu tinha um pássaro no meu peito
Mas só o recordo quando paro de cantar
E, se para de cantar, ele deixa de viver, morre
Como esses que deixam de respirar
Hoje eu percebo
Todos nós temos um pássaro
E ele canta o tempo todo
Basta deixá-lo cantar
Como foi feito para fazer
Esperançar
Do substantivo esperança
Crer, confiar, acreditar
Ser, aceitar, superar
Buscar, almejar, sonhar
Deixe o esperançar cantar sobre você
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Esperança agora, e sempre
Mariana Feichas Brandão
Colégio Poliedro - Campinas/SP
Campinas, 17 de agosto de 2020
Cara Esperança,
Hoje completamos cinco meses em isolamento social, devido à pandemia mundial. A famosa Covid-19 chegou em nossas vidas sem dar satisfações e, sem nenhum, consentimento mudou tudo e todos. A senhora é a única certeza, é uma peça indispensável, em um momento no qual tantos não estão resistindo. Médicos, cientistas e outros especialistas trabalham dia e noite para conseguir uma cura, no entanto para resistir é preciso acreditar que vai conseguir. Eu escrevo-lhe esta carta para mostrar-lhe a sua importância em nossas vidas.
Em tempos de normalidade, diríamos que esperançar seria ter esperança e fé em momentos de dor, sofrimento, crise e desespero; porém a verdade é que devemos ter esperança em todos os momentos. Esperançar momentos felizes é o que nos cabe fazer todos os dias porque, de uma hora para outra, tudo muda.
Sempre é importante viver ao máximo o nosso presente, experimentar cada momento, sem pensar em futuros que, muitas vezes, pode ser que não aconteçam. Mas, sem dúvida, o mais próximo que podemos chegar de um futuro que desejamos é tê-la por perto e acreditar no que pode se tornar real.
Por fim, através desta carta, digo em nome de todos que ter esperança é atrair felicidade e é acreditar que, mesmo após uma tempestade de confusão, o sol sempre voltará a brilhar ainda mais agora. Esperançar é sonhar de olhos abertos, viver o presente e esperar o melhor do futuro. Assim, espero tê-la por perto sempre, esperança!
Atenciosamente,
Mariana Feichas Brandão
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O filme de ação
André Issao Nakagawa
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Personagens: Lili; Pepê; Televisão;
(Sala com televisão. Lili é animada e está lendo um livro. Pepê está vendo um filme na televisão, está entediado. A televisão está passando jornal)
Pepê- Hoje não tem nada para fazer.
Lili- Leia um livro ou veja televisão.
Pepê- (entediado) Vou procurar uma reportagem que tenha algo animador.
Televisão- Sobe o número de mortos para mil, duzentas e cinquenta e um.
Pepê- Está vendo, Lili? Não tem nada bom na televisão.
Lili- (gritando) Para de reclamar! Vá esperançar.
Pepê- O que significa esperançar?
Lili- (suspiro) Esperançar é ter esperança. (nervosa) Pepê, o que você está fazendo?
Pepê- Estou esperançando.
Lili- Deitado no sofá desse jeito? Esse não é o significado de esperançar.
Pepê- Então o que é?
Lili- Esperançar é animar-se tomando uma atitude.
Pepê- Mas como vou animar-me nessa pandemia?
Lili- Sei lá. Procura aí.
Pepê- Olha, achei uma boa.
Televisão- Hoje houve uma doação de uma tonelada de alimento para necessitados.
Pepê- Finalmente achei uma boa.
Lili- Vamos assistir.
Pepê- Vem, Lili, vamos ver.
Lili- Calma, estou chegando.
Televisão- (gritando) Eu é que não vou deixar passar notícia boa, só vai passar notícia ruim.
Lili- Mas…
Televisão- (gritando) É notícia ruim e ponto final!
Lili- Mas…
Televisão- (gritando) Vocês são uns monstros e merecem notícias ruins e ponto final!
Lili- Sabe, Pepê, agora entendi por que você nunca achava uma notícia animadora.
(Fim do esquete)
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Doce e ingênuo olhar de criança
Lucas Pagan Bueno Lodetti
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Personagens: Alberto, um menino de seis anos, seu colega de classe Marcelo, também com seis anos, a mãe de Alberto, Carla, e a mãe de Marcelo, Paula.
Cena 1
(Alberto e sua mãe Carla estão na cozinha do apartamento onde moram no bairro da Mooca, em São Paulo. Em um dia da semana, de manhã, cinco meses após o início da quarentena)
Alberto: Mãeeeeeeee!!!!!
Carla: Que foi, menino? Aconteceu alguma coisa? Já está na hora da “live”? Está com dúvida em alguma tarefa? Quer comer alguma coisa?
Alberto: Não, mãe! Você só pensa em “live”!!! Tarefa!!!! Faz pipoca? Estou com fome sim! Queria brincar com o Marcelo e mostrar meu brinquedo novo.
Carla: Ah, filho! Você já sabe que agora isso não é possível! Precisamos esperar a quarentena passar. Tudo mudou e está diferente. E pipoca agora não! Daqui a pouco vamos almoçar.
Alberto: Tudo está mais chato, né, mãe? Não posso voltar para a escola, ver a prô e brincar com meus amigos. Não posso sair de casa. Não tenho mais aula de futebol, de basquete, de flauta, de inglês. Não posso andar de bicicleta na pracinha. Não posso levar o Totó passear. Não vou mais na casa da vovó e do vovô. Agora só estudo pelo computador.
Carla: Puxa, filho, eu sei que é difícil para você, sua rotina mudou completamente. Mas tenho uma ideia: e se eu ligar para a mãe do Marcelo e combinar com ela para vocês fazerem uma chamada de vídeo? Assim você pode conversar com seu amigo, matar as saudades dele e até mostrar seu brinquedo novo. O que acha?
Alberto: Nossa, mãe! Isso seria muito legal!!! Então liga agora? Liga, liga, liga? Por favor!!!
(Carla pega seu celular e liga para a mãe de Marcelo)
Carla: Tá bom... Alô, Paula? É a Carla, mãe do Alberto. Estão todos bem aí?
(Paula está no refeitório do hospital onde trabalha)
Paula: Oi, Carla, tudo bem sim. E vocês?
Carla: Estamos sobrevivendo. Um dia de cada vez. Ainda não podemos abrir nossa academia, muitas contas para pagar, alunos descontentes, funcionários com medo de perder seus empregos. Falando em emprego, como está seu marido? Já conseguiu outro trabalho?
Paula: Que nada, Carla. O Jairo só fica em casa porque cuida do Marcelo durante o dia, enquanto estou trabalhando. Está enviando seu currículo para muitas empresas, faz algumas entrevistas on-line, mas nada ainda. Parece que ninguém está contratando. Tudo parado, desanimador.
Carla: Entendo. Tudo está devagar mesmo. E o pior que não sabemos até quando isso irá continuar. Enfim.... Mas liguei porque o Alberto está com saudades do Marcelo e pensei se poderiam usar nossos celulares para fazerem uma chamada de vídeo. Assim eles podem se ver. O que acha?
Paula: Acho uma ideia maravilhosa. O Marcelo está precisando se distrair mesmo. O coitado não pode brincar com ninguém, só tem “lives” e tarefas todos os dias. Não sei como aguenta tudo isso. Pode ligar hoje umas 20h. Nesse horário, já estarei em casa.
Carla: Combinado. O Alberto vai ficar muito feliz. Até mais tarde! Beijo.
Paula: Beijo. E obrigada!
Cena 2
(Alberto e Carla estão na sala do apartamento. Naquele mesmo dia à noite, 20 minutos antes do horário combinado)
Alberto: Mãe, pode ligar agora? Já está na hora? Liga, liga, liga!
Carla: Nossa Alberto, você já falou isso umas quinhentas vezes. Quanta ansiedade! Pega o celular e procure o nome da Paula nos contatos.
Alberto: Mãe, eu já sei fazer isso. Você acha que sou um bebê? Estou ligando.
(Marcelo e Paula estão na cozinha da casa, que fica no bairro da Liberdade, em São Paulo)
Paula: Alô. Oi, Alberto! Como seu cabelo está grande! Está lindo!
Alberto: Oi, tia Paula. Minha mãe não me levou cortar o cabelo. Ela disse que o cabelereiro está fechado. Posso falar com o Marcelo?
(Marcelo puxa o celular da mão de sua mãe, que faz uma cara de brava)
Marcelo: Oi, Alberto. Já estou aqui! Quando minha mãe falou que você ia ligar, já fiquei perto do celular dela.
(Alberto pega seu brinquedo que está no sofá)
Alberto: Oi. Marcelo, olha meu brinquedo novo. Ele tem uma luz aqui e faz um barulhão...
Marcelo: Nossa. Esse é da coleção nova? Que legal. Eu não posso comprar esse novo porque meu pai não está trabalhando e precisamos guardar dinheiro. Eu até quis ajudar, dando meu cofrinho para ele. Mas, ao invés de aceitar, ele começou a chorar. Não entendi nada.
Alberto: É... meu pai e minha mãe também não estão indo trabalhar porque a academia está fechada e não pode funcionar. Eles trabalham pelo computador e todos usando a internet aqui em casa ao mesmo tempo faz com que ela fique muitooooo lenta. Outro dia, até perdi a aula da Tia Jaque.
Marcelo: Meu pai me ajuda nas aulas on-line. Ele é muito tranquilo. Às vezes, nem presta atenção no que a professora fala. Já vi minha mãe brigando com ele por causa disso.
Alberto: Você tem sorte de fazer as atividades com seu pai. Aqui em casa é minha mãe que acompanha tudo e ela gosta das coisas certinhas, perfeitas, letra bonita, desenhos bem pintados. Uma chatice!
Marcelo: Minha mãe sai todo dia para trabalhar no hospital e parece até um robô de tanta roupa e máscara que ela põe. Também, lá ela enfrenta o bicho-papão chamado coronavírus e todo dia ela vence a luta. Mas, quando chega em casa, ela corre para o banheiro tomar banho e desinfetar a roupa na lavanderia. Tudo isso antes de me abraçar e me beijar. Esquisito, né?
Alberto: Nossa, sua mãe é muito forte! Parece até uma super-heroína.
Marcelo: Ela é mesmo. Quando está em casa, muitas pessoas ligam para ela para pedir ajuda.
Alberto: Você pode perguntar para ela porque não inventam logo uma vacina para nos proteger desse bicho-papão? Já aprendi que ele morre apenas com água e sabão. Então deve ser fácil fazer uma vacina para ele, não é? E assim poderemos voltar logo para a escola.
Marcelo: Vou perguntar. Sabe outra coisa que não entendo? O álcool em gel também mata esse vírus, mas a vacina ainda não está pronta. Eles poderiam colocar álcool em gel na seringa e dar a vacina para a gente.
Alberto: Verdade. Por que não fazem isso, né?!
Marcelo: Pois é. E olha que engraçado. Antes eu não podia ficar muito tempo nos eletrônicos e agora meu pai manda eu ficar o dia inteiro no computador. Tablet e videogame estão liberados. Sem contar a televisão à noite.
Alberto: Esses adultos são complicados mesmo!!
Marcelo: Mas você sabe que esse isolamento na pandemia tem o lado bom? Sim, ficar nos eletrônicos é uma parte que eu adoro!
Alberto: Sim. Muito legal. Ah, eu também gosto de ficar junto com minha família. Antes, meus pais saíam de manhã para trabalhar e só voltavam à noite. Agora que trabalham em casa, fico mais perto deles por mais tempo.
Marcelo: Meu pai também cozinha para mim e eu gosto muito de almoçar com ele. Sua comida é mais gostosa que a da minha mãe.
Alberto: Sim, tudo isso é muito legal. E o importante é que cuidamos das pessoas que amamos. Pois, estando em casa, não ficaremos doentes e não passaremos a doença desse bicho-papão para os outros.
Marcelo: Sim, temos essa responsabilidade! Apesar da saudade que sinto de você, da prô e dos outros amigos, ainda nós não podemos nos encontrar!
Alberto: É! Nós temos que ficar longe de todos para nos protegermos e para que isso passe logo! E daqui a pouco também vão achar uma vacina.
Marcelo: Nós temos que...
Alberto: ESPERANÇAR!!
Marcelo: Essa palavra existe? Se existe, então sim, temos que ESPERANÇAR!!!
(Com ruídos ao fundo da ligação, a internet cai)
Alberto: Marcelo, você está aí? Está me ouvindo? Marcelo, Marcelo!
(Carla está ao lado, com lágrimas nos olhos)
Carla: Filho, a internet caiu e a ligação terminou. Mas o que vocês conversaram foi muito bonito. Sua alegria e ingenuidade me motivam e me fazem sorrir.
Alberto: Ingenuidade? Que palavra é essa? Vou procurar no dicionário. Junto com ESPERANÇAR. Eu falei isso, mas não sei se existe. Existe, mãe? Me ajuda a procurar?
(Fim)
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Ser humano: ser insistente
Eduardo Carvalho Sergio Bones
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
“Roi”, leitor, né? Me darei o luxo de perguntar como está sendo seu dia – por uma questão de educação e introdução adequada – mesmo que a resposta seja inviável. Logo: como está sendo o seu dia? Ou melhor, seus dias? Na realidade, a diferenciação entre um dia e vários, atualmente, tem sido cada vez mais complexa: não se sabe ao certo que dia é hoje ou muito menos se hoje é hoje. Passar seus dias limitado apenas ao espaço de sua própria casa, mudando rápida e abruptamente a forma de se relacionar com outros indivíduos pode levar a perda da noção de tempo e até a péssimos dias – ou dia.
Ignore esse devaneio digno de uma dissertação – pertencente a um discurso que estamos cansados de ouvir – e pergunte como estão sendo esses meus “dias”. Me adianto e respondo que tem sido de uma péssima excelência: ao mesmo tempo que tenho vontade de socar as paredes e gritar com toda energia do meu ser as palavras “já” e “chega”, tenho tido tempo de conversar comigo mesmo e tentar me entender. Talvez esse seja um dos primeiros sinais de loucura, mas eu sou um ouvinte tão bom e sábio, tenho tantos conselhos bons e me sinto tão próximo da verdade absoluta. Desculpe, Platão, mas eu prefiro a sabedoria da minha caverna, sair dela é para os fracos.
Sem mais delongas, o fato é: estamos todos perdidos. Não no sentido de um apocalipse eminente – até porque ele já chegou – mas sim no sentido emocional e racional. A vida parar de repente era algo inimaginável até 5 meses – ou 5 horas dependendo da sua visão do tempo – atrás: quem imaginaria que um ser microscópio iria jogar a humanidade no bueiro? Entender que um vírus deixa qualquer exército no chinelo era algo para poucos, agora somente para, no mínimo, 7 bilhões de pessoas. Minha vasta sabedoria me leva a crer que não sou só eu que tenho vontade de socar as paredes ou considero o tempo como um inimigo. Exatamente, esse miserável sai correndo e sempre nos deixando para trás, como em um trem que está em movimento sem avisar os passageiros, que esperam ansiosamente o início de seu movimento.
Esperar é a palavra motriz de todo sentimento nessa quarentena e, de certo modo, é até irônica: forçar milhões de pessoas que não têm paciência de ficar mais de 5 minutos em uma fila a ficar 5 meses sem sair de casa chega a ser engraçado. Não me entenda mal, caro amigo, longe de mim querer instituir um comportamento considerado adequado. Para se ter uma noção, não vejo a hora de terminar esse texto e poder seguir com minha infinidade de “nadas” para fazer. O problema é que tal falta de paciência pode levar a diversas questões, como o agravamento da atual crise, discursos de ódio e até a ozônio.
Diante de tantos problemas advindos de crises como a atual, como não se desesperar? Como não desistir? Por que não torcer para que o trem continue “parado” em uma falsa ilusão? A resposta, embora simples, pode ser complexa em seu entendimento. A existência de todos os problemas citados coexiste com sua própria existência, no entanto não há nada que possa ser feito em larga escala. Mas assim como uma célula é crucial para o funcionamento de um indivíduo, cada ser humano é importante para o funcionamento de toda a sociedade – isso mesmo seu serzinho insignificante, você também importa muito. Milhares de pessoas já terem deixado de esperar não é motivo para que perdemos a paciência com eles nem com o contexto atual. Pensar em um amanhã melhor e agir da forma que esperamos que os outros ajam é o melhor a ser feito. Ter em mente que, embora o trem permaneça em um movimento estático e o caminho seja árduo, ele irá chegar na próxima estação.
Assim como o trem, esse texto seguiu seu movimento estático e chegou ao fim. Possivelmente esse texto passou rapidamente ao encontro de seus olhos e talvez você se pergunte se realmente passou tão rápido assim, e é exatamente essa forma de negar o óbvio e insistir em continuar que o torna humano. Você pode achar que tenha sido minha sabedoria adquirida na caverna quem me mostrou isso, mas foi justamente a falta dela. Errar constantemente e consertar tudo; crer em um futuro melhor mesmo no pior cenário; ter força para superar a própria insignificância perante o Universo e ter a certeza de que o amanhã é incerto e mesmo assim insistir nele são os atos mais puros de humanidade. E não ache que isso é se iludir, é esperançar. E não existe nada mais belo que isso.
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Carta aberta ao meu futuro, eu não quarentenado
Isabela Rodrigues Ribeiro
Colégio Progressão - Pindamonhangaba/SP
Agosto, século XXI
Ao acordar percebi que era só mais um
Meses se passaram de forma incomum
Sigo no mesmo lugar
Questionando onde posso encontrar meu ser poético
Não me ache pessimista
Mas o que fazer quando o lógico te faz questionar o cósmico?
É impossível negar o óbvio
Me perco criando meus próprios mistérios
Caro leitor;
Não te peço que me leve a sério
Mas entenda que cada verso será como uma súplica
Vazia por mim e livre de estética
Estrutura pragmática
Entretanto, poética
Percebeu que toda esperança é recorrente?
Tente entender que ela vai além do salário que acaba de cair em sua conta-corrente
Tudo aqui consegue ser incoerente
Eu poderia vir aqui e lhe dizer lindas coisas
Mas o ato de ser a esperança é mais forte que isso
Esperança é muito superestimada
Ela também enfrenta crises
Mas se mantém de pé
Sendo a maior resistência contra a impotência
Fonte de persistência
A vida ainda está em porte teu
Não seja como eu
Ressignificar é um lindo verbo
Faço questão que esteja em um de meus versos
Conhece o peso de humanizar questões humanas?
Dar um novo significado
Não só por estar quarentenado
Há anos não via quem estava do meu lado
Um “bom dia” não dado
O "boa noite, benção mãe" esquecido
De fato
Estamos fadados ao fracasso
O passado ainda é o que motiva o presente
E no fundo
Tudo está conectado!
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91 DIVOC
João Arthur von Rainer Harbach
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Há muito tempo, em um reino depois dos Nove Mares, viviam os Onamuhs. Um povo apressado e distraído, que havia esquecido seu propósito na vida. Eles desmatavam, matavam, guerreavam, destruíam, mas nunca ficavam satisfeitos.
Então, em um dia de tempestade na pequena cidade de Anihc, tudo mudou. A terra tremeu, um Tsunami inundou, um Tornado bufou... O impacto dos três desastres naturais abriu uma tumba que estava enterrada por entre gigantescas pedras e protegida por milhares de morcegos. Ali havia algo com que os Onamuhs não estavam preparados para lidar.
Um mago, que dormira por mais de dez mil anos, fora acordado. Seu nome era Suriv. Ao ver o caos em que o país dos Onamuhs se encontrava, Suriv lançou uma praga sobre o reino: O anoroc, uma doença mortal. O primeiro local atingido foi a província de Nahuw, os Onamuhs começaram a adoecer e morrer. Apavorada, a maior parte da população fugiu, porque acreditou que os Deuses os estavam punindo por Nahuw ser um local tão cinza, sombrio e devastado.
Realmente os Deuses estavam punindo os Onamuhs, mas não só os de Nahuw. Com a fuga, o anoroc se espalhou por todo o país, levando a dor, a tristeza e a morte. A doença era uma verdadeira maldição, privava os Onamuhs dos verdadeiros bens da vida: o ar e a água.
Tentando minimizar os efeitos, os governantes ordenaram que os Onamuhs se isolassem em casa e, se precisassem sair por alimentos ou remédios, deveriam cobrir totalmente seus corpos e rostos, tornando-se irreconhecíveis perante os outros.
Ao mesmo tempo que os melhores curandeiros do reino foram convocados para preparar a cura do anoroc, os Onamuhs, que estavam trancados em suas casas e longe das pessoas que amavam, passaram a refletir sobre como viviam. O plano de Suriv estava se realizando, apesar de a doença trazer muita dor, seu verdadeiro objetivo era fazer os Onamuhs repensarem seu modo de vida.
Anos se passaram, até que a cura foi descoberta. Quando os Onamuhs finalmente saíram de casa, imunizados contra o anoroc, não reconheceram o próprio reino. A natureza tinha se renovado, assim como eles próprios. Eles passaram a cuidar melhor de sua terra, jurando nunca mais se esquecer do propósito de toda a vida: tornar-se melhor e nutrir a esperança para que o mundo todo ganhe com isso. Até hoje, esta história é contada para todos os Onamuhs jovens, para aprenderem que se é grande por quem se é e não pelo o que se tem.
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Guarde esta história para sempre com você
Isabelle Minotti Rodrigues
Colégio Ideal - Santa Bárbara d'Oeste/SP
Certo dia meu pequeno Joaquim apresentou-me uma folha de caderno com uma palavra linda, porém carregada de sonhos, desafios, tristezas e alegrias para mim. Na folha havia a palavra ESPERANÇA.
A professora de português solicitou a definição, pois estávamos vivendo um período muito diferente, uma pandemia global. Nunca imaginei que poderia viver mais um desafiador momento em minha vida, mas sei que este mesmo momento é transitório, assim como muitos outros que enfrentei.
Eu, sabendo que meu menino gostava de ouvir histórias, resolvi contar-lhe uma de minha vida. Pensei e disse a ele que a guardasse para sempre.
Foi assim Joaquim...
O ano era 1948, véspera de Natal, eu, como boa criança, pedi ao Papai Noel que me trouxesse uma boneca, o brinquedo mais desejado naquele tempo. Ela era loira, dos olhos azuis, tinha bochechas bem rosadas e usava um vestido azul de bolinhas rosa. Isso aos seis anos de idade, exatamente a sua idade, meu netinho... Aquele era meu desejo mais profundo e sincero!
Passei a noite toda esperando meu pai chegar e quem sabe a boneca chegaria com ele? Mas peguei no sono. Nem papai nem boneca... Joaquim me olha fixo, com aqueles olhos brilhantes como duas jabuticabas e me interrompe questionando por que seu bisavô ficava tanto tempo longe. Expliquei que ele trabalhava de noite, de dia, e de tarde... Nós somos negros e...
Vi meu neto confuso, e um tanto quanto preocupado. Em sua doce ingenuidade perguntou-me qual o problema em ser negro, ele era negro e não queria trabalhar tanto, nem ficar tanto tempo fora de casa.
Continuando Joaquim... Nós, negros, morávamos em casebres de apenas um cômodo, papai tinha que trabalhar em três empregos e eu limpava a casa da senhora Anne em troca de comida, mas nunca nos faltou nada, graças a Deus!
Mas voltando àquela noite, onde eu havia parado mesmo? Minha memória já não é mais a mesma. Lembrei-me!
Acordei e estava a esperar o papai, fazia isso todo natal, pois, como não tínhamos chaminé o bom velhinho deixava meu presente com ele e, além do mais, aquele ano eu tinha desejado o melhor presente da minha vida; eu, com meu coraçãozinho cheio de esperança já havia até dado nome para ela: Lúcia! O pequenino interrompeu-me novamente, disse-me que aquele era o nome de sua mãe; eu, sabendo que aquela associação era uma parte essencial para a história apenas disse para acalmar-se e esperar os próximos acontecimentos.
Finalmente papai havia chegado, acordei assustada e vi que trazia consigo algo nas mãos. Para meu espanto não era minha boneca, mas sim, uma margarida. Não deixei que ele percebesse minha decepção, afinal ele me deu com tanto carinho! Eu, embora tenha me esforçado, não consegui evitar e neste mesmo momento uma enchente se formou em meus olhos, ainda bem que papai pensou que tivesse sido a emoção de ter recebido a flor que me deu com tanto carinho.
Pois bem Joaquim, não ganhei a boneca e mesmo assim continuei pedindo, sem falar nada para ninguém. Fiz promessas ao Papai Noel, pedi para a estrela cadente, para os anjos... Ninguém me ouvia. Aos 7, 8, 9 anos... Depois disso, pensei em mudar meus pedidos, mas nunca perdi as esperanças que um dia minha Lúcia chegaria.
Os anos se passaram e eu me dedicava cada vez mais aos estudos. E sabe por que, Joaquim? Eu tinha a certeza de que meu papai fazia de tudo para cuidar da gente e que a doce boneca Lúcia poderia esperar. Sempre fui boa aluna e uma verdadeira devoradora de livros, graças a isso, consegui entrar em uma boa faculdade, mesmo muitos dizendo que lugar de negro era na favela. Eu sabia que meu lugar era aquele onde eu sonhava estar. Era um lugar cheio de amor, com muitos e muitos livros e onde a justiça podia reinar.
E mesmo estudando tanto não parei de trabalhar um dia sequer na casa de dona Anne, afinal ela garantia meu sustento. Quando me formei em advocacia, busquei outros caminhos. Mais uma vez a esperança de conseguir um emprego em que pudesse aplicar todo o meu conhecimento estava batendo à porta. No entanto, Joaquim, eu me decepcionava. Não me chamavam sequer para uma entrevista, porque apesar da boa formação, eu ainda era negra, neta de escravo. Mesmo assim, não desisti.
Na minha cidade havia um escritório de advocacia, eu fui até lá, o dono não estava, então apenas deixei meu currículo na portaria. Ah... Detalhe importante: no currículo eu havia colocado o telefone da senhora Anne, porque naquele tempo ainda não tínhamos.
No dia seguinte ao chegar ao trabalho, bem cedinho, já fui perguntar ao mordomo, seu Vicente, se ele havia recebido alguma ligação, ele ficou em silêncio, mas sua face escondia um ar de mistério e um sorriso. Em seus olhos pude ouvir “sim, ligaram...” Neste instante minha felicidade não estava escrita!
Sai da sala de estar, agradeci imensamente à senhora Anne e seu Valentim, afinal eles deram ótimas referências sobre meu caráter e minha integridade. Trabalhava lá desde meus dez anos de idade! Virei às costas, porém meu coração ficou por ali também. Gratidão se aprende Joaquim. Não se esqueça. Amor de aprende, paciência se aprende.
De lá fui direto ao escritório de advocacia, fiquei tão feliz que, quando cheguei, me dei conta de que estava de avental. Imagina eu, de avental, para uma entrevista em um escritório?
Bom, um homem negro abriu a porta, alto, sorridente, de chapéu e um paletó azul piscina, cá entre nós meu neto, ele era lindo!
Rapidamente, José, que ouvia atentamente à história afirmou: “O vovô ainda está em boa forma!” ̶ Caímos todos na risada! Agora me deixem continuar, eu e seu avô começamos a namorar e o resto da história você já sabe...
Estávamos em 1967, véspera de Natal, eu já estava casada com vovô e estava esperando um presente muito importante! E naquela mesma noite corremos ao hospital, uma boneca estava a caminho. Sim, Joaquim, Lúcia, negra, de olhos pretinhos, cabeludinha e com o choro mais doce da Terra. Era uma edição especial, era exclusiva, era única!
O menino, surpreendido com tudo o que eu o havia contado, correu para pegar a folha de papel, antes em branco e nela escreveu uma frase que nos mostra como ter esperança de um jeito muito singelo e harmonioso, ele todo empolgado e satisfeito veio me mostrar.
A frase era: sonhe alto, lute como um super-herói e supere as dificuldades, nunca deixando de acreditar. Eu, encantada com meu menino, disse a ele que, com aquela frase, determinação, esperança e fé, o mundo um dia seria dele!
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Continuar… apesar de tudo 
Guilherme dos Santos Braga
Colégio EAC - Capivari/SP
Em algum lugar nas galáxias, 3 de agosto de 2020.
Querido 2020,
Escrevo esta carta para tentar ajudá-lo a entender todas as loucuras que estão acontecendo em sua vida. Bem, sei que não está nada fácil para você. Pelo que eu vi, o seu ano conta com uma pandemia que vem matando diversos humanos. Ela é realmente cruel, mas os males que ela causa não estão relacionados apenas a matar as pessoas, mas também a destruir toda a economia e atrapalhar a educação e a saúde do povo.
Eu sei que não estamos no melhor momento, entendo que o acontecimento citado por mim mesmo nesta carta vem acabando com a esperança do mundo, mas essa não é hora de fraquejar e deixar essa doença acabar com tudo. Pense bem!
Nós, os Anos, já passamos por situações bem piores. Alguns de nossos irmãos enfrentaram diversas guerras que causaram muitas mortes e tristezas; outros presenciaram desastres naturais que chegaram a acabar com lugares e fazer com que eles nunca mais fossem habitados; inclusive, alguns Anos passaram por pandemias ainda maiores, como a da peste negra, que matou quase um continente.
Mesmo com tudo isso, continuamos, depois de 365 dias, a ter fé no Ano que está chegando. E você quer mesmo desistir e se isolar? Deve estar de brincadeira, né?
Você deve estar se perguntando o porquê de isso acontecer no seu ano. Provavelmente, foi porque você é o único forte e resistente para aguentar uma coisa dessas. Sim, você é muito forte! Lembre-se de que nosso pai, o Tempo, não nos deixa passar por nada, além do que podemos aguentar.
E é com um grande toque de esperança que escrevo esta carta. Por mais escuro que seja o túnel, sempre há um feixe de luz. Fiz tudo o que pude para animá-lo, agora é com você. Transforme a teoria em ação e melhore esse seu humor logo, para me entregar um mundo melhor, mais alegre e, principalmente, cheio de esperança. Ainda há tempo!
Com muito amor e esperança,
2021
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A importância da esperança
Amalia Stoppa Bortoletto
Colégio EAC - Capivari/SP
Em algum lugar no mundo, 31 de dezembro de 2020.
Caro 2020,
Sabemos que seu ano está sendo o pior. Daqui onde estou, esperando minha hora de nascer, presencio coisas horríveis, coisas que eu nunca imaginei que poderiam acontecer em somente um único ano. Mas isso não quer dizer que é o fim, ou que não haverá melhoras!
Todo ano tem o azar de carregar em sua história acontecimentos que não são muito bons. Posso citar o ano de 1997, quando aconteceu a primeira epidemia de gripe aviária. Ou 2001, o ano do ataque às Torres Gêmeas... Mas quero que veja que, apesar de todas essas tragédias, esses anos não desistiram e foram até o fim. Você tem um descontinho a mais, até pode ser um pouco pessimista, somando tudo o que você passou... Mas está na hora da mudança!
Chegou a hora de fazer o seu ano melhorar. Precisamos erguer a face do povo para que ele enxergue a esperança que ainda existe no fim do túnel. Precisamos fazer com que essas pessoas usem toda a sua força de vontade para caminhar nesse túnel. Precisamos dar a essas pessoas um motivo para viver e, mais tarde, contar diversas aventuras e histórias para seus parentes.
Conto com você para vencer mais essa etapa. Se você não tiver esperança, por que o povo teria? Então, por isso, você precisa ser o exemplo máximo de tudo! Dê um empurrãozinho para guiar esse trajeto. Eu sei que você consegue!
Com esperança,
2021.
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A rockeira do esperançar
Júlia Almeida Traviesa Zaragoza
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Personagens: Val; Amélia; Edite.
(Val é uma senhora aposentada e muito animada que adora conversar com suas amigas, Amélia e Edite. Ao anoitecer, sentada em seu sofá, resolveu “matar” as saudades de suas amigas por vídeo chamada. Amélia é simpática e amorosa, enquanto Edite é preguiçosa e tímida)
Val- (diz, chateada) Meninas! Agora que estamos aposentadas o que iremos fazer das nossas vidas? Temos o dia inteiro sem quase nenhuma preocupação. Mas vocês pelo menos têm netos...
Edite- (entusiasmada, afirma) Vou sair da cidade e ir morar no campo, lá é bem mais tranquilo e vou conseguir dormir em paz, sem as buzinas me acordando. Ah! Acho que vou ter férias o ano todo, será uma alegria.
Amélia- (não prestando muita atenção) não sei não... acho que vou viver normalmente, só que sem trabalho! (risadas)
Val- (ansiosa, conta) Estou muito pensativa nestes dias de quarentena, mas não sei o que quero realmente... Tenho esperança que vou achar um hobby e conseguir viver o resto da minha vida fazendo algo que gosto de verdade. Daqui uns dias, ligo de novo para contar da minha escolha. (com a voz triste) Vou sentir sua falta, Edite...
Edite- (faz símbolo de coração) Tchau, preciso desligar. Beijos! (encerra a ligação)
Amélia- Tchau! Vou torcer para um encontro em breve... assim tomamos um chá antes da despedida. Boa noite, Val. (desliga a ligação)
Val- Tchau, minha amiga, vou deitar também... beijo.
(Depois de semanas se esforçando, tentando descobrir hobbies, como atividades nas áreas de artes, esportes, culinária, leitura, redes sociais e muitas outras, Val liga novamente para suas amigas, desta vez, da sua garagem)
Val- (com um sorriso no rosto, conta) Oi! Liguei para vocês pois tenho uma novidade... achei um hobby magnífico, estou muito feliz.
Edite- (diz normalmente) Oi! Que legal... mas que hobby é esse? E por que você está na garagem?
Amélia- (curiosa, fala) Que bom! Também estou curiosa, o que é?
Val- (com suspense, afirma) Vou ser... (mostra uma guitarra, uma roupa toda preta e grita) roqueira metálica! A garagem virou meu estúdio. Eu tinha a esperança de achar uma nova ocupação, não quero ficar sozinha e triste dentro de casa. Não vou ficar sentada no sofá, esperando, pensei muito... fui atrás dos meus antigos instrumentos, voltei a estudar e fiz acontecer. Com tudo o que está acontecendo, tenho certeza de que não podemos perder tempo... é preciso ir em busca dos sonhos, se reinventar e realizar os antigos desejos guardados.
Amélia- (surpresa, mas feliz pela amiga) Que lição linda. Aproveite e depois quero um CD autografado! Tenho que preparar o jantar. Beijos! (sai da ligação espantada).
Edite- (assustada) Estou sem acreditar na novidade... você está certa. Da tristeza para a alegria. Muito bom! Tchau. (sai da ligação)
Val- Vou praticar um pouco. Yeah... tchau! (satisfeita, encerra a chamada)
(Fim)
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Paciência inquieta
Lucca Baptista Silva Ferraz
Colégio Ser! Jundiaí - Jundiaí/SP
Esperança
Sentimento de quem vê como possível
Alvo ou desígnio de uma expectativa
Virtude daquele que espera alcançar.
De uns tempos para cá a esperança perdeu seu sentido
Tão estática quanto contraditória
A esperança se subverte, se transmuta, se perde
Mas não se esgota
Porque o que se esgota tem em si o seu próprio fim
E a esperança
Tão vívida quanto contraditória
Revivesce
Esperança
Sentimento de quem faz possível
Qualidade daquele que retorque o desespero
Ambição de quem cansou de esperar
Trazendo em si tudo que poderia ter sido
A esperança é como uma paciência inquieta
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A busca
Luísa Teixeira Mansur
Colégio Poliedro - Campinas/SP
Nova Esperança, 18 de julho de 2020.
Oi, João!
Faz um mês que decidi fazer as malas e viajar apenas com algum dinheiro, meu passaporte e meu caderno a fim de encontrar alguma coisa que me desperte o desejo de viver e descobrir meu propósito.
Pensei em não mandar notícias até que eu voltasse para casa, o que estava quase fazendo, pois até agora não tinha encontrado nada do meu gosto que me surpreendesse nesse mundo. Eu estava quase desistindo, mas esses dias aconteceu uma coisa que me chamou a atenção e, por isso, escrevo para te contar.
Em uma das cidades onde parei havia uma aglomeração de pessoas na praça central. Como homem curioso que eu sou, fui lá ver o motivo da muvuca. Cheguei abrindo espaço para ver o que acontecia no centro daquela roda e fui logo perguntando: “Oras, o que está acontecendo aqui?”. Um homem baixo e magro, meio curvo e com uma cara esquisita do outro lado da roda respondeu: 
“O Homem Sábio e o Homem Tolo estão discutindo outra vez!”
Fiquei imaginando o porquê de chamarem os dois homens que se sentavam no centro da praça desse modo e qual deles seria o Homem Tolo e qual seria o Sábio. Pensei em perguntar, no entanto, tive a impressão de que logo ia acabar descobrindo.
Os homens do centro se sentavam um de frente para o outro e você não acreditaria se os visse: eles eram fisicamente idênticos!
O homem da esquerda suspirou e olhou para o outro e disse sem rodeios: “Os homens vivem falando sobre esperança, mas ela é a arma mais cruel que pode ser usada contra si mesmo. Criam onde não existe nenhuma ou a arruínam.”
Logo o da direita respondeu: “Pois eu discordo! A esperança é o que faz você continuar caminhando dia após dia, é o que faz você ter vontade e ir até o fim para conseguir o que quer. Sem ela, não teríamos vontade de fazer nada. Dou-lhe um exemplo: todo dia nesta praça você discute comigo com esperança de que algum dia seja mais sábio que eu.”
Foi aí que eu entendi quem era o Homem Tolo e quem era o Sábio. O Homem Tolo ficou com raiva e saiu andando batendo os pés no chão. As pessoas na roda aplaudiram, algumas pegaram cadernos e canetas para anotar o que o Homem Sábio havia dito, como se ele fosse um professor e as pessoas, os alunos tirando nota do que ele fala. Como fui esperto, acabei anotando também.
Sabe, acho que o Homem é Sábio com razão. Pela primeira vez em bastante tempo, fiquei pensativo sobre a vida. Eu, que estava quase desistindo e sem motivação. 
Na manhã seguinte, quando acordei, decidi que iria em busca da esperança! Acredito que irá demorar um pouco e não sei bem por onde vou começar, mas não vou desistir de achá-la. Você teria alguma sugestão de onde buscar? Realmente estou determinado a encontrá-la.
Se eu acreditar que vou achar a esperança já é esperançar? Não sei, talvez eu já tenha até esbarrado nela por aí e só não percebi. Vou continuar seguindo em frente e não vou desistir até que eu a encontre.
Um abraço de seu amigo e companheiro esperançoso, Pedrão.
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Paisagem Natalina
Leonardo Mueller Vilela de Carvalho
Colégio da Villa - Jaguariúna/SP
Paisagem natalina
Na cadeira de plástico
Na lua do meio-dia
Na mão
Lata de refrigerante
Baleias nadam
Na praia de outrora
Em soneto de pacificação
Em pequena gigantitude
E nas paredes do meu quarto
Com os cordões de pisca-pisca
Entre quatro tijolos
Crio o meu eterno Natal
-
Na cadeira de pacificação
Na Lua de refrigerante
Na pequena gigantude
Lata de Natal
Quatro tijolos nadam
Na praia de pisca-pisca
Em soneto de meio-dia
No pequeno meu quarto
E nas paredes de plástico
Com os cordões de mãos
Entre outrora
Crio minha eterna baleia.
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Ato heroico
Daphne Lie Haranaka Pereira
Colégio Raízes - Mogi das Cruzes/SP
Aprisionado, capturado, confinado e trancafiado… aprendi que adjetivos servem para dar aspecto a algo, e esses certamente são os que mais me descrevem nesse momento, olhando para as mesmas paredes, móveis e sujeira por um período de tempo que parecem anos.
Ontem de manhã (exatamente às 8:42) desci para tomar meu café da manhã, assim como todos os dias anteriores a esse… mas havia algo de errado, olhei em volta procurando alguma pista para me levar à resolução desse problema logo de manhã… mas sem sucesso, olhei para baixo aceitando a primeira derrota do dia, mas foi nesse momento que descobri o que estava me incomodando.
Logo ao lado do fogão velho da minha mãe e a porta pela qual ela saía todos os dias para trabalhar havia uma ratoeira… mas não era qualquer ratoeira, uma que realmente completou o seu trabalho de capturar o pobre do rato, fiquei enjoado de ver a cena, logo quando enchi a boca de cereal, mas acabei esquecendo quando percebi que o animal não estava morto, encarei seus olhos, que claramente estavam assustados e desesperançosos, comecei a ficar triste pela morte iminente do rato… mas foi aí quando percebi que ele não estava sozinho.
De longe acabei vendo uma sombra saindo de outro canto sujo da cozinha, seria aquilo a segunda vítima daquele horroroso instrumento de tortura do tamanho da palma da minha mão? Descobri a resposta depois de alguns segundos admirando o animal, aquele tinha cara de ser mais esperto, de algum modo conseguiu ultrapassar o campo minado de ratoeiras que cobria a porta da frente, e foi logo ajudar seu… amigo? Irmão? Filho? Não me importava… queria saber logo o desfecho da história do nosso agora herói rato.
Depois de alguns minutos, que me pareceram horas, o rato herói chegou ao seu companheiro, ficaram se encarando, deviam estar conversando sobre o plano salvador de roedores, mas não tinha certeza (assim como não tinha certeza de nada que me acontecera até aquele ponto). Encarei de novo o olhar do rato preso, fiquei impressionado com o seu olhar… parecia mais vivo e contente, mesmo que ainda estivesse na mesma situação que alguns minutos atrás.
Depois de olhar várias tentativas sem sucesso por parte do rato herói em tirar o amigo da armadilha, fiquei entediado, e desviei o olhar para outra coisa que me chamava atenção (que agora não me vem à cabeça), mas quando lembrei da história dos dois roedores virei o olhar depressa para aquele ponto sujo da cozinha.
Desapontado, esse era o adjetivo que pensei quando vi que no lugar que antes tinha uma batalha entre animais e máquinas agora era substituído apenas pela velha ratoeira, mas logo me senti feliz por não presenciar a morte do meu lado logo no café da manhã, e sim uma guerra épica… que me pareceu ter um final feliz.
Depois desse pensamento voltei correndo para o meu quarto a fim de procurar o dicionário, precisava de um vocabulário um pouco mais positivo para tentar descrever como me sentia.
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Espera Alçar
Bianca Lima Gomes de Paula
Novo Colégio - Franca/SP
Desnorteado o mundo perde leste e oeste.
Há vagas!
No horizonte, a peste!
Estonteado o prelo imprime a vida nua.
Há vagas!!
O horizonte insinua.
Desajuizada a casta pede respeito.
Há vagas!!
O cabedal exige o preito.
Perturbada a perspectiva se contrai.
Há vagas?
O universo se subtrai.
Conturbado o horizonte se desfaz.
Que vaga?
A verdade se destaca voraz.
Exacerbado o universo implora...
Divaga.
Insinuosa a esperança explora.
Contrariado o ceticismo tremula.
(...)
A vida assertiva emula.
Impugnada a imprecação se esvai.
Há vaga!
Vencido leste o destino atrai.
Norteado o impulso inspira: É vida.
Sem fleuma!
Vencido oeste a esperança extrai.
Pontificada esperançar é o norte.
Afaga!
Esperanço eu, e você? Esperancerá?
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Esperançar, mas sem brigar!
Beatriz Bertoco Narazzak
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Personagens: Artur, Bianca e Juliana.
(Artur está jogando videogame, Bianca é a irmã mais velha, muito responsável, que está estudando, e Juliana, a mais nova, pequena e indagadora, que não está fazendo nada, apenas andando de um lado para o outro)
Cenário: Casa de três irmãos nos tempos atuais, de pandemia.
Juliana — Vamos ao shopping?
Bianca — Melhor não, precisamos nos proteger do novo vírus, Juju. É por isso que estamos em quarentena.
Artur — Parem de falar! Estou prestes a passar à fase 387!
Bianca — Artur, saia um pouco desse videogame! Você não tinha coisas para estudar?
Artur — Ah, daqui a pouco faço!
Bianca — Daqui a pouco não! Vai estudar!
(Bianca tira o controle da mão de Artur)
Artur — Me devolve!
Bianca — Devolvo! Assim que você terminar de estudar!
(Volta a estudar e coloca o controle do seu lado)
Juliana — Ninguém me escuta! Eu queria sair um pouco de casa, não tenho nada para fazer!
Artur — Juliana, você tem que ter paciência com o momento em que estamos passando. Assim como eu tenho que ter muita paciência com a sua irmã!
(Bianca dá um suspiro de raiva e revira os olhos. Artur mostra a língua a ela. Enquanto isso, Juliana fica triste)
Bianca — Ju, não fica triste... temos que nos controlar e ser resilientes, porque tudo vai passar.
(Artur chega empurrando Bianca para trás)
Artur — Eu sei consolá-la melhor! Juju, em vez de pensar que tudo isso é chato, pense em tudo de bom que todos estão fazendo para que esta situação melhore: eu vi numa pesquisa que várias pessoas estão praticando atos de solidariedade, ajudando famílias em necessidade e doando para instituições. Isso é esperançar, você devia experimentar.
Bianca — Você não sabe consolá-la, eu sou bem melhor! Ju, esse momento está sendo difícil para todos, mas nossa força é maior! Seu irmão fica falando de coisas que você nem deve entender, que são muito distantes do seu cotidiano, mas às vezes não percebemos atos de caridade que estão bem próximos de nós. O papai, por exemplo ajuda a vovó e o vovô, fazendo as compras para eles, não colocando-os em risco. Isso já faz uma grande
diferença. Imagina se todos os filhos fizessem isso por seus pais idosos!
Artur — Você, Bianca, fica dizendo várias coisas, mas também não faz nada!
Bianca — Muito menos você!
Artur — Ah, é? Então você vai ver só, eu vou... criar um perfil nas redes sociais de jogos e entretenimento para que as pessoas passem o tempo em casa sem ficar entediadas!
Bianca — Ótima ideia, Artur! (Diz com ironia) Mas eu tenho uma mil vezes melhor: vou criar uma instituição para arrecadar fundos para pessoas que perderam o emprego por conta do distanciamento social!
Juliana — (Irritada) E eu vou criar uma máquina que faça irmãos pararem de brigar!
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Relatos de um mundo novo
Maria Carolina Bugno
Colégio Ideal - Santa Bárbara d'Oeste/SP
Caros humanos,
Sou eu de novo, o Meio Ambiente. Estou passando só pra esclarecer essa anarquia toda. Eu demorei, eu sei, mas é que eu pensei que...Ah, quer saber: EU PENSEI QUE VOCÊS ERAM MAIS SENSÍVEIS. Por um instante eu achei que vocês iriam entender meu pedido de socorro! Mas não, vocês fizeram completamente o oposto, desmereceram minha súplica.
Não se recordam dela, não é mesmo Espera aí que já vou falar...
Conseguem relembrar das chuvas de janeiro e fevereiro que causaram os desabamentos e enchentes no Sudeste do Brasil? Também tem o incêndio na Austrália, meio milhão de animais mortos e mais de 5 mil hectares de terras destruídos. Isso porque ainda nem falamos sobre os infectados do Rio de Janeiro, né aquela água suja e contaminada saindo das torneiras e causando centenas de óbitos. E agora, entenderam meu SOS Poderia passar anos e anos escrevendo sobre tudo o que aconteceu comigo, mas vamos direto ao ponto.
Mesmo com sinais tão sérios, tiveram a capacidade de esquecer e seguir, deixando de lado os meus sinais. Eu precisava de uma atitude que pudesse fazer vocês olharem para mim, eis que chega uma amiga chamada “Pandemia”. Ela é mais feroz do que eu. É mortal, é silenciosa e ataca sua presa em meio ao caos. Seria uma amiga fiel? Ou uma vilã desleal? Junto dela veio seu fiel escudeiro, o Corona vírus, ele é talvez o primeiro sinal claro, incontestável, de que a degradação ambiental pode matar os humanos com rapidez. A destruição dos hábitats é a causa, de modo que a restauração deles é a solução. Não estou falando somente em transformar uma floresta em agricultura sem entender o impacto que causa no meu clima, na concentração de carbono, na deflagração de doenças e de inundações; vocês não podem ver apenas a transformação da natureza sem pensarem no que ela causa a sua raça.
Mas agora vocês viram qual é a importância do Meio Ambiente, vocês viram a importância de um ar puro para respirar, vocês viram a importância com o respeito aos mares, rios e lagos, agora vocês conseguiram entender como a natureza é essencial, vocês conseguiram entender que as máquinas e a tecnologia também se tornam cansativas. E isso é admirável!
Mas está ficando tudo bem, longe de vocês, eu, aos poucos me recupero; estou mais limpo, reflorestado, e o mais importante, estou sendo valorizado! Tudo o que está acontecendo é uma demonstração de que a mudança nos hábitos de consumo e na produção de bens e serviços pode produzir resultados duradouros e benéficos para a humanidade e, melhor ainda, para mim. Não desanimem.
Agora que tudo ficou esclarecido, vocês podem se acalmar, tudo isso vai acabar mais rápido do que imaginam. Eu posso garantir. A humanidade precisa me compreender, mas eu também devo compreender a humanidade, eu amo vocês e entendo que a revolução e o crescimento do ser humano é importante, entendo que é preciso de tecnologia, entendo que eu não posso parar as indústrias nem a civilização para sempre, afinal elas são as responsáveis pela economia, e por uma boa parte da vida humana.
Mas eu não quero que voltem com a vida normal, afinal o normal de vocês não era bom nem para mim nem para vocês mesmos. Quero que tudo volte, mas com o ”novo normal” através de um olhar mais complacente, mais amoroso e mais consciente. É pedir muito?
Vivendo com atitudes diferentes, vivendo com ética, praticando a reciclagem, diminuindo a produção de lixo, diminuindo o consumo, acabando com os aterros sanitários, diminuindo a quantia de poluição atmosférica. Ai que sonho! Ou melhor: que futura realidade! Acalmem – se, nada está perdido, está tudo aprendido. Para mim foi maravilhoso esse tempo de descanso, e agora enxergam que também foi ótimo para vocês Muitos se reinventaram, descobriram novos talentos e até mudaram sua forma de pensar.
Aliás, eu preciso fazer um elogio também, fiquei surpresa com vocês, a esperança que habitou na maioria, que se fez e faz presente nas redes sociais, e numa grande corrente de carinho, foi linda! Mesmo com tantas desavenças, consigo enxergar o bem na maioria, o mal sempre existirá, mas enquanto o bem reinar, ele terá solução. Vocês são muito flexíveis e se adaptaram à nova forma de vida, por isso quero fazer um pedido: Continuem sempre assim, a força que a união da humanidade tem é deslumbrante, que essa corrente de carinho permaneça entre nós para sempre.
O mundo necessitava de uma pausa, todos nós necessitávamos de uma pausa! Que agora possamos voltar ainda melhores, mais abertos, que o nosso ”novo normal” seja maravilhoso!
Com um turbilhão de carinho, Meio Ambiente!
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Querida Dona Felicidade
Sofia Clemente
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Querida Dona Felicidade,
Espero que esta carta chegue até você, porque, mesmo te procurando nos meus livros e filmes, no meu jardim e entre minhas tintas, só achei um resquício de você em cada um(a), nada que saciasse minha vontade de te ver. Suspeito que você esteja de quarentena, assim como os outros e, que esteja morando dentro dos familiares e amigos dos seres humanos.
Curiosos esses seres, não é? Sempre imploram por você, pela Dona Fortuna e pelo Sr. Descanso, e quando acham pelo menos um(a) de vocês começam a almejar algo a mais. Coisinhas lindas e ingratas, não tenho ódio dos humanos como você poderia presumir, minha cara, pelo contrário, sem eles eu deixaria de existir, mas isso não me impede de repreendê-los.
Ah, minha cara amiga! Eu ando muito ocupada ultimamente, estou me espalhando ao vento, entrando em cada brecha que acho nas portas e janelas, alguns já me perderam, mas, nesses tempos, luto para achar cada um deles. Cada pequeno humano que me deixa entrar no seu coração é importante.
Eu acho que, nesses tempos onde o Sr. Medo e a Dona Apreensão reinam, é preciso a visita da Dona Fé, mesmo que pareça impossível, mesmo que eu tenha me ido, mesmo que você não exista mais no espírito deles. Logo estaremos voando e nos espalhando ao vento juntas, logo estaremos ouvindo a risada dos jovens na praça, estaremos tomando sorvete na praia e jogando bingo aos domingos.
Cuide-se, querida amiga, e visite nossa irmã, Dona Amizade, quando essa pandemia acabar, ela está ansiando por te ver.
Sempre sua,
Dona Esperança.
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O sol, o riso e a esperança
Maria Eduarda dos Santos Soares
Colégio Progressão - Pindamonhangaba/SP
O sol entra pelas janelas
Ilumina o quarto, ilumina a alma
Ilumina o pensamento já perturbado
Que nos menores gestos busca a calma
A solidão encontrou seu caminho
No momento em que a liberdade foi tirada
E assim,
Em um estalar de dedos,
Cessaram-se as risadas
Risadas que agora voltam a aparecer
Lentamente, o sol as traz de volta
O sentimento repentino de esperança
No coração causa uma reviravolta
O choro desesperado deixado para trás
Uma nova razão para levantar
Um novo compromisso com o mundo todas as manhãs
Agora é tempo de esperançar
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Mais amor, por favor
Carlos Tadeu Maran Furtado
Colégio Nossa Senhora do Sagrado Coração - São Paulo/SP
Hoje em dia,
Não existe mais amor.
Mas sem amor, o que será de nós?
Então mais amor, por favor.
A vida é uma longa estrada
Então vamos espalhar a esperança
E acabar com o ódio que se propaga
Pois desta vida
Não levamos absolutamente nada
O que importa nesta vida
É o amor e a esperança
O planeta Terra dominarem
O que é o amor?
Ele vale mais que o ódio?
Essa pergunta
Nos leva a um lugar sem rumo
Porque se existe confiança
Pro amor
Pra paz
Ainda existe confiança!
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Presa na Matrix
Lara Araújo Giacomini
Colégio Camões - Santa Cruz do Rio Pardo/SP
Segunda, terça, quarta, quinta e segunda novamente. Provavelmente, você deve ter pensado (ou, se estiver como eu, talvez não tenha sequer notado) que cometi algum engano. Mas não! Os neurônios que me restam ainda me permitem lembrar da existência dos sábados e domingos. Meu ponto é: que diferença faz? Acordar, atender as videochamadas, estudar, ver o noticiário (90 mil mortes), jantar, estudar mais um pouco, dormir, acordar novamente. Todos os dias parecem-me iguais na matrix da quarentena — com a ressalva de que, no dia seguinte, o número de mortes já passa dos 100 mil. Não sei por mais quanto tempo essa situação irá perdurar. E, enquanto perdura, a angústia me consome. Poderão ser 200, 300 ou até 500 mil vidas de brasileiros perdidas, que os números já não nos abalam, afinal, “o show tem que continuar”. Só que a vida, sinto-lhe dizer, não é um show. Uma peça teatral? Talvez. Mas que seja, então, uma tragédia. E a tragédia me consome.
Assim pergunto, nesses dias idênticos, quando foi que a sensação do absurdo — o mesmo absurdo que Camus percebeu em Sísifo e em nós, mortais — consumiu nossas vidas? Um absurdo sustentando pela indiferença, pela inércia de nossas existências. Entretanto, não desejo encontrar respostas por meio dos meus questionamentos. Aliás, peço licença a Drummond — por quem minha admiração é imensurável — numa tentativa de comparar meus sentimentos com os do eu poético que se esquiva da Máquina do Mundo. Mesmo que a mim se revele o Cosmos, a Verdade Universal ou Solução da Ciência para Todas as Epidemias, sinto que a fé e a esperança mais mínima, “esse anelo de ver desvanecida a treva espessa que entre os raios de sol inda se filtra”, se desvaneceram. Como posso, então, seguir, se já não me faz mais sentido buscar os sentidos de tudo o que se encontra ao meu redor? E de que adiantarão meus pontos de interrogação? No fim, também serei consumida pela impassibilidade (se é que já não fui).
Não. Não posso. Isso não! Sei que no fundo, bem no fundo, por trás de todas as camadas de existencialismo e de niilismo fajuto, ainda sou a mesma jovem de 5 meses atrás. Cheia de sonhos, anseios, ambições e energia para transformar o mundo (pelo menos, nos meus ideais). E não posso, simplesmente, abandoná-los. Ou melhor, fingir que não habitam mais em mim. Ainda creio na rosa de Drummond — o poeta que também já foi idealista. Creio na flor que fura, ainda que desbotada e feia, o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio. A flor que nasce para o povo como símbolo de resistência, mas, sobretudo, de esperança. E dela, portanto, não posso me abster. Por mais suja, mesquinha e nefasta que possa ser a humanidade, ela ainda pode fazer algo de bom para si. Para isso, creio eu, não são necessárias grandes razões. Nada verdade, talvez elas nem existam. Mas prefiro me ater à possibilidade de aproveitar a chance de fazer algo bom, de agir pensando no bem-estar coletivo e de vislumbrar um futuro em que a empatia tome lugar do individualismo que corre em nossas veias do que me sujeitar à inércia.
Ainda assim, não posso deixar de lado minha crença de que Camus estava certo. Somos como Sísifo. A figura grega condenada a rolar um pedregulho montanha acima e assisti-lo cair de novo e de novo, perpetuamente. Todavia, Camus também nos ensina a triunfar sobre constante possibilidade do desespero. Lembro-me de A peste, romance em que trata justamente da chegada de uma epidemia à cidadezinha de Orlã, na Argélia. A cooperação e união surgem entre os habitantes, superando a apatia, a histeria, entre outros desafios do isolamento, mas não de uma obrigação moral; surgem da simples possibilidade de se pensar como parte de um grupo. Da simples possibilidade de ESPERANÇAR. E para resistir ao absurdo do cotidiano, não vejo outro caminho senão me apegar à esperança. Seja ela uma alternativa ao caos, um convite lúcido a viver e criar no meio do deserto ou uma flor. A flor pálida — mas que é flor — de Drummond.
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A Inesperada Esperança
Lia Loffredo Surmann
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Personagens: Luiza- Mãe divorciada, a qual trabalha em uma empresa de engenharia. Neste momento de pandemia, está mergulhada na missão de equilibrar a família e trabalho, porém não está tão fácil quanto de costume. Filha- Criança sincera de seis anos. Meiga e pequena.
Cenário: Escritório de Luiza em sua casa. Ela está sentada em uma cadeira, com fones de ouvido, em frente ao seu computador, o qual está apoiado em sua escrivaninha. Ao seu lado, na parte inferior, existem gavetas e na superior, uma janela.
Luiza: (Em uma vídeo chamada pelo computador) Não, não… A apresentação é para amanhã de manhã?! Eu tinha lhe dito que… OK… Sim… Sim… Eu entendi… Boa noite.
(Tira os fones de ouvido, levanta da cadeira e começa a andar em círculos.)
Luiza: (percebe-se braveza em sua voz) Como ela pôde me pedir para fazer uma apresentação para a vice-presidência do dia pra noite! Essa empresa não está sendo séria, muito menos ética! Pelo amor de Deus! (Ela respira fundo) Luiza, acalme-se! Dará tudo certo! (Sua voz tem um tom suave) Você só precisa… (fica nervosa novamente) Citar dezenas de características do projeto em um Power Point, que terá de ser produzido em uma noite! Eles pensam que eu não tenho uma vida fora do trabalho! Pois eu vou dizer que, além dessa apresentação, preciso fazer jantar, ajudar minha filha na tarefa e… Nossa! (grande surpresa) Hoje é a cirurgia do pai! Será que eles estão usando as máscaras cirúrgicas que eu mandei? Espero que eles tenham passado álcool em gel… (Fala para si mesma) É claro que passaram, não seja boba… Mas eles lembraram de ver se era setenta por cento? Melhor eu ligar...
(Senta na cadeira novamente, pega o celular e liga para sua mãe. Caixa postal, ela não atende.)
Luiza: Tudo bem… hum… Vou começar a apresentação do trabalho e depois ligo novamente. (Olha o horário no celular) Já são oito e meia da noite?! Preciso fazer o jantar! Mas… não dá tempo… Vou pedir um delivery. (barulho não tão alto vem da janela aberta) Só era o que me faltava! Festa durante o isolamento social! Isso é ilegal! Se essa barulheira aumentar, vou chamar a polícia! (Fala com ironia) Que ótimo! Agora tenho mais uma coisa na lista! Trabalhar, pedir o jantar, ajudar minha filha, ligar para os meus pais e por fim, chamar a polícia! (O barulho fica mais alto, mesmo com a janela fechada)
Luiza: (Diz para acalmar si mesma) Está tudo bem! (voz calma) Vou fingir que não escuto essa música toda… (volta sua atenção para o celular) O que posso pedir? (Tempo) Acho que uma salada, macarronada e… ( A bateria do celular acaba) Não, não, não, não!
(levanta da cadeira e começa a clicar freneticamente com força na superfície do aparelho) Carregador, carregador… (Abre gavetas da escrivaninha rapidamente) Onde está essa porcaria? (Gritando) Filha, onde você colocou o carregador da mamãe? (Sem resposta, senta na cadeira) Vou pegar o telefone fixo mesmo… então ligarei para aquele restaurante de sempre…(pega o telefone) Pronto! Viu, nem foi tão difícil assim achar uma solução, Luiza! (Uma breve pausa na fala) Meu Deus! Eu devo estar endoidando! Agora fico falando sozinha! Isso é novidade! Eu realmente preciso relaxar um pouco… ainda bem que minha filha está na sala, assistindo televisão, imagina se estivesse me escutando surtar desse jeito! (O barulho da janela fica estrondosamente alto) Agora que terei um surto mesmo! (Levanta da cadeira para olhar pela janela. Sua expressão raivosa está mais clara que nunca)
Como eles tem a coragem de… (Põe sua cabeça para fora da janela e surpreende-se positivamente. O telefone cai de sua mão, e fica em cima da escrivaninha) Nossa! Teclados, violinos, guitarras, ukulelês, flautas…Todos cantando em suas sacadas iluminadas, gastando seus preciosos tempos… para… para… (pergunta suavemente para si mesma, mostrando realmente dúvida) Para quê?
Filha: (entra em cena) Agora que você parou de surtar, mamãe, acho que é para te esperançar.
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Escapatória
Sophia Rezende Peterson
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
A lua estava brilhante esta noite. Parecia que estava saudando a minha vinda. Era a primeira vez que eu podia me sentir livre propriamente. Minha primeira vez colocando os pés no asfalto gélido, sem ninguém por perto, primeira vez sendo iluminada pela luz do luar e dos postes de luzes piscantes. Primeira vez sentindo o vento frio fazer meus cabelos voarem, primeira vez olhando para esse céu por inteiro, e não somente aquele pedaço que é visível da janela do meu pequeno quarto branco.
Isso, incrivelmente, é muito mais bonito do que todas aquelas fotos que eu via no Pinterest. Nem nos meus mais altos sonhos eu poderia imaginar a beleza desse céu estrelado.
Nenhum dos quadros que eu pintei poderia se comparar a essa obra de arte. É simplesmente perfeito. Quantas estrelas será que eu estou vendo? Elas são muitas para contar.
Eu lembro que minha mãe me disse que a gente olha para o céu do passado. Devido ao fato de todas essas estrelas que eu estou vendo estarem a muitos anos luz de distância.
O ar cheirava a terra depois de um dia de chuva. Era um cheiro que esfriava o meu pulmão fraco. Era o cheiro da liberdade.
As ruas estavam totalmente vazias devido a um único fato: todos estão de quarentena. Em dias normais, eu estar aqui seria estritamente proibido. E eu tinha plena consciência disso. Bom, como não tem ninguém aqui fora, tudo bem, certo?
Não é como se eu nunca visse pessoas. Eu vejo muitas pessoas diferentes. Mas nunca sei diferenciá-las. Sempre estão de máscaras, toucas, jalecos e luvas. Elas cuidam de mim, mas eu não sei quem são. Sempre que pergunto elas respondem com um "eu sou a sua enfermeira" ou "isso não importa". Gostaria de conhecê-las algum dia.
Mamãe aparece de vez em quando para visitar. Sempre diz que vou voltar para casa logo. Faz tempo que ela me fala isso. Me pergunto quando esse "logo" vai chegar.
A lua sempre foi minha amiga. Ela sempre esteve lá. Mesmo em tempos difíceis, ela estava ali, espreitando-me pela janela. Quando o dia chegava eu sabia que ela voltaria de noite, cumprimentando-me com sua beleza. E hoje, nesta noite clara, eu pude cumprimentá-la inteiramente.
Obrigado, Quarentena. E obrigado também, a essa pessoa ao meu lado, que me possibilitou isso. Ele parece ser solitário, com suas roupas pretas e rosto melancólico. Disse que seu nome era ceifador. Sinto que ele vai me levar para algum outro lugar ainda mais maravilhoso do que este aqui, só espero que mamãe não fique triste com minha partida. O "logo" finalmente chegou. E eu estou feliz por ele ter chegado.
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O resgate do companheiro da sorte
Felipe Nery Ribeiro
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Eram tempos difíceis. Uma tempestade mortal desconhecida assombrava os moradores da cidade de Annaville, e já durava sete meses, fazendo-os ficar em suas casas, sem poder sair para lugar nenhum. Jake era um menino novo na cidade, tinha grandes esperanças para aquele ano, pretendia se divertir e fazer novos amigos, mas a tempestade veio e destruiu seus planos.
O menino era solitário, o único contato que tinha com seus antigos amigos era pelo videogame, mas não tinha internet em sua casa. Passava os dias apenas lendo, como forma de passatempo, desde livros de receitas até bulas de remédio.
Um dia, Jake ouviu um barulho estranho na rua, os sons pareciam gemidos tristes, pedindo socorro. Foi até a janela para ver o que era, e deparou-se com um bichinho pequeno, cor de caramelo e com olhar assustado. O pobrezinho estava numa pequena caixa, tentando se proteger da forte tempestade. O garoto, entristecido com o estado do animalzinho, começou a traçar um plano de resgate.
Primeiro tentou pegá-lo com um cabo de vassoura, infelizmente a madeira era pequena demais. Em seguida, tentou atrair o animal com um pedaço de comida, mas ele, assustado, não conseguia se mover, dava para ver que estava morrendo de medo. O menino resolveu, então, arriscar sua própria vida, saindo de casa, para resgatá-lo. Colocou três calças, duas camisas, duas capas de chuva, duas luvas de jardinagem, uma bota de couro, um par de óculos de cientista e uma máscara. Tudo isso para tentar se proteger da tempestade e pegar o animalzinho.
Correu o mais rápido que conseguiu com aquelas roupas, pegou o bichinho e correu mais rápido ainda para voltar para casa. Quando chegaram, o animalzinho ficou tão feliz que não parava de festejar e rodopiar. Vendo aquilo, o menino não mais se sentia solitário e percebeu que, mesmo em tempos difíceis, um amigo é sempre a solução. No dia seguinte, a tempestade magicamente desapareceu. O garoto se sentiu sortudo, pois, além de ganhar um novo amiguinho, o tempo tinha melhorado de uma hora para outra. Assim, Jake e seu companheiro da sorte puderam se divertir bastante, só que desta vez, fora de casa.
O grande problema é que toda vizinhança ficou perplexa ao ver o menino brincando alegremente na rua com seu porco espinho.
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Se sou o que sou foi porque um dia eu decidi esperançar
Pedro Falleiros Lopes Hellu
Novo Colégio - Franca/SP
Em meio a pandemias pode-se notar a solidão
A mesma que antes era um momento de paz
Virou motivo de depressão
Se dependesse só de Nietzsche
Todo mundo via essa dança
Em meio a tanto caos
Volte seus olhos para a esperança
Do pássaro azul que vive dentro de mim
Ao passarinho que lá fora tanto canta
Senti na pele a minha própria companhia
Que a tanto tempo me espanta
Quando inspiro mudo o mundo deixo ar entrar
Mas fico atento ao expiro
Porque assim como no ar tudo passa
Um dia a vida vai passar
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Para 2020, com amor e esperança
Estela Cavalcante Rojas
Colégio EAC - Capivari/SP
Em algum lugar nas estrelas, 4 de agosto de 2020.
Caro 2020,
Era dia 31 de dezembro de 2019, muitos fogos, famílias reunidas, todos empolgados para o novo ano que estava por vir.
O que ninguém esperava era que toda essa empolgação não valeria de nada.
“É meia-noite”, alguém gritou! 2020 teve início.
O ano começou com a morte do general iraniano Qasem Soleimani, em um ataque realizado pelos EUA ao Iraque. E que fez o governo persa jurar vingança. Todos temiam a Terceira Guerra Mundial.
Um incêndio florestal na Austrália atingiu 107 mil km². A fumaça chegou a atingir o Brasil.
Fortes chuvas, carros arrastados, mortes!
Em fevereiro, o primeiro caso de Covid-19 é registrado no Brasil.
Dia 24 de março; quarentena. Não saiam de casa! Um vírus mortal está lá fora!
25 de maio, mataram George Floyd. Por quê? Ele era negro, o policial achou que era ladrão.
Muitos protestos antirracistas começaram. Unidos na luta pelaa igualdade.
A Argentina passou por uma gigantesca nuvem de gafanhotos que cruzou o país destruindo plantações.
Um ciclone-bomba passou pelo sul do Brasil, causando muita destruição.
O ano ainda não acabou. O que ainda está nos esperando? Eu não sei.
O que nos resta é ter esperança.
A vida é um desafio, ninguém nunca nos disse que seria fácil! Uma hora isso tudo vai acabar. Não podemos desistir agora, pois tudo vai ficar bem!
Já consigo ver: dia 31 de dezembro de 2020, todos empolgados para o ano que estará para começar. “Vamos lá, 2021!” ouvirei, novamente, alguém dizer! E, então, tudo estará em minhas mãos.
Cheio de esperanças,
2021.
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O medo do fim
Cecilia Pereira Santos
Colégio Vem Ser - São José do Rio Preto/SP
Na floresta, correu a notícia do fim do mundo: ora incêndio, ora inundação, falta de oxigênio e agora uma nova doença! O fim aproximava-se e não havia remédio...
Escondida no buraco, estava dona Páscoa. Medrosa, sem graça, com medo da doença.
– Se eu me esconder, ela nunca vai me achar! Logo, decidiu: por nada no mundo, sairia dali.
Do outro lado, a vizinha saltitante, a macaca Doroteia, dava-se à diversão, sem preocupação. Corria pela vizinhança e sabia de tudo, porém não ajudava ninguém.
– Quero mesmo é saber e falar! A notícia não me escapa, mas também não me envolvo! Cada um com seu problema.
Continuava de galho em galho. Mesmo sabendo de tudo, não fazia nada de bem. No entanto, acabava fazendo o mal. Via animal machucado, animal caído, desesperado ou perdido. Nada lhe escapava e, ainda, ensinava os piores verbos: morrer, reclamar, desesperar, adoecer, finalizar...
A fome, porém, é um problema que atinge a barriga de toda a floresta. Dona Páscoa protelou, jejuou, “regimou”, mas não teve jeito: saiu da toca!
– Preciso comer, não quero morrer!
Para o seu desespero, logo na saída, uma fila de formigas pegava tudo o que podia para alimentar o formigueiro. Havia bicho correndo para todo lado, comentando as notícias da macaca. Diziam: “game over!” Todo mundo está doente, e não há cura!
– O que é “game over”?! Perguntava-se a coelha.
– Essa é a nova doença? Ai, ai, ai... Socorro!
E saiu correndo, sem rumo. Por sorte, mais à frente, topou com um bicho preguiça, lento e calmo. Era médico, farmacêutico e psicólogo.
– Não sei se vem fogo, água ou outro fim. Entretanto, preciso continuar para chegar.
Foi quando a Páscoa perguntou:
– Chegar aonde? Se tudo vai acabar, não tem aonde chegar! Já estão avisando da nova doença! Não ouviu?
– Ouvi sim! Por isso, tenho muito a fazer! Vou salvar esses animais! Essa doença pode nos unir, diferentemente do que a Doroteia sempre diz, descobri que a doença tem cura: o remédio é esperançar.
A coelha respirou aliviada!
– O quê? Se realmente existir cura, haverá muito o que fazer!
– Você está doente, dona coelha? Se não estiver, poderia me ajudar, sabe?! Você é muito rápida. Agora, vamos em frente! Leve a notícia de que o remédio para o “game over” é esperançar! Ajudar!
Dona Páscoa correu por toda a floresta e avisou a todos da cura! Logo, os animais saudáveis estavam cuidando dos doentes, dividindo os alimentos. Todos com um objetivo: esperançar!
A notícia da cura começou a se espalhar! Todos queriam ajudar. Até a macaca Doroteia foi vítima da bondade e começou a conjugar novos verbos: socorrer, avivar, salvar, alegrar, esperançar!
Em poucos dias, a vida voltava ao normal na floresta, só que com um novo olhar! Acabou o medo do fim. Fazendo o bem, os animais descobriram um remédio para prosseguir e ver como possível a realização daquilo que se deseja!
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A esperança não pode parar
Vitória Mesquita Campos Mendes
Colégio Travessia - Três Pontas/MG
Era abril, e durante o almoço de um dia de semana pais conversavam:
_ Esse Raul Seixas era um gênio mesmo! Essa música nunca foi tão atual…
_ No dia em que a Terra parou ôôô…
Confesso que só havia escutado a música uma ou duas vezes e não me recordava da letra, então resolvi procurar um vídeo no YouTube. Não deixei de notar os comentários, com centenas de “curtidas”, de pessoas aflitas, apontando semelhanças da composição de Raul Seixas com o contexto vigente. Saindo do vídeo, encontrei a página inicial do site repleta de notícias desanimadoras. Pensei em como a rotina, da qual costumávamos tanto a reclamar, nos faz tanta falta, e o tempo, cuja falta nos servia de desculpa, mesmo que agora talvez mais disponível, acaba sendo preenchido com medo e incertezas.
No entanto, procurando mais um pouco, um vídeo novo apareceu, depois outro, e mais outro. Um desses, filmado na Itália, mostrava vizinhos cantando juntos nas janelas dos prédios. Em um segundo, nos Estados Unidos, crianças cobriam as janelas de casa com mensagens e coloridos desenhos de arco-íris. Outro, na China, mostrava médicos e pacientes dançando em um hospital.
Assim, percebi que a letra do “Maluco Beleza” não podia ser uma realidade. Mesmo diante de circunstâncias tão poderosas e desafiadoras, em que o sofrimento parece nos fazer parar, coisas simples, como uma palavra reconfortante ou uma melodia alegre, ainda que pequenas, combinadas, têm o poder de manter o movimento do mundo. Elas dão forças para o empregado, o guarda e o doutor, que se arriscam e saem sim todos os dias para trabalhar, e para aqueles que não saem, mas que também contribuem, em suas casas, para o enfrentamento de um desafio cuja superação requer o apoio geral.
Por enquanto, ainda vivemos um cenário muito distante de ser um “sonho de sonhador”, do qual não podemos acordar. Contudo, devemos continuar a ter a coragem de esperançar, “porque nenhuma escuridão, nenhuma estação dura para sempre”.
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Akatsubi - (Amanhecer)
Álvaro Henrique Duarte Mendes
Colégio Alpha - Varginha/MG
Tão pleno quanto o sol e o mar
A beleza na vida e no esperançar
Em meio a tanta turbulência e displicência
Busco clareza e purifico a minha essência.
Penso que coragem não é ter força para continuar,
E sim continuar sem ter força,
Esperançar não é relaxar ou se distrair,
Mas planejar e ir atrás sem desistir. Não está fácil para ninguém
Eu não sei mais o que fazer
O que me resta é ter esperança E torcer para um novo amanhecer.
Cheguei a conclusão que esse caos um dia vai embora
E se for ainda ficará na memória
Está na hora de buscar uma melhora,
De criar uma solução, e é agora.
Do que adianta ter grana
Se a gente está vivendo em meio a tanta desgrama.
Se tem pessoas na pobreza e na lama,
É desigualdade que se chama.
O mundo está caótico
Energia positiva é combustível,
É como antibiótico
Que me tira desse mundo horrível. E com perseverança
Colocarei tudo a resolver
Erguer a cabeça e gritar
EU IREI VENCER!
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Cisma
Jady Theodoro Silva Lage
Fide - Itabira/MG
Minto que é culpa delas
Que o brilho me cega
A presença me perturba
Luzes brancas estragam uma paisagem
Há muitos insignificantes
Sento
Aguardo
E de novo, nesse ciclo vicioso
Me decepciono
Por uma imaginação destinada ao fracasso
As ruas vão escurecer
Quando
Vou olhar as sombras dos faróis no asfalto
E o frio, congelando meu corpo
Aumenta meus batimentos
E me traz sensação de calma
Sinto saudades das faíscas
De vê-las se recuperando
Sofregamente
Enquanto elas
Findam sua criação
Por meros instantes
Assim torno ao mar
Navego
Não espero pela onda
Busco pelo instante de hesitação
O inevitável vem até mim
Não temo
Há tempos vivo de escalar e cair
De ver o topo e chegar próximo ao chão
A gravidade não parece tão pesada
Pensamento exerce sua função
Sentada
Envolta no que ainda me assusta
Me completei
Por instantes marcados pelo pêndulo
Vi
Não é uma boa hora
Nem depois
Quando não
Mas um dia
Quando meu joelho
Ralar o suficiente para ter cicatrizes
Meus ossos se endurecerem com as quedas
Minhas mãos calejarem com as pedras
Meus pés resistirem ao caminho
Chegar
Não precisar estar lá
Não ter que se agarrar
Mapas rabiscados
Fórmulas exatas de mentiras disfarçadas
Poemas confusos em que fingimos encontrar inspiração
Não preciso de mais respostas
Não é uma boa hora
Ainda me apetecem as dúvidas
Senta comigo e conta as horas
Me encosta no escuro
E me olha como antes
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Os frutos da esperança
Yasmin Camilly Malentaque
Colégio Ideal - Santa Bárbara d'Oeste/SP
Meu vigésimo oitavo aniversário, e é olhando-me no espelho que lembro de como desde a infância tive que aprender a lidar com as decepções da vida. Minha família é simples, quatro irmãos pequenos e minha mãe, minha pobre mãe que me ensinou desde pequena como é lidar com o pouco, como é ser hostilizada, como é receber os olhares de pena, como é necessário não deixar os ferimentos cotidianos acabar com a esperança de um amanhã melhor. A vida de uma criança abandonada pelo pai e moradora da periferia sempre exigiu esperança.
É olhando-me para o espelho que lembro da conversa que tive a alguns anos, foi com uma senhora aqui da favela; minha mãe não gostava do fato de eu conversar com ela, dizia não ser boa influência. Mal sabe minha mãe, que foi em uma daquelas conversas com a pobre velha o momento em que resolvi mudar minha vida. Era inverno, tinha apenas 14 anos e estava sentada em um canto de uma viela pensando em como eu nunca seria igual aos outros, foi nesse momento em que a senhora se aproximou e me fez a pergunta:
_O porquê do choro, minha jovem?
_ Meus amigos de escola têm razão, eu nunca serei igual aos demais. Eu havia respondido, soluçando
_ E o porquê deles dizerem isso?
_ Sou uma menina pobre, senhora, moro aqui nessa favela, vejo minha mãe sofrer todos os dias para colocar comida na mesa. Mal tenho roupas para vestir e livros para estudar, nunca terei a chance de ser feliz igual aos outros.
—Minha jovem, sou uma pobre velha mas sei o que digo. Você tem que ter esperança. São nos solos mais áridos que nascem as mais belas plantas. Minha doce e ingênua criança, não deixe as dores da vida apagarem a tua esperança. Lembre-se, minha querida, aqueles que lutam e persistem são os que amanhã colhem o mais doce fruto da vitória.
Eu era muito jovem, e a esperança em mim ainda não habitava; contudo, não me esquecia daquelas palavras e aos poucos fui semeando. Os dias nunca eram fáceis, as chances de mudar eram poucas, as pessoas não olhavam para mim. Mas segui o conselho da velha senhora, dia após dia, mesmo na tristeza continuava esperançando.
Olhando-me agora no espelho, volto das minhas lembranças com a minha mãe me chamando. Minha querida e hoje debilitada mãe, que antes tentava manter o alimento na mesa, me chamou chorando. Hoje era o dia, o dia em que minha mãe e meus irmãos iriam comigo em minha formatura pegar meu diploma. Tornei-me advogada, já estagiava em um bom emprego, um emprego que possibilitou eu e minha família abandonarmos aquela favela. Hoje, feliz lembro-me daquela senhora velha que com suas sábias palavras me fizeram permanecer, permanecer esperançando.
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Esperança de Ouro
Isabelle Godoy Rocha
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
[Entra Chelly, Lucas, Aima e Willow, segurando o ovo]
Chelly: Cara... eu não consigo acreditar que achamos o ovo dourado! É o primeiro em mil anos. Quais são as chances?
Lucas: Exato! Se as lendas estiverem certas, em pouco tempo ele vai ficar totalmente dourado e quebrar em moedas de ouro.
Aima: Eu mal posso esperar! Quanto tempo vocês acham que vai levar?
Lucas: Os meus avôs costumavam dizer que demorava um mês para ele ficar completo e rachar, mas como uma parte dele já está dourada, eu aposto em umas duas semanas.
Willow: Eu vou enrolar ele em alguns panos e colocar em um caixote e nós revezamos quem vai ficar olhando para que não roubem.
[Todos acenam as cabeças]
Chelly: Eu vou ficar olhando primeiro! [Pega o caixote de Willow]
Willow: Certo, eu volto daqui há pouco para o segundo turno.
[Saem todos menos Chelly, que coloca o caixote no chão e se senta em uma cadeira]
Chelly: Quando você vai rachar, hein? Eu chuto que pelo seu tamanho vão render pelo menos umas 90 moedas de ouro... quanta coisa eu vou poder fazer com esse dinheiro!
[Um tempo passa e Willow entra]
Willow: Você não parece nada cansada, mesmo estando aqui por algumas horas.
Chelly: É que eu estou feliz demais para me cansar...
Willow: O que você está pensando em fazer com sua parte do dinheiro? [Senta]
Chelly: Eu acho que vou investir em roupas e comida para minha família, e remédios para o meu irmão. Esse ovo não poderia ter chegado em melhor hora! O dinheiro que meus pais fazem na padaria não cobre o preço do remédio.
Willow: Isso é muito legal da sua parte.
[Chelly sai, passam duas semanas, Willow troca os panos enrolando o ovo para outros mais bonitos, Aima entra segurando sucos]
Aima: Willow, hoje é o grande dia! Ele já está completamente dourado!
Willow: Eu sei, Aima, sinto que ele pode rachar a qualquer hora.
[Entra Lucas com bolo e Chelly com biscoitos]
Lucas: Qualquer hora não! Segundo a lenda local, ele choca às sete em ponto.
[Lucas, Chelly e Aima colocam as comidas sobre a mesa]
Aima: Certo, certo, só faltam alguns minutos. Quando ele rachar eu chamo o pessoal e a gente faz uma festa.
Chelly: Eu não acredito que isso está mesmo acontecendo... alguém me belisca! Eu só posso estar sonhando!
[Lucas belisca Chelly]
Chelly: Ei! Eu só estava brincando!
Willow: Silêncio, vocês dois. Vai dar sete horas.
[Bate o sino das sete e o ovo não racha]
Aima: Lucas, você tem certeza de que ele choca às sete horas?
Lucas: Claro que sim, eu até procurei a história em alguns livros depois que achamos o ovo. Vamos esperar mais um pouco.
[O sino das nove bate]
Chelly: [desapontada] Ele não vai mesmo chocar?
Aima: Eu estou começando a achar que não...
Lucas: Então a lenda era falsa?
Willow: Então a gente fez isso tudo por nada?
Aima: Eu... eu vou para o meu quarto.
[Aima sai]
Lucas: Eu acho que também preciso pensar mais nisso.
[Lucas sai]
Chelly: Eles já desistiram?
Willow: Sendo sincero, eu também já estou cansado. Nós nem sabemos se essa lenda é verdade.
[Willow sai]
Chelly: [encarando o ovo] Eu sei que você ainda vai chocar, eu só tenho que esperar mais um pouco.
[Passam quatro dias, entra Aima]
Aima: Chelly, eu sei que isso era importante para você, mas ele já está completamente dourado há dias e não chocou.
Chelly: Alguém tem que estar aqui para acreditar, Aima. Eu não perderei a esperança.
[Aima sai, passam dois meses, Chelly arranca duas folhas do calendário]
Chelly: Você não vai chocar mesmo, vai? Eu quero desistir.
[Chelly se levanta para sair e o ovo racha em moedas de ouro]
Chelly: [surpresa] Você só pode estar brincando! Aima, Willow, Lucas, venham aqui!
[Chelly sai]
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O sonho de acordar
Sofia Fonseca Pereira
Colégio Progressão - Pindamonhangaba/SP
Adormeceram de repente os tempos melhores
A vida, em círculos ainda menores, caminha onde não há flores
Nunca almejei tanto a agonia
De sentir os momentos, sempre iguais, dia após dia
Sinto como se, lentamente, o mundo derretesse
E o tempo se cansasse, mas ainda assim corresse
E derramasse, em um sonho sem fim, lágrimas de lembranças
Filmes de esperança... nas mentes, o futuro dança
Dentro de todos nós, a criança que se vê obrigada a crescer
Vivendo pesadelos onde não há pais para socorrer
Mas aquilo que em nossas almas jamais se esgota
É a luta, mesmo na derrota, para que possamos ver o Sol nascer
Porque mesmo ao envelhecer, se pode sonhar acordado
Com desejos que dormindo, não podem ser proporcionados
Sabemos que o verdadeiro significado são as vivências e o amor que damos e que nos é dado
Assim, hoje, as flores não nascem e o Sol permanece entre as nuvens
E estamos com receio porque ainda somos tão jovens
Por isso toda a espera é pouca, somos todos um só povo
Esperando a noite passar para que possamos, finalmente, acordar de novo.
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Carta-esperançar
Luca Mafezoni Deorce
Centro Educacional Praia da Costa - Vila Velha/ES
Cara Senhora Desesperança,
Venho fazer um pedido para que a senhora se isente dos seus serviços nesse período de pandemia. Neste momento, você deve estar se perguntando, “qual o motivo de ter sido dispensada?”, portanto tenho que escrever este bilhete para mostrar o problema que vem causando a nós. Com o começo da quarentena, estávamos tranquilos, pensando que seria um tempo pequeno e que poderíamos até aproveitar esse momento para nos conhecermos melhor. Mas os meses foram passando, as coisas já estavam muito diferentes do normal, o aprendizado que deveríamos ter com nós mesmos virou uma guerra de pensamentos. A cada dia várias pessoas morriam ou perdiam amigos e familiares, e essas mortes acabavam virando apenas números, a cada segundo acontecia um misto de emoções, sensações boas e ruins, e, com o passar dos dias, percebemos que esse isolamento não fazia bem a gente, mas deveríamos cumpri-lo, o que nos colocou numa situação de aprisionamento, que fez muitos descumprirem esse mal necessário, fazendo a contaminação aumentar cada vez mais.
E é aqui que você entra, senhora Desesperança, nesses momentos em que nós entendemos que era hora de parar de ser otimista, e nos tornarmos pessimistas; isso aconteceu justamente pela falta de luz para enxergarmos o fim do túnel, não estávamos com paciência para esperar o fim desse período, e essa situação toda causou muitas complicações, nos provocando crises de ansiedade, pânico, medo, surtos, desequilíbrio emocional e até mesmo pessoas que acabaram não resistindo a toda essa pressão e colocaram um final em suas vidas.
Portanto, peço que você fique fora de atividade pelo menos até tudo isso passar, e deixe a sua irmã, Esperança, trabalhar, que ela entre em todos e nos mostre que tudo passa, e que, depois desse período difícil, teremos diversas coisas boas pela frente!
Atenciosamente,
Sociedade.
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A esperança de João
David Balbino Gera
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Personagens: João, algumas crianças, Pai e Mãe de João, um repórter.
Cenário: Dividido em duas partes, de um lado um campo de futebol e do outro, um cômodo da casa dele.
(João entra no cenário do campo de futebol com alguns colegas que estão jogando bola.) 
João: E aí, galera! Posso jogar com vocês?
Menino 1: Óbvio que não! Cê é mó ruim, sai fora, parça! Vai jogar sozinho!
João (lacrimejando): Tá bom, então... (e sai andando triste e vai jogar sozinho)
João (falando para si mesmo): A partir de amanhã, eles vão ver só! Eu vou acordar cedo e dormir tarde, treinar o dia inteiro! Vou ser o melhor jogador da turma! 
(As luzes se apagam e se acendem. Trocando de cenário para a casa de João.)
João: Mãe, Pai, ontem aconteceu uma coisa muito chata lá no campinho! Toda a galera ficava me zoando, falando que eu era ruim e não sabia jogar. Eles nem me deixaram jogar com eles. Eu ainda tenho esperança de que eu vou ser melhor do que eles! Então eu vou começar a treinar mais aqui em casa, aproveitando tudo o que puder. Aproveito que aqui em casa tem um lugarzinho como se fosse um gol, aí posso ficar treinando os passes, os dribles e os chutes no gol, nos ângulos! 
Pai: Filho, esquece isso de eles ficarem te zoando. A gente confia em você e sabemos do seu potencial!
Mãe: Use essa esperança a seu favor! Temos certeza de que você vai ser um ótimo jogador!
João: Muito obrigado por acreditarem em mim. 
(João sai jogando bola em sua casa durante vários dias. As luzes se apagam e acendem. João entra no cenário do campo de futebol, onde as crianças estão jogando.) 
João: Gente, posso jogar com vocês?
Menina 1: A gente já disse que não, você é muito ruim, não sabe jogar!
João: Tá bom, vou jogar sozinho então. (João não está triste dessa vez)
(João começa a jogar sozinho em um canto e as crianças percebem que ele está jogando muito bem, acertando todos chutes a gol e os dribles. As crianças começam a cochichar entre si)
Menino 2 (com inveja): O que vocês acham que ele fez para ficar bom assim?
Menina 2: Ah, sei lá, deve ter sido algum milagre!
Menino 1: Com certeza teve um gênio da lâmpada mágica aí!!!
Menina 1: Vamos perguntar para ele logo, vai!! (gritando) Ô João!! Vem cá!
(João para de jogar e se aproxima das crianças)
Menina 1: Que foi que você fez para estar jogando bem assim?
João: Basta ter esperança e treinar!! 
Menino 2: O que você ficou treinando para estar tão bom assim?
João: Basicamente tudo, por vários dias, com muita dedicação! 
Menino 1: Poxa, João, desculpa a gente. A gente não sabia que você podia ser bom assim!
João: Ninguém nunca sabe até tentar! Por isso a gente tem que correr atrás de conquistar aquilo que desejamos para fazer a mudança em nossa vida!
(Crianças jogam juntas no campo de futebol. As luzes se apagam e entra João mais velho com um repórter. Foco de luz nos dois.)
Repórter: João, a criança que era zoada por seus colegas na infância porque não sabia jogar direito, hoje é o camisa 10 da seleção brasileira!! 
(Cai o pano. Fim.)
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“Responsum”
João Luca Alves Ferreira
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Charlie estava cansado da viagem, tinha viajado por dez horas de carro apenas para chegar até a montanha, e se fosse realmente continuar ainda haveria muito mais caminho, e estava certo disso. Ele a encarava, sabia o que esperava que estivesse por vir, e de alguma forma ela o encarava de volta.
Estava preparado, ou dizia a si mesmo que estava, pois, de qualquer forma, precisava escalar a montanha, não poderia voltar antes de fazê-lo, mas, ao mesmo tempo, simplesmente tentar poderia custar a sua vida, muitas são as histórias sobre pessoas que tentaram escalar a montanha em busca de uma resposta e nunca mais voltaram. Charlie, assim como essas pessoas, também buscava por uma resposta, e por isso não poderia voltar.
Não havia um ponto correto para se começar a escalar, todos os pontos eram muito íngremes e tinham poucas bases de apoio. Não havia mapas nem sinalizações, o único sinal da presença humana naquele lugar era uma placa, em que se lia: Montanha Responsum. Logo à frente da placa havia uma passagem estreita e funda em que não era possível ver seu fim pela entrada. Sem opções, Charlie começou a seguir a trilha escura na esperança de que ela o levasse ao topo.
Seus passos ecoavam pelo corredor, e Charlie estava com a impressão de estar perturbando um lugar sagrado, intocado pela raça humana. Sem dúvidas, não muitos passaram por aquele lugar, e os que fizeram não tiveram tanta sorte para conseguir voltar.
Charlie andou por um tempo, de lado, passo por passo, até chegar a uma espécie de desfiladeiro, fundo o suficiente para que mesmo que alguém caísse, tivesse a chance de contemplar sua queda por alguns últimos momentos. Do outro lado, havia uma pequena ladeira que levaria para uma espécie de entrada, onde uma luz azul brilhava forte. Mas para chegar até lá, Charlie precisava passar pelo desfiladeiro.
Uma corrente de vento forte empurrava Charlie para baixo, com pouco espaço para se agarrar, ele decidiu rastejar, e enquanto o fazia, poderia sentir vozes na sua cabeça, o vento estava falando com ele: “Dê meia-volta”, repetia. “Você nunca chegará ao topo, por que tentar?”. Por alguns momentos Charlie concordou com as vozes que pareciam vir do vento, talvez ele devesse desistir, não deveria estar aqui no primeiro lugar. A pressão estava muito forte e não conseguia se mover, estava com medo de tentar.
Então, Charlie reconheceu a resposta da questão, deveria tentar, mesmo que significasse que iria cair, deveria ter esperança de que, mesmo com as chances contra ele, o único meio era tentar. E com esse pensamento em mente, Charlie atravessou o desfiladeiro, sim, quase caiu, mas conseguiu, estava feliz consigo mesmo e confiante.
Quando Charlie chegou à entrada, descobriu de onde as luzes estavam reluzindo. Eram cristais de um material que não era conhecido pelo homem, e os cristais estavam refletindo, de alguma forma, a imagem de Charlie e apenas Charlie. De repente, os reflexos começaram a se mover autonomamente, e diziam coisas que faziam Charlie julgar a si mesmo. “Por que está aqui? O que quer provar?”. “Você é apenas um inútil que não serve para nada”. “Acha que é importante? Que alguém se importa? Ah! Você é um nada, um garoto egoísta que saiu da faculdade apenas por que era inconveniente?”.
Charlie reconheceu que havia sido egoísta, não sabia exatamente por que tinha ido até a montanha e largou tudo para fazê-lo, mas sabia que não era um inútil, que tinha propósito e que alguém se importava. “Vocês estão errados, eu defino quem realmente sou! E mesmo que eu não seja perfeito, estou tentando melhorar, e é essa a razão de eu estar aqui”, disse Charlie. Logo após, os reflexos ganharam matéria, saíram de seus cristais e estavam tentando empurrar Charlie para o desfiladeiro. Ele pegou um pedaço de pedra largado no chão e começou a bater nos reflexos, que se despedaçavam como vidro, e enquanto o fazia gritava o que havia dito e estava confiante, sentia-se dono do próprio destino, entendeu a razão para escalar a montanha, encontrou sua resposta.
Quando o último reflexo se quebrou, Charlie encontrou uma saída da caverna, e atravessou-a, achou-se no topo da montanha; estranhamente, não percebeu o quanto realmente havia subido. Charlie percebeu uma escada ao seu lado que levava para a base da montanha, ela não estava lá antes, teria notado. Desceu, e contemplou a montanha, apesar de ter conseguido chegar ao topo, ainda havia muitas montanhas da vida que ele precisaria escalar.
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Sobre 2020, vírus, guerras e esperança
Anacleto Artur Aguiar de Arruda
Colégio Nossa Senhora do Amparo - Surubim/PE
Dois mil e vinte é uma farsa. Não me entenda mal, não vim aqui para conspirar contra a realidade e dizer que vivemos numa Matrix, onde nada é real. Contudo, 2020 tem me parecido um trabalho burlesco, desde que começou. Ora, iniciemos pelos números: 2020. Quem imaginaria que numerais que casam tão bem juntos trariam consigo uma tragédia? Esperava isso de 2157 ou 2039, esses sim números feios, não inspiram confiança alguma.
Em seguida, vamos aos fatos. 2020 começou com um Secretário da Cultura fazendo referências nazistas em um vídeo mais que grotesco. Não tínhamos percebido ainda, mas aquele já era um sinal dado por 2020 para nos prepararmos. Ainda, no mês de janeiro, tinha gente preocupada com um surto de pneumonia lá pelo Oriente. Mas, "ano novo, vida nova", não é? Quem sabe o surto respiratório por lá, era presente final de 2019 (data feia também, é compreensível tudo que de ruim aconteceu nesse ano). Afinal, o ano novo chinês seria somente no dia 25 de janeiro, até lá, tudo era culpa do problemático 2019. Teve também ameaça de Terceira Guerra entre o Irã e os Estados Unidos e queimadas na Austrália. Seguimos. 
De repente, tudo mudou. Toda esperança que ainda se tinha, foi-se pelo ralo, ao que pareceu. Todo o mundo parou para observar o que estava acontecendo. "Que vírus é esse?" "Vai me matar?" "Posso sair na rua?" "Por que as casas americanas têm parede de papelão?", e outras várias questões pertinentes apareceram na tentativa de desestabilizar-nos. Porém, eu gosto de pensar que esperança é como enfermidade: todos temos alguma, mesmo que você ainda não a tenha percebido, ela está aí com você, acompanhando-o desde quando você corre para o banheiro depois de acordar, porque bebeu muita água no dia anterior, até a hora que o relógio bate duas da manhã e você percebe que deveria ter ido dormir dois episódios de Grey's Anatomy atrás. Às vezes, ela se esconde e você pode achar que não existe mais, mas basta alguma coisa boa acontecer, que as duas voltam a acompanhá-lo. Garanto!
Porém, como a gente faz para achar esperança, quando só tem caos acontecendo? Simples, não faz. Depois de tanta coisa ruim que aconteceu neste ano, tenho certeza de que eu e você merecemos colocar a esperança de lado por uns momentos e só vegetar a Terra, imaginando como o mundo poderia ter sido se Roma tivesse perdido as Guerras Púnicas para Cartago, ou se o feudalismo nunca tivesse chegado ao fim. É certo que uma hora ou outra imaginar o fim do mundo vai ficar chato e a esperança acaba vindo, seja na forma de uma notícia sobre uma vacina que pode salvar o mundo, seja na percepção de que pandemias vieram e foram, e o mundo continuou. Além do mais, é mais crível que um ser humano acabe com todo o planeta que um mero viruszinho capenga.
Ora, é a isso que devemos nos prender: tudo o que já vivemos atualmente já foi vivido de forma semelhante ou até pior, vide a gripe espanhola, do começo do século passado, e só sabemos disso porque pelo menos alguém ficou vivo para contar a história. Consequências virão, e elas tendem a ser devastadoras, mas a humanidade vai permanecer. Pelo menos por uns bilhões de anos até que o Sol se transforme numa supernova, nesse caso é bye bye, humanidade mesmo, mas, por enquanto, seguimos fortes.
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Helicóptero colide com prédio em pouso de emergência
Ana Luísa Silvestrini Nasciutti
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
“Houve também uma vítima de quinze anos, que pulou da janela a fim de fugir das chamas. Os bombeiros chegaram ao local minutos depois...”, fecho o jornal com certa violência, sentindo como se o incêndio ocorresse dentro de mim, enquanto espero minha carona sentada no meio-fio. Nunca gostei desse tipo de sensacionalismo; chega até a ser irônico que as tragédias sejam sempre a primeira página, já que ir atrás deste tipo de desgraça seria exatamente o tipo de instinto que acabaria com a raça humana. São teimosos os humanos. Sobreviveram, com uma dimensão corporal ridícula, contando apenas com polegares opositores, contrários a todas as expectativas e, com seus polegares e outros dedos, construíram prédios e helicópteros, para trombá-los. Se o menino tivesse esperado mais um pouco...
Falando em esperar, onde é que será que estão eles? Olho para o outro lado da avenida e nada de Ford Anglia. Ajeito meu relógio de pulso, nada de bombeiros. Aqui ainda não está quente o suficiente, nem sufocante o suficiente para que tenha de sair de fininho do evento em que nem cheguei ainda, carregando um guardanapo e a caneta que sempre tenho comigo, para escrever sobre a notícia que li mais cedo, sabendo que meu texto talvez nem chegue a ser publicado no jornal. Por isso, aprumo a postura, a fim de preservar a coluna, pois sei que ainda terei de esperar um pouco mais.
Flagro-me levemente irritada com meus companheiros, não só por me fazerem esperar mais do que já se espera da vida, mas por me largarem pensando na calçada, como se tivessem direito de me queimar dessa forma. Ora, não são eles jornalistas falidos, largados a esmo esperando a chegada de significado que os convença a publicar sua última peça escrita. Canso-me da espera, esperei tanto que já não espero, nem alcanço; resta-me o áspero do concreto, que permanece colado a minha pele por teimosia. São teimosos os escritores, apesar de todo o aguardo. Afinal, se me levantar e partir, virei a pensar depois, se tivesse esperado mais um pouco...
Concluo que não existe perspectiva em ir à conferência. Há diferença, entende. “Esperança não vem da espera”, corre por minha cabeça um bom jogo de palavras para poesia, se eu escrevesse poesia. Se o homem tivesse esperado, a recompensa seria provavelmente a extinção, mas se o menino tivesse esperado, talvez também não tivesse sobrevivido. Por que espero, então? A existência, portanto, assim como a esperança, é uma questão de pura teimosia. Teimar em continuar vivo, enquanto o fogo insiste em queimar, ou teimar em escrever, mesmo que as revistas insistam em não contratar.
Enquanto amarro minha corrente de pensamento, pensando que o menino podia ter se amarrado a uma corda, pousa uma mariposa em meus cabelos. Até mesmo eu, que nunca fui supersticiosa, sei que essa aterrissagem não poderia ser expressão da Coincidência, outra que da Esperança – não sou grande como prédio para impedir o pouso de um helicóptero, muito menos de uma borboleta. Levanto-me, então, num rompante, aprumo o vestido desconfortável, cato do chão o projeto de texto e rumo. O inseto volta a voar, possivelmente em busca de escritores jogados no meio-fio. Sigo, sem olhar para trás.
É mesmo uma graça que não tenha se virado, porque senão o que veria seria apenas um pedaço de papel rasgado batendo asas conforme o vento.
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Antíteses complementares
Beatriz Sinkoç Garbini
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Em tempos de pandemia muitas coisas me vêm à cabeça, coisas boas e ruins. Relembrar de momentos antes de tudo isso, me enxergar agora e refletir sobre é muito importante. Trago um pensamento que tive analisando a realidade antes e depois do covid-19. Antes, eu fazia planejamentos para o ano, para os estudos, para o ingresso na universidade e estava bem empolgada. Com a pandemia, tudo isso se embaralhou. Assim, é como se antes tudo estivesse organizado em um plano cartesiano, planejado e baseado em uma tabela. Agora, a crise retirou essa tabela de modo brusco deixando todos os planejamentos bagunçados. Para reorganizá-los precisamos de uma nova tabela, e para isso a esperança tem um papel crucial.
Como já dizia Paulo Freire: “esperançar é construir, esperançar é não desistir”. Ou seja, a construção da nova tabela precisa de esperança para se concretizar. É ela que nos possibilita nos organizarmos para fazer as coisas acontecerem.
Não quero aqui ser aquilo que Ariano Suassuna chamou de otimista tolo. É preciso também compreender que a construção e a desconstrução não são fáceis. De modo algum este período está sendo fácil para nós. É tempo de amadurecimento e para isso precisamos entender que o sofrimento é necessário tanto quanto a esperança.
Em suma, a construção de uma nova tabela para nossos planejamentos não é uma tarefa fácil. Mas a esperança deve fazer parte deste processo de forma realista. É com redes de apoio, imaginação e arte, é ouvindo “Encontros e despedidas”, de Maria Rita, que passaremos por cima desta pandemia e sairemos mais fortes: “São só dois lados / Da mesma viagem”.
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Esperançar
Júlia Paiato Bernardo
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Personagens: Cláudia, Fernanda, Vitor, Rodrigo
(Escritório, Rodrigo está sentado e Cláudia entra na sala)
Cláudia: Bom dia, chefe, queria falar comigo?
Rodrigo: Oi, Cláudia, queria sim. Pode se sentar, por favor.
(Cláudia se senta na cadeira em frente a Rodrigo)
Rodrigo: Então, Cláudia, você deve estar sabendo que a empresa está passando por um momento difícil, e nós estamos precisando cortar gastos.
Cláudia: Sim, estou sabendo.
Rodrigo: Infelizmente, o seu cargo é o que menos precisamos no momento, então eu vou precisar te dispensar.
Cláudia: Nossa! Tão rápido assim?
Rodrigo: Infelizmente, Cláudia, eu espero que você entenda.
Cláudia: Entendo sim, muito obrigada por tudo, chefe.
(Cláudia se levanta e sai da sala)
(Casa da Cláudia. Ela está sentada com as contas da casa na mão e Vitor chega correndo com uma calça na mão)
Vitor: Mãe! Mãe!!!
Cláudia: O que foi, Vitor?
Vitor: Essa calça está meio larga, você pode ajustar pra mim?
Cláudia: Posso sim, filho. Você quer que eu mude alguma coisa nela?
Vitor: Faz o que você achar melhor...
(Vitor deixa a calça com a mãe e sai de cena e Cláudia analisa a peça)
(Na sala da casa de Cláudia, ela e Fernanda estão sentadas no sofá conversando)
Fernanda: Mas ele te mandou embora assim, do nada?
Cláudia: A empresa estava precisando cortar custos, então não teve jeito.
Fernanda: E o que você vai fazer agora?
Cláudia: Eu não sei. Eu estou procurando um emprego, mas ninguém precisa de uma secretária.
(Vitor entra em cena e para ao lado de sua mãe)
Fernanda: Oi, Vitor! Tudo bem com você?
Vitor: Tudo bem, Tia Fê.
Cláudia: O que foi, filho? Eu estou conversando com a sua tia.
Vitor: Não, mãe, eu só vim perguntar se você já arrumou minha calça.
Cláudia: Ah, terminei, ela está em cima da minha cama, pode ir lá buscar.
Vitor: Eba! Obrigado, mãe!
Cláudia: Imagina, filho.
Fernanda: Cláudia, você costura?
Cláudia: Eu arrumo as roupas do Vitor e às vezes faço umas para mim também.
Fernanda: Nossa, Clau, será que você podia arrumar um vestido meu?
Cláudia: Se eu conseguir, posso sim!
Fernanda: Já vou espalhar para todo mundo que você costura, já é um dinheirinho pra você, né?
Cláudia: É, acho que sim.
(Quarto da Cláudia, Cláudia está com um monte de roupas, costurando e Fernanda chega)
Fernanda: E aí, Clau? Muitas encomendas?
Cláudia: Muitas. Eu nem sei se estou esquecendo de alguma.
Fernanda: Nossa, Cláudia, você tem que ser mais organizada, né?!
Cláudia: Eu sei, mas não é tão fácil assim.
Fernanda: Ei, eu posso te ajudar!
Cláudia: Pode mesmo, vai dobrando as roupas...
Fernanda: Não, boba, não agora. Eu quis dizer todos os dias. A gente pode abrir um negócio e sermos sócias, a gente arruma um lugar e monta uma loja e você vai ter bem mais espaço.
Cláudia: Será, Fer? É muito arriscado!
Fernanda: Ah, Cláudia, deixa de ser medrosa, vai!
Cláudia: Tudo bem, eu vou acreditar em você.
(Fachada de uma loja, Cláudia e Fernanda observam os trabalhadores colocarem o
nome da marca na parede)
Fernanda: Eu disse que ia dar certo.
Cláudia: É, você disse mesmo. Que bom que eu acreditei na sua loucura.
(As duas riem e se abraçam, olhando para a loja.)
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A fuga do Deus
Caetano Dias e Oliveira
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
São sete horas e quinze minutos da manhã. Você lamenta em silêncio, toma sua monótona xícara de café e vai, aborrecido, para o trabalho. Passa o dia todo ao lado de rasas amizades, com pessoas que apenas mostram de si o que querem mostrar. Mas o que te move a fazer isso? Já parou para refletir? Pense. Estamos acostumados a não questionar.
Essa síndrome robótica vem aumentando com o passar dos anos e, hoje, em 2035, as pessoas estão tão acostumadas a essa rotina esquisita que perdemos totalmente o dom de refletir. Veja só: essa doença começou nas grandes cidades e, aos poucos, todos ficamos em um transe comercial, onde acordamos, trabalhamos e dormimos. Fazemos coisas inúteis para comprar coisas inúteis.
Vamos voltar no tempo. Bem-vindo a 2029! Neste ano, a população mundial atingiu o auge da superficialidade da alma, e isso fez com que a economia estagnasse e despencasse, essa ficou conhecida como a Novíssima Crise de 29. Por quê? A imaginação e a criatividade, as chaves do mercado trabalhista mundial, foram extintas. O que seria da sua marca cara de roupas, se os designers começassem a pensar como amebas?
Os mais importantes representantes mundiais, ao verem esse problema, se empalideceram e foram em busca dos últimos humanos pensadores. E, assim, surgiu o Novo Olimpo. O Novo Olimpo nada mais é do que um grupo de pessoas capazes de raciocinar e sentir emoções que ditam o que os povos devem sentir. Eles foram chamados de Deuses. “Uma vez por ano é o seu aniversário, além de ganhar presentes de seus entes queridos, você precisará sentir Gratidão e Alegria”, falavam os representantes da alegria e da gratidão. Voilà! As pessoas consultavam suas certidões de nascimento e decoravam o dia em que conheceram o mundo, nesse dia, todo ano, você comemora.
Mas agora, voltando àquela questão que deixei para você refletir: o que te faz viver? A esperança. A esperança das suas tão aguardadas férias, a esperança de seu filho passar na melhor faculdade de todas, a esperança de encontrar um amor, a esperança de um mundo melhor.
Antonie Pierre é o nome do Deus que cuida de nossa esperança, ele é o homem que dá um sentido às nossas vidas… ou pelo menos era. Há exatamente três semanas e 14 horas, o Deus da Esperança desapareceu, não deixou pista alguma. Simplesmente sumiu do mapa. A sociedade entrou em outra crise, ainda pior do que a Novíssima Crise de 29, pois nessa, as pessoas entraram em desespero, com greves e mortes por todo o mundo. Sem a esperança, você não vê motivo para levantar da cama.
Este fato nos leva a duas semanas atrás, quando o governo, para tentar lidar com o caos gerado pelo desaparecimento de Pierre, lançou um desafio: quem encontrar um Novo Deus receberá uma quantia astronômica em dólares. Quando digo astronômica, eu realmente quero dizer astronômica. Uma baita estratégia, devo dizer, pois o povo recomeçou a esperançar e a buscar um Novo Deus. Cada um com seu motivo, saíram buscando um ser humano capaz de esperançar por si só.
É aí que eu entro na história. Desde pequeno, eu sinto, mas como “sentir” é um sentimento desconhecido, não sabemos o que é sentir, de fato. Quando a notícia da recompensa estourou, a desordem se instalou em minha cidade. Ficamos procurando por um ser “sentinte” por dias, até que eu me sobressaí, comecei a liderar pelotões de busca, a pensar o que um ser pensante pensaria. Eu ainda não sabia que pensar o que um ser pensante pensaria era o que um ser pensante pensaria.
Em um fatídico dia, o Deus do Estranhamento se manifestou na internet, dizendo para o povo questionar as pessoas a sua volta. Foi o que os habitantes de minha cidade fizeram. “Aquele garoto lá… qual o nome dele?”, “sabe de uma coisa?”, “O garoto da rua XV é bem intrigante, não acha?”. Todos começaram a me perseguir pela cidade, me observavam, até que um dia, eu acordei e dei de cara com uma multidão enfurecida a minha espera a frente de casa. Eles se socavam e estapeavam feito animais, eram agressivos e berravam. Tentei fugir, mas uma velhinha me pegou e me levou até a prefeitura. Depois de muita burocracia, eu fui escolhido para ser o Deus. Mas não era isso que eu queria, não. Eu tinha fé, tinha esperança que o povo poderia pensar por conta própria, mas o Novo Olimpo não era a resposta.
Depois de meses mandando as pessoas crerem em tempos melhores e nas vidas de seus sonhos, eu elaborei um plano para derrubar o Novo Olimpo. Comecei a implantar na cabeça das pessoas uma ideia, uma ideia rebelde, porém subliminar. Aquela ideia se evidenciaria na cabeça de pessoas com resquícios de sentimentos. Era uma ideia da já esquecida liberdade, onde as pessoas poderiam ser quem quisessem. Pedi para inserirem nas escolas matérias que obrigassem as novas gerações a questionar e não simplesmente a fazer. Logo, a Filosofia era apenas para os mais inteligentes. Nós começamos a questionar os Deuses. Por quê? Por que essas pessoas pensam e sentem enquanto nós apenas obedecemos?
Movimentos revolucionários começaram a surgir nas potências comerciais, e logo também nos campos de cana-de-açúcar e nas velhas fazendas de maçãs. Por fim, a queda do Novo Olimpo começou a ser inevitável. O povo pensava e sentia para agir. Com a revolução, os seres “sentintes” viraram os donos das empresas e do poder, derrubando a ditadura olimpiana. As escolas começaram a formar pessoas pensantes e as empresas ofereceram aulas de autoconhecimento. E, aos poucos, os seres robóticos voltaram a pensar.
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A criança
Ester Lisboa Cattábriga
Centro Educacional Praia da Costa - Vila Velha/ES
Esperança: palavra tão bela
Desperta a criança que em nós nunca cresce.
Que permanece, permanece em prece
Pelo futuro, que desconhece.
Pela cura deste planeta,
Das famílias,
Das pátrias
E dos corações;
Pela limpeza dos lares internos
Em que ressoam fúnebres canções;
Pelo resto de sonho
A que assiste morrer ao seu lado, tentando salvar;
Pelo raio de Sol
Que há de vir
E que o homem incrédulo induz a nublar.
Criatura que não vê barreira,
Enxerga clareira em nuvem escura.
A criança, trazendo esperança,
Dissolve em dança,
Qualquer amargura.
Porventura, centelha tão pura
Aguça em nós a atitude madura
E aventura a visão futura
Fazendo a clausura se encher de candura.
Tal centelha, em alguns tão latente,
Reside em outros em trabalho ardente.
Existente, da alma pra mente,
É a água,
O Sol quente
E também a semente.
Que enraíza contente
E se espalha evidente,
Ascendente!
Em alguém que deixar.
Persistente, a interna criança
Eterna esperança
É que faz ventar
A neblina pra longe
E anima a visão do horizonte,
Pra quem for de enxergar.
E você que se enxerga tão velho,
Dê a mão à criança,
Que te faz esperançar.
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Pedro Pescador
Rodrigo Vasques Boczar
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Pedro dependia da pesca
Pra se sustentar
Muitos diziam que Pedro
morava no mar
Com sono chegava
Às duas e meia no cais
Pois sua mãe era viúva
Há dois anos ou mais
Mesmo sofrendo com
Toda a situação
O menino nunca fechou
Seu coração
Ele encontrava consolo
Nos braços da moça
Vendo que enfim sua dor
Podia passar
Anos depois o rapaz
Que vivia da pesca
Já não olhava da mesma
Maneira pra tudo
Aquele mar que assustava
Até os adultos
Tornava-se aos olhos de Pedro
A alma do mundo
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Coragem para mudar, recomeçar e esperançar
Leticia Basso Lima
Colégio EAC - Capivari/SP
Em algum lugar nas estrelas, 1º de janeiro de 2021.
Caro 2020,
Estou escrevendo esta carta para lhe informar que finalmente nasci. Não nego que estou apreensivo em relação à minha vida. Todos colocaram muita esperança em mim. Assim, sinto que se eu desapontar, serei julgado e maltratado.
Mas eu não pretendo desapontar, pois acredito que meu ano será uma época de vitórias para muitos. Durante o tempo que te observei do céu e esperei para nascer, eu pensava sobre como seria minha vida, meu reinado; creio que tudo o que não foi possível fazer durante sua vida, a população fará agora.
Festas e festivais teremos aos montes; pessoas se encontrando todos os dias e se abraçando a cada momento serão situações rotineiras; a população não usará máscaras e luvas, pois não será necessário; shoppings voltarão a ficar lotados... Mas não podemos dizer que o mundo será o mesmo. O normal que conhecíamos se transformará em um novo normal. Todos ainda terão muitos cuidados com a higiene, muitos sairão pouco de casa, muitos ainda terão medo.
De fato, não é fácil superar uma pandemia; tudo tem sua consequência. Muitas famílias ficaram desesperadas, muitos comércios acabaram, muita gente perdeu amigos e familiares, muita gente morreu. Mas, diante de coisas tão horríveis como essas, não podemos deixar que tudo, simplesmente, se vá. Temos que ter força e aguentar. Por mais que às vezes pareça difícil, sempre há um jeito, uma luz no fim do túnel. Sempre temos a esperança, a esperança de dias melhores.
Há uma frase atribuída a Platão, “Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida”, que eu acredito que te defina. Durante essa pandemia, muitos cidadãos perceberam o que realmente era importante em suas vidas. Muitos perceberam que davam valor a coisas que, na verdade, nem tinham tanto valor. Outros tantos entenderam que não davam a mínima a coisas que eram muito importantes; e muitas dessas coisas se foram, como amigos ou familiares que morreram, pessoas com quem talvez tenham perdido o contato.
Entretanto, para minha vida, quero que todos saibam que novas coisas virão, novas oportunidades, novos momentos e novas pessoas. Para isso, preciso que todos entendam o real significado da esperança, mas não apenas na teoria. Preciso que as pessoas saiam das suas “zonas de conforto” e, na prática, busquem seus sonhos, porque, afinal, permanecer na zona de conforto não leva ninguém a lugar algum.
Para definir a minha vida, gostaria de dizer duas frases. A primeira é: “É uma falta de responsabilidade esperarmos que alguém faça as coisas por nós”, de John Lennon. Acredito que essa é uma frase muito forte e bonita; ela ressalta o fato de que para conquistar nossos sonhos, nós precisamos correr atrás deles, lutar por eles e fazê-los acontecer. Se não fizermos isso, não podemos esperar que outros façam por nós.
E a segunda é uma bela frase de Voltaire “A esperança é um alimento da nossa alma, ao qual se mistura sempre o veneno do medo”. Gostaria de comentar sobre ela e dizer que, para este ano, o medo será o inimigo do povo, muitos podem deixar de fazer coisas incríveis por medo de dar tudo errado, mas se eles não tentarem, quem vai tentar, não é mesmo?
Querido irmão, sua vida não foi fácil, mas eu prometo que serei a mudança. Eu serei o ano em que todos devem apostar; eu serei o ano em que as pessoas devem se entregar de corpo e alma; eu serei o ano da esperança, ou melhor, o ano para se “esperançar”.
Esperançosamente,
2021.
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Passarinha
Sophia Yurie Irita
Colégio Poliedro - São José dos Campos/SP
Me remexi mais um pouco na cadeira, desconfortável, ainda enrolada na coberta. Nas minhas mãos, minha xícara de chá já meio fria é distraidamente segurada enquanto minha mente viaja e, em meu âmago, as emoções são intensas. O céu nublado e poluído com estrelas artificiais das casas no horizonte é minha visão da varanda. Uma noite qualquer. Tudo aparentemente normal, igual a ontem e parecido com alguns meses atrás. Ah, nunca antes as aparências enganaram tão bem. Estamos apenas fingindo que está tudo bem, o normal perdeu sentido.
Mais do que em uma típica “crise adolescente”, estou em uma crise humana. Nada parece certo. O mundo está bagunçado, estamos em meio a uma pandemia, as corrupções políticas estão escancaradas, passamos por problemas econômicos, há crises humanitárias, há guerras e as notícias que recebemos… tão desanimadoras… Sinto-me afogando aos poucos em meio a um oceano de informações que me rodeiam. Preciso de ar. Preciso voar, sair nem que seja pelo buraco da fechadura. Mas não posso. Estamos de quarentena, precisamos nos isolar, não há para onde fugir. Além disso, internamente o mundo pode parecer ter parado para mim, porém, essa estática não se transpõe na realidade e eu “preciso” continuar. Ninguém pode parar. Devo manter o ritmo, estudar, me exercitar, socializar, viver. Nada mais parece tão fácil quanto antes. O meu coração está apertado de novo, a ansiedade e a angústia são minhas constantes companheiras atualmente. Eu preciso… preciso… Não sei bem o que eu preciso e isso apenas torna tudo pior.
Na minha imaginação, os passarinhos imaginários impossíveis de notar no corre-corre da cidade são motivos da minha inveja. Eles podem sair, voar, ir para longe daqui, fugir desse caos que nós humanos criamos. O que me falta para ser uma passarinha? No prédio vizinho, mais uma luz se apagou, pouco a pouco tudo vai ficando cada vez mais escuro. Meu passarinho voou da minha mente. Estou sozinha novamente.
Tão imersa em meus pensamentos, não percebi um movimento ao meu lado. Sorrateiramente minha gata me encontrou e pulou no meu colo. O meu susto foi tão grande que eu não consegui me mover por alguns instantes. Nervosa, olho para ela. Minha gata me olha com a certeza de um animal, despreocupada, eu relaxo. É, talvez eu não esteja tão sozinha assim. Não me seguro e solto uma risadinha. Talvez os seres humanos tenham muito o que aprender com os animais, precisamos ser mais como eles, acho, despreocupados, confortáveis consigo mesmos. É isso que me falta para ser passarinha?
Ronronando no meu colo minha gata pede mais atenção. Acaricio-a levemente, deixando-me vagar na minha mente de novo. Será que relaxar totalmente e me afastar emocionalmente é a solução para eu poder voar? Se eu fechar os olhos para o mundo, meu interior ficará mais calmo? Caso eu esqueça de tudo, serei passarinha?
De repente meu celular vibra. Na tela, uma mensagem boba de um amigo meu: “Eie, tá acordada? Queria papear…”. E por que não? Na calada da madrugada, mais de uma hora foi gasta trocando mensagens e rindo silenciosamente de besteiras. Parecia até que ele estava ali de verdade. Por um momento tudo pareceu mais fácil e leve. Quando nos despedimos, eu estava menos angustiada. Será que é por isso que passarinhos voam em bandos? Para ter uma viagem mais leve? Então estou no caminho certo, penso sorrindo para a figura adormecida da minha gata ao lado do meu celular.
Mas por que eu quero ‘passarinhar’ mesmo? Ah sim, quero voar. Quero a leveza de um passarinho, a despreocupação de um animal… Quero sair dessa loucura que os humanos criam. Quero fugir de mim… Se eu fosse menos eu talvez o mundo não me trouxesse tanta angústia, eu não me preocuparia com a pandemia ou com a violência porta afora da minha casa. Eu não estaria com a ansiedade a mil nem me desesperaria em meio ao caos que é estar em meio à crise…
Olho para minha xícara de chá. Meu chá favorito e minha xícara favorita dada pela minha vó. Isso me distrai e me faz sorrir também.... Assim como conversar sem compromissos com meu amigo pela internet no meio da madrugada sobre temas sem contexto, ou estar com a minha gata, ou poder ver a vista da minha janela no friozinho do escuro. Ou poder imaginar. Sonhar em ser passarinha, em poder voar, em poder ser livre no amanhã, em fazer meu próximo dia valer a pena, em andar na rua sem problemas… Sonhar com um próximo ano melhor, me imaginar passando na faculdade e superando os obstáculos que hoje me sufocam… isso tudo me faz sorrir. Sonhar me faz ter esperanças, alivia o peso dos meus problemas.
E com essa linha de pensamentos sem nexo, um sorriso besta nos lábios frios, eu assisto o sol nascer. A manhã finalmente chegou. Os tímidos raios de luz pouco a pouco iluminam meu dia, assim como meus sonhos, minha gata, meus amigos, minha família, minhas pequenas felicidades do dia a dia iluminam minha vida. Agora sei o que eu preciso. Meus ingredientes para felicidade estão aqui. Eles estiveram aqui o tempo todo, eu estive aqui o tempo todo. Já sou passarinha há muito tempo, já sei esperançar.
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Uma conversa sobre o mundo
Alice Cremonezi Colzato
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
PERSONAGENS
Luna
Henrique
[Luna está sentada numa mesa de um café – Henrique entra]
LUNA: Henrique, você por aqui?
HENRIQUE: Luna! Quanto tempo, hein?
LUNA [Abraçando Henrique]: E quanto! E você, por onde anda?
HENRIQUE: Ah, você sabe né, sempre na tentativa de um mundo melhor.
LUNA: Não sei por que você ainda insiste nessas coisas...
HENRIQUE [Sentando junto a Luna]: Todos nós precisamos lutar por um mundo melhor, nem se for ajudando o mínimo, esse mínimo pode se tornar gigante no futuro, principalmente nessa epidemia que está acontecendo na China.
LUNA [Um pouco irritada]: Lá vem você com suas lições de moral!
HENRIQUE: Não é bem assim, Luna. Precisamos sim nos cuidar, e fazer todo o possível para salvar o máximo de pessoas possíveis, e torcer para que esse vírus não chegue aqui no Brasil.
LUNA [Mais calma]: Tudo bem, eu exagerei um pouco. Mas, mesmo assim, o que adianta fazermos algo aqui para salvar alguém do outro lado do mundo?
HENRIQUE: Não precisa pensar exatamente assim, mas, em geral, nos protegermos contra esse vírus antes que ele possa chegar onde estamos.
LUNA: Tudo bem, tudo bem. Conseguiu me convencer. Mas essa “mudança no mundo” que você disse?
HENRIQUE: Precisamos cuidar do nosso planeta antes que seja tarde demais.
LUNA: Tarde demais?
HENRIQUE: Sim, Luna. Tarde demais. Infelizmente o planeta não está tão “saudável” quanto parece. Queimadas em florestas acontecem, poluição e mais poluição, camada de ozônio sendo rompida, aquecimento global, e isso não é nem a metade.
LUNA: Puxa, não sabia que a situação estava tão ruim assim.
HENRIQUE [Triste]: É, e se não tomarmos as medidas necessárias, essa situação pode ir de mal a pior. Por isso temos que nos cuidar, ter esperança e torcer para que isso tudo passe.
LUNA: Mas esperança? O que esperança tem a ver com tudo isso?
HENRIQUE: Tem tudo a ver. A esperança é a coisa mais valiosa que alguém pode ter. Quando se tem esperança, se tem tudo. Quando se tem esperança, se tem fé. E esses dois valores nos ajudarão a passar por tudo isso. Só tenha fé que tudo vai ficar bem. E como já diz o ditado: a esperança é a última que morre.
LUNA: Nossa, obrigada por essas palavras, Henrique. Agora sim estou começando a entender aquelas suas lições de moral [risos].
HENRIQUE [rindo]: Imagina, Luna. É sempre bom te rever e poder conversar com você.
LUNA: Igualmente! Bom, agora preciso ir para ajudar minha mãe lá em casa. [abraçando Henrique] Tchau, Henrique, até logo!
HENRIQUE: Até, Luna!
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Recomeçar
Julia Freitas Galatti
Colégio EAC - Capivari/SP
Em algum lugar resplandecente no universo, 1 de janeiro de 2021.
Querido 2020,
Quero lhe escrever esta carta, a fim de dizer que há esperança! Nem tudo está perdido! Tenho que concordar que você chegou como um furacão. Muitas tragédias aconteceram: a chegada de um novo vírus, impactante e fatal, sem a existência imediata de um antídoto; o início de uma crise econômica, política e social; milhões de mortes, perdas e um holocausto mundial. Tenho plena consciência de que sua vida, 2020, foi conturbada e intensa, mas trago-lhe à memória do que me dá esperança.
A vida é feita de erros e acertos, e tudo o que acontece de ruim pode ser melhorado. O senhor nos ensinou a ter união, força, fé, solidariedade e mais um milhão de virtudes. Em meio a todo esse caos, famílias se uniram e as pessoas aprenderam a dar valor à vida, a dar importância a cada indício de humanidade. Porque o mundo parou para refletir sobre empatia. Tenho que lhe informar que direi para todos os meus futuros colegas, os próximos Anos, que a inspiração me veio através da sua trajetória. O tal difícil e complicado caminho. Ele instruiu e esclareceu a direção da superação. Ah, a superação... Uma palavra tão significante e vigorosa, forte por sua determinação.
Quero que tenha em mente que foi necessário um vírus para desalentar o planeta e levar as pessoas a imergirem no mais complexo de todos os planetas, a mentalidade, e estimulá-las a conhecer um pouco mais sobre a vida, como uma forma de autoconhecimento e autocuidado! Foi necessário um vírus para enfim conhecerem o poder da sabedoria. Como já diria o grande Nelson Cavaquinho: “O sol há de brilhar mais uma vez”. Não se preocupe. Tenho a honra de dizer que sou o sucessor do ano 2020, um ano marcado pelo triunfo de se esperançar.
Termino, então, esta carta com um agradecimento pelo seu grande mérito em trazer a perpétua espiritualidade misturada com um toque nada sutil de vigor e ascendência.
Esperançosamente,
2021.
P.S.: O fracasso é sempre o indício de uma nova chance para o recomeço!
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Uma luz, o Sol
Beatriz Neves Yoshioka
Colégio Camões - Santa Cruz do Rio Pardo/SP
Hoje meus amigos me contaram que viram três pessoas de amarelo sendo presas no centro: mais uma tentativa frustrada de mudar esse lugar.
Moro aqui desde que nasci, assim como todos. O espaço é repartido em várias áreas, cujo objetivo é separar as pessoas de acordo com suas características físicas ou econômicas; e, dentro dessas áreas, há várias outras repartições.
Aqui é um lugar com desigualdades gigantescas; como você pode deduzir, os conflitos são incontáveis. Mas quase ninguém parece ter consciência do que se passa; é como se precisassem se conformar com a situação. Talvez seja instinto de sobrevivência, talvez tentativa de preservar a sanidade mental. Então, não olham o outro nos olhos nem mesmo são capazes de olhar para si mesmos. Nem espelho tem aqui...
Estão cegos ante o agravamento da situação. Mas há quem queira fazer algo para mudar.
Por eu conseguir perceber tudo isso, eu tenho o olhar, assim como as de amarelo. Não há como ter certeza da quantidade de pessoas que consegue ver, pois geralmente, por medo, elas não mostram, não dizem (assim como eu).
Lembro de algumas pessoas que tentaram agir para mudar esse lugar, mas, com certeza, tiveram muitas outras. Teve uma muito esperta, que observou por muito tempo e reuniu as que tinham o olhar, mas alguém a traiu e, antes que pudessem fazer algo, foram capturados.
Houve outro que tentou usar jornais; porém, com toda a censura, foi descoberto e preso. Além dessas, houve outras pessoas que, em grupo, tentaram se manifestar. Também foram presas. Mesmo que, por meios diferentes, eles possuíam três coisas em comum: queriam abrir os olhos das pessoas, nunca mais eram vistos após serem presos e usavam amarelo.
Existe uma lenda que diz que a primeira pessoa que conseguiu ver, foi até o centro, usando amarelo e começou a falar das mudanças e problemas existentes. No fim de seu discurso, ela teria dito: “Uso amarelo para lembrar que o Sol nasce todos os dias, simbolizando a chance de todos nós, um dia, podermos sentir seu calor e notar seu brilho; e, enfim, enxergamos!”.
Faz uns anos que sou voluntária na escola do centro, o único lugar aqui que une todas as áreas, literalmente o coração daqui. Nesse tempo, percebi que as crianças possuem o olhar, são inocentes e totalmente puras; nascem assim, mas crescem, sendo contaminadas por suas áreas e assim se esquecem de tudo, seguindo caminhos diferentes.
Acompanhei Luiza até sua casa, uma menina que conheci enquanto ajudava a professora na escola do centro. Desde a primeira vez que a vi, sabia que ela tinha o olhar, que conseguiria ver quando crescesse também, que era especial. A partir de então, nos aproximamos, conversamos e assim expliquei para ela sobre o poder que ela tem, pude ver nesse tempo o quão doce, curiosa, observadora e determinada ela era. Quando chegamos à sua área, vi coisas que nunca tinha visto e percebi que os problemas e desigualdades eram maiores do que eu imaginava. Não pude mais ficar parada, decidi então participar de um movimento para o qual tinham me convidado havia muito tempo, ele aconteceria no dia seguinte.
Grupos de todas as áreas andaram em direção ao centro, em silêncio, apenas com cartazes e roupas amarelas. Mas quando chegamos ao centro, havia pessoas que usaram a força para nos barrar, virou uma guerra, gritos, fumaça, barulhos. Eles atacando, e nós resistindo. Até que, de repente, alguém me derrubou e caí com o rosto no chão; estava sangrando e eles estavam me prendendo, assim como os outros. Mais uma tentativa fracassada; estava sendo levada para nunca mais ser vista.
Inesperadamente, pude escutar vários assobios como pássaros. Havia crianças de diferentes idades e áreas, que subiram no muro da escola. Luiza estava no meio delas. Todos estavam de amarelo, com a palavra “Sol” escrita em seus braços e diziam “O Sol brilha todos os dias, nos dando uma chance de enxergar”. Eles deram as mãos. Surpresa como os outros, eu sorri, pois entendi que eles são o futuro. A partir desse momento, soube que se acendeu uma luz na imensa escuridão.
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Casinha Velha com Duas Janelas 
Herbert Hamilton Gonçalves Teixeira Mendes 
Colégio Villa Lobos - Amparo/SP
Casinha Velha com Duas Janelas 
Herbert Hamilton Gonçalves Teixeira Mendes 
Ali tinha uma casinha velha
Quase na beira da estrada
Hoje está abandonada, que pena que dá!
Ali morava minha felicidade
Irmão e mãe, que saudade
Lá no céu foram morar.
Ali no terreiro
Fui entrando em desespero
Sem ninguém para conversar.
Ali senti a minha vida transformada
Olhando a minha casa fechada
Não pude mais suportar.
Ali fiquei doente
Não consegui mais cuidar
Quebraram porta e janela, mas em pé ainda está.
Ali me lembro da vozinha
Com todo o seu jeitinho
Olhando a janela, sentada no sofá.
Ali aquela cena se repetia
Ela com a mão no rosário
Sempre a rezar.
Ali na cozinha quase encostada
A velha geladeira
Foi o que puderam comprar.
Ali estava o caldeirão cor de prata
Com o puro leite com nata para eu tomar
Casinha velha de tão boas lembranças.
Ali a vizinhança vinha para rezar
Vaso enfeitado com três santos, santos padroeiros
No seu pequeno terreiro, vinham todos festejar.
Ali a tradição vinha sempre a retomar
Pipoca, amendoim e o quentãozinho afamado
Todos queriam provar.
Ali tinha moços, crianças e velhos
Todos faziam seu gosto
Já que a paz estava lá.
Ali a mamãe de sorrir não parava
Dizendo aos convidados
"Muito obrigada", que juntos rezavam.
Ali a casinha não saía do pensamento
Só me lembro dos bons momentos
Boas lembranças me traz.
Ali era para recordar
Das antigas moradias com todas as famílias
Onde tinha união e paz.
Sei que um dia desse mundo eu vou embora
Deixo gravada esta história
De um tempo que ainda esperanço voltar:
A foto da pura simplicidade.
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No meio do caminho tinha uma tempestade
Carolina Moraes Pereira
Colégio Oficina - Joinville/SC
Em meio uma tempestade
enfrentando a dificuldade
é difícil 
porém não impossível
ter esperança
como uma criança
em noite de Natal
esperando São Nicolau 
apesar de ter sido mau
esperançar
como disse Paulo Freire
é não esperar
é ir
e insistir 
sem se importar
com o falar
é acreditar
no bem
mesmo sabendo
que há o mal também.
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Chegará!
Henrique Gomes Moreira da Silva
Colégio Poliedro - Campinas/SP
Pé de vento
Chuta meu verso
Leva meu tento
Num sopro poético
E cá eu me resto, nu
Com a prosa
Glória!
Dessa pele que me veste
Me faz em rosa, à luz
Da tua aurora
Que outrora
Passara sambando
Nos impasses do
Aqui e ali
E no cinema de Caetano
Eu ouço cantando
O Sol, cheio de bossa
Trazendo nos bolsos
As boas-novas
Tambores anunciam,
No beijo tênue
Entre céu e mar
A manhã
Nasce só
Amanhã
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Quem tem esperança é feliz
Rayanne D’ávila Marçal
Colégio Vem Ser - São José do Rio Preto/SP
Em um vale distante, distante mesmo, lá nos cafundós, havia uma família de trolls. Pensa em uma família festeira, era a família dos Pedra. Nem chuva em dia de festa desanimava esse povo, porque, para eles, a felicidade estava além desses acontecimentos.
Gilda era a filha mais nova, logo depois da Poppy, Toddy, Nescau, Lupie e Daysilinda. Gilda, como todas as crianças, não parava quieta um segundo sequer. Falava mais que maritaca e mais rápido do que rio em correnteza em dia de chuva brava.
Estava um falatório danado, Gilda e as outras crianças da vila falavam mais do que antes. Por quê? Pela manhã, o prefeito havia colocado um aviso na praça sobre uma festa que iria acontecer no final de semana. No entanto, não era uma festa normal, era a festa do ano! Com todas as coisas mais legais, até o Tiago Giorc, o Troll cantor favorito da Gilda, viria para o vale cantar na festa! Todos estavam muito animados, essa festa iria animar a cidade que estava passando por um momento difícil devido às queimadas nas florestas da vizinhança.
E começaram os preparativos. Cada família ajudava em uma parte da festa, os Pedra ficaram responsáveis pela comida, é claro. A mãe da Gilda era a melhor cozinheira da vila, ela tinha um restaurante no centro. Cá entre nós, as mães da vila ficavam até com um pouco de ciúme, pois, como a comida dela era mais gostosa, todas as crianças queriam comer lá!
Tudo estava maravilhoso. Um clima de esperança e novos tempos perfumavam a vila. Chegou o dia da festa. Todos estavam felizes e cantando:
– Dias melhores pra sempre, dias melhores pra sempre!
De repente, um vento muito forte anunciou que algo ruim estava por vir. Os trolls se assustaram. O clima que, antes era de esperança e leveza, havia se tornado de medo e de escuridão, repleto de incertezas.
Um pouco depois, chegou a tal coisa ruim que o vento anunciava. Uma tempestade avassaladora, que derrubou tudo da festa e até algumas casas da vila. Pessoas perderam suas casas, machucaram-se, árvores caíram e atingiram a escola das crianças e o restaurante da mãe da Gilda. Foi uma catástrofe. Ninguém estava esperando por isso.
O prefeito decretou que todos ficassem em suas casas e que não saíssem até que tudo estivesse resolvido. Consequentemente, as aulas das crianças seriam pelos computadores, e os adultos trabalhariam em casa. O hospital da vila ficou cheio de pessoas machucadas. O medo tomava conta de todos. Mas se lembram da família Pedra, aquela do primeiro parágrafo, que não ficava triste nunca?! Como estaria agora?
Gilda, aquela menininha serelepe que não parava nunca, deixando sua mãe de cabelos em pé, estava triste e amuadinha no canto do quarto. Logo, sua mãe decidiu conversar com ela.
– Oi, Gilda, por que você está assim?
– Ah, mãe... estou tão triste. Hoje, seria a melhor festa do ano, estava todo mundo feliz, a alegria e a esperança estavam renascendo, agora, acontece isso. A alegria virou medo, e a esperança foi-se de vez. – Diz Gilda, com voz de choro.
– Oh, Gilda, eu sei que é um momento difícil, mas a parte boa dos momentos ruins é que eles sempre passam! Agora, vamos lutar contra essa tempestade e reconstruir a nossa vila. Sabe como? Nunca perdendo a esperança e lembrando, todos os dias, das coisas que nos fazem bem, da nossa família, amigos! Afinal, como diz Tiago Giorc, “Se tropeçar, do chão não vai passar. Quem sete vezes cai, oito levanta.”. A felicidade não depende do que está acontecendo ao seu redor, e sim do que está dentro do seu coração.
Gilda ficou muito feliz ao ouvir a mãe e ligou para seus amigos na mesma hora para contar o que tinha aprendido. Gilda aprendeu que a esperança e a felicidade nunca morrem, que sempre existirá algo que faça a nossa esperança renascer! Afinal, quem tem esperança, mesmo passando por momentos ruins, é sempre feliz. E você tem esperança?
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Categoria I - 6º ao 9º ano (EFII) window_15FC7CBC_0808_EA46_41A1_36C71FA4E4E1.title = 2º Lugar - Categoria III - 6º ano (EFII) window_16450D6B_0BF8_AAC2_419F_14FEA082CC66.title = Finalista - Categoria IV - 7º ano (EFII) window_164ED8A4_0BF8_6A46_4181_84AABD284873.title = Finalista - Categoria VII - 1ª série (EM) window_16540129_0BF8_DA4E_41A1_BFFB3DF63592.title = Finalista - Categoria V - 8º ano (EFII) window_16616179_0BF8_5ACE_4180_7FC4CAC035B0.title = Finalista - Categoria V - 8º ano (EFII) window_1688B1B1_0BF8_DA5E_41A1_98BE02A091AD.title = Finalista - Categoria VII - 1ª série (EM) window_168A1703_19B7_7C4D_41B5_92A5B1D3F10F.title = Finalista - Categoria II - 1ª à 3ª série EM e PV window_168A1A37_19B4_D4B5_41B4_5004577938FD.title = Finalista - Categoria II - 1ª à 3ª série EM e PV window_16DD8B89_19B7_745D_41A1_004B4A4A17D7.title = Finalista - Categoria II - 1ª à 3ª série EM e PV window_16E0FDD8_19B7_CFFB_41B1_E0B6DDA94736.title = Finalista - Categoria II - 1ª à 3ª série EM e PV window_1706F502_0BF8_5A42_41A3_BAEFA44DB7BA.title = 2º Lugar - Categoria VII - 1ª série (EM) window_170C6D7F_19B3_CCB5_41B7_AC152697E610.title = Finalista - Categoria I - 6º ao 9º ano (EFII) window_1750954A_19B5_7CDF_41B1_C09DFCC54A8B.title = Finalista - Categoria II - 1ª à 3ª série EM e PV window_17620CC9_19B5_4DDD_41B6_4BFB2D590E10.title = Finalista - Categoria II - 1ª à 3ª série EM e PV window_1769B4A1_0BF8_5A7E_4177_174BFBEB0F89.title = 1º Lugar - Categoria VI - 9º ano (EFII) window_176DF5DF_19B4_DFF5_41B3_5A80610EF663.title = Finalista - Categoria I - 6º ao 9º ano (EFII) window_177C43A5_19B5_D455_41A1_1AF25424E4E1.title = Finalista - Categoria II - 1ª à 3ª série EM e PV window_17806B96_19B5_F477_418A_9A04413C5BD2.title = Finalista - Categoria I - 6º ao 9º ano (EFII) window_179DA577_1997_DCB5_41B6_9A0D64FF4698.title = Finalista - Categoria I - 6º ao 9º ano (EFII) window_19F443C4_4223_DB59_41CE_23C6D20D18A8.title = Finalista - Categoria V - 8º ano (EFII) window_20E92C98_1AB3_4C7B_41BA_343E5CC55818.title = 2º Lugar - Categoria IX - 3ª série (EM) e Pré‐vestibular window_225ED346_1AAC_B4D7_4191_6D1B2EB0F85E.title = Finalista - Categoria IX - 3ª série (EM) e Pré‐vestibular window_226242AA_1AB4_B45F_41B1_80BAD743D556.title = 3º Lugar - Categoria IX - 3ª série (EM) e Pré‐vestibular window_228D9502_1AB3_DC4C_4183_8334E6679099.title = 1º Lugar - Categoria IX - 3ª série (EM) e Pré‐vestibular window_22BD3786_1A9D_7C57_41A7_AE353378A03F.title = Finalista - Categoria IX - 3ª série (EM) e Pré‐vestibular window_236C0B0F_1AB4_D455_419B_197A97E562E5.title = Finalista - Categoria IX - 3ª série (EM) e Pré‐vestibular window_280DBEFB_0BF8_A7C2_4191_F50856A3B6B1.title = Finalista - Categoria VI - 9º ano (EFII) window_28515BFE_0BF7_EDC2_417E_50CE4D4B05B4.title = Finalista - Categoria IV - 7º ano (EFII) window_287488C9_0BF9_ABCE_4189_0D1E8AF6AF03.title = Finalista - Categoria VI - 9º ano (EFII) window_28A8A2B0_0BF8_DE5E_4181_B930075BF000.title = Finalista - Categoria VI - 9º ano (EFII) window_28D37848_0BF9_AACE_4188_166A8534992C.title = 3º Lugar - Categoria IV - 7º ano (EFII) window_28E33238_0BFF_DE4E_41A3_1624B0C0889C.title = Finalista - Categoria VII - 1ª série (EM) window_28F61669_0BFB_A6CE_418F_94ACFD3AD765.title = Finalista - Categoria V - 8º ano (EFII) window_28F9B5EC_0BF8_65C6_41A1_F025C8C92B7D.title = Finalista - Categoria IV - 7º ano (EFII) window_290CBCDF_0BF9_ABC2_41A1_571759166BC2.title = Finalista - Categoria VI - 9º ano (EFII) window_29140DD4_0BFB_A5C6_4192_F2D9377C9CD8.title = 2º Lugar - Categoria V - 8º ano (EFII) window_2919A2C8_0BF8_DFCE_419A_730AABCEEF4D.title = Finalista - Categoria VI - 9º ano (EFII) window_292598BF_0BF8_EA42_41A1_8D596183B3A7.title = Finalista - Categoria IV - 7º ano (EFII) window_293BEEE4_0BF8_67C6_40EA_4672D14F3900.title = Finalista - Categoria IV - 7º ano (EFII) window_29422FDE_0BF9_A5C2_4184_85CE1FA22918.title = 1º Lugar - Categoria IV - 7º ano (EFII) window_29436B31_0BF8_AE5E_4180_89B404E3A997.title = Finalista - Categoria V - 8º ano (EFII) window_2952EE82_0BF8_6642_4177_2675CCB8F744.title = Finalista - Categoria VI - 9º ano (EFII) window_2953D082_0BF7_BA42_419C_A445656A43D6.title = Finalista - Categoria IV - 7º ano (EFII) window_29592C7E_0BF8_AAC2_4196_0B1CD7415722.title = Finalista - Categoria VII - 1ª série (EM) window_295943DB_0BF8_DDC2_418A_65227408B997.title = Finalista - Categoria V - 8º ano (EFII) window_29779F88_0BFF_A64E_41A0_AA9B4D501886.title = Finalista - Categoria VII - 1ª série (EM) window_29A6D579_0BF8_DACE_4188_26B696670610.title = 3º Lugar - Categoria VII - 1ª série (EM) window_29B44C49_0BFB_EACE_419F_37ACD7021614.title = 3º Lugar - Categoria V - 8º ano (EFII) window_29BAE3A0_0BF8_5E7E_41A1_BAC0DFB6F4E0.title = Finalista - Categoria V - 8º ano (EFII) window_29C0ED01_0BF8_6A3E_41A1_13E22B9AF99F.title = Finalista - Categoria VII - 1ª série (EM) window_29C8BA81_0BF9_EE3E_4180_74CE5304AF4F.title = 2º Lugar - Categoria IV - 7º ano (EFII) window_29D112CB_0BF8_BFC1_41A2_7C118EB6C009.title = Finalista - Categoria IV - 7º ano (EFII) window_29D84287_0BF8_5E42_41A1_CBC99E651767.title = 3º Lugar - Categoria VI - 9º ano (EFII) window_29E549A8_0BFF_EA4E_419B_C2C6787659FD.title = Finalista - Categoria VII - 1ª série (EM) window_29F0C3CD_0BF9_FDC6_414E_138CEDD5B1EA.title = Finalista - Categoria VI - 9º ano (EFII) window_29FC27D0_0BF8_65DE_41A0_A2532CAEE381.title = 1º Lugar - Categoria VII - 1ª série (EM) window_2A99B9C2_0808_ADC2_41A0_F102896E5A50.title = 8º Lugar - Categoria III - 6º ano (EFII) window_2AA511CC_0808_7DC6_4176_CCB9AA33F101.title = 3º Lugar - Categoria III - 6º ano (EFII) window_2AAF8044_0809_FAC6_417E_443A7D732522.title = 5º Lugar - Categoria III - 6º ano (EFII) window_2AEEDD43_0818_EAC2_41A2_D11F998A3C9E.title = Categoria I - 4º ano (EFI) window_2AEEF5C5_080B_E5C6_4194_BAB9207FD094.title = 10º Lugar - Categoria III - 6º ano (EFII) window_2B704FD0_0809_A5DE_4145_1C0779F875F0.title = 6º Lugar - Categoria III - 6º ano (EFII) window_2B785275_0808_5EC6_415C_1DF761C30D97.title = 9º Lugar - Categoria III - 6º ano (EFII) window_2BB2E590_0809_BA5E_4198_E162876D6064.title = 4º Lugar - Categoria III - 6º ano (EFII) window_2C5D5870_1A94_B4CB_41B4_06D9DA526A7E.title = Finalista - Categoria IX - 3ª série (EM) e Pré‐vestibular window_2CBE0534_030D_C023_4160_58871A8FF4F8.title = Categoria I - 4º e 5º anos (EFI) - Cartaz window_2D266A64_1AB7_D4CB_41B4_05C4F4027B05.title = Finalista - Categoria IX - 3ª série (EM) e Pré‐vestibular window_2D64B9E0_030D_C023_4168_BE6A020499D8.title = Categoria IV - 6º ao 9º ano (EFII) - Cartaz window_2DA9E44A_030A_4067_4162_C674E06ADB37.title = Categoria II - 1ª à 3ª série EM e PV - Arte digital window_2DC674DB_030E_C065_4151_7D0F00EA965E.title = Categoria III - 6º ao 9º ano (EFII) - Logotipo window_2DCB01C4_030A_4063_417F_CAD44A3A651F.title = Categoria IV - 1ª à 3ª série EM e PV - Grafite window_2DE4D446_030E_406F_416D_3136CC4D6043.title = Categoria II - 6º ao 9º ano (EFII) - Slogan window_2FCB510D_1AB7_5455_4175_B4E428BC026E.title = Finalista - Categoria IX - 3ª série (EM) e Pré‐vestibular window_2FDDA935_1AAC_B4B5_418B_E2CF8D29EAB7.title = Finalista - Categoria IX - 3ª série (EM) e Pré‐vestibular window_327E09DB_030A_C065_4179_0508F444C4B2.title = Categoria III - 1ª à 3ª série EM e PV - Logotipo window_3295F441_030A_4065_417A_A4CEF9FEE740.title = Categoria I - 1ª à 3ª série EM e PV - Tirinha, charge ou HQ window_3A909753_0336_4065_4173_E88CE46D541C.title = Categoria I - 6º ao 9º ano (EFII) - Tirinha, charge ou HQ window_63C5E924_19BC_D44B_41B4_6345048EF987.title = 7º Lugar - Categoria III - 6º ano (EFII) window_6DC18E08_19BF_4C5B_4185_DF6F2809B22A.title = 1º Lugar - Categoria III - 6º ano (EFII) window_97A2B475_1A94_DCB5_418E_2FFB9EFCED2A.title = 1º Lugar - Categoria VIII - 2ª série (EM) window_992B3494_2993_5C4B_41A9_CFCA2E07CEDF.title = Categoria III - 6º ao 9º ano (EFII) – Street. window_99787353_2E6C_D4CD_41B0_CC5C2977C0F5.title = Finalista - Categoria VIII - 2ª série (EM) window_9A45579D_2E95_DC75_41AF_17CE66A941F2.title = Finalista - Categoria VIII - 2ª série (EM) window_9AA00174_2993_B4CB_4172_10CE85EAF578.title = Categoria IV - 1ª à 3ª série EM e PV - IV - Artes visuais window_9AA08171_2993_B4CD_41AA_00939C40E359.title = Categoria II - 1ª à 3ª série EM e PV - P&B window_9AA09173_2993_B4CD_41B0_58DE702C008D.title = Categoria III - 1ª à 3ª série EM e PV - Street window_9AA10170_2993_B4CB_4192_EC50B98FBDA7.title = Categoria I - 1ª à 3ª série EM e PV - Retrato window_9AA1516F_2993_B4D5_41AA_5E769CA87134.title = Categoria IV - 6º ao 9º ano (EFII) - Artes visuais window_9AA15175_2993_B4B5_41C0_154E2AD359A6.title = Categoria I - 6º ao 9º ano (EFII) - Retrato window_9AA1D16D_2993_B4D5_41A4_F02EC6ECDC24.title = Categoria I - 4º e 5º anos (EFI) - Retrato window_9B079CF7_2E6C_CDB5_41AF_93D1100C8F6A.title = Finalista - Categoria VIII - 2ª série (EM) window_9CA58587_2997_BC55_41B6_36464EFD4326.title = Categoria II - 6º ao 9º ano (EFII) - P&B window_9FF8D4F6_2E95_5DB7_41A3_519ED67B81B2.title = Finalista - Categoria VIII - 2ª série (EM) window_E15A3CF8_2E6F_4DBB_41BF_9AC31571A7CB.title = 2º Lugar - Categoria VIII - 2ª série (EM) window_E772197A_2E6D_54BF_41BC_18988413C60D.title = Finalista - Categoria VIII - 2ª série (EM) window_E7FF8AE0_2E93_55CB_41B7_B6ECD3165C18.title = Finalista - Categoria VIII - 2ª série (EM) window_EC7D7EA5_2E94_CC55_41B1_A28729CAC3A2.title = Finalista - Categoria VIII - 2ª série (EM) window_ED26BD14_2E6D_4C4B_41B0_E10B6EEB3D35.title = 3º Lugar - Categoria VIII - 2ª série (EM) ## Hotspot ### Tooltip HotspotPanoramaOverlayArea_0C0BEDEC_3E21_CF29_41B6_0BA5CCBE2CD4.toolTip = Voltar para Fotografia HotspotPanoramaOverlayArea_0C0F4128_3E20_3729_41C4_F5AC7D54F0C3.toolTip = Desenho HotspotPanoramaOverlayArea_0D877CFD_0069_1927_4151_3DECB9C3E00C.toolTip = Voltar para Obras Literárias HotspotPanoramaOverlayArea_0D91A34F_0069_6F63_414E_9DE405C4D838.toolTip = Voltar para Desenho HotspotPanoramaOverlayArea_0D9C1CFF_0069_1923_4151_77C3917FFE27.toolTip = Vídeos HotspotPanoramaOverlayArea_0DBBAD91_006F_3BFF_4152_058B054BEA36.toolTip = Desenho HotspotPanoramaOverlayArea_0DBECD8F_006F_3BE3_4142_83D06AE22CCB.toolTip = Voltar para Fotografia HotspotPanoramaOverlayArea_0E605367_0069_6F23_413B_CA151FC5A26E.toolTip = HotspotPanoramaOverlayArea_0E61335F_0069_6F63_4125_E06E9ED13B2C.toolTip = HotspotPanoramaOverlayArea_0E61435D_0069_6F67_414B_039172B686DC.toolTip = HotspotPanoramaOverlayArea_0E614363_0069_6F23_4143_C544B2493419.toolTip = HotspotPanoramaOverlayArea_0E61A361_0069_6F5F_4159_2AA466605F60.toolTip = HotspotPanoramaOverlayArea_0E61E365_0069_6F27_4155_F56A1B63D543.toolTip = HotspotPanoramaOverlayArea_0E666359_0069_6F6F_415B_1C2C241158E9.toolTip = HotspotPanoramaOverlayArea_0E66E35B_0069_6F63_4154_C1C5D33BD965.toolTip = HotspotPanoramaOverlayArea_0E67B356_0069_6F65_4117_9FD3CD28A4A0.toolTip = HotspotPanoramaOverlayArea_738818F6_017E_402F_4186_5CA22A1E8C5B.toolTip = \ HotspotPanoramaOverlayArea_739C1CED_0176_403D_4175_80CF0782B4A8.toolTip = \ HotspotPanoramaOverlayArea_9AB8B16C_2993_B4DB_414D_D00A1A7D7E80.toolTip = Obras Literárias HotspotPanoramaOverlayArea_9ABE316A_2993_B4DF_41C1_94A0403164BB.toolTip = Voltar para o Hall ## Action ### URL LinkBehaviour_894D4E43_A5F2_F67B_41D8_696FA9F192C6.source = http://www.fotosintese360.com.br LinkBehaviour_D952AC7D_9E7D_6B15_41BE_0C4305C9B2DD.source = http://www.fotosintese360.com.br LinkBehaviour_D953FC7E_9E7D_6B17_41C5_AE91DF906297.source = http://www.sistemapoliedro.com.br LinkBehaviour_DD5389F9_9FB6_ED1D_41D2_2E67524F647F.source = http://www.sistemapoliedro.com.br